quinta-feira, 18 de março de 2021

18/03 - Quinta-Feira da Quarta Semana da Quaresma

  Ex 32,7-14 ; Sl 105 ; Jo 5,31-47


  Levando em conta a homilia do P. Paulo Ricardo, que fala do respeito humano citado por Cristo como causa da perdição de muitos e dos ouvidos moucos dos judeus. Falarei, entretanto, de outro aspecto: a idolatria do povo de Israel ao bezerro de ouro feito por Aarão e a intercessão de Moisés. Deus certamente não planejava exterminar seu povo, vinculado a Ele por uma promessa feita a quem Lho foi fiel: Abrãao, Isaac e Jacó. Mas ele contou com a intercessão de Moisés para exercer sua misericórdia para com seu povo. 

 Deus é propício pra quem lhe pede. Sua liberalidade muitas vezes está condicionada ao nosso humilhar-se diante Dele para pedir algo. Ele quer dar, mas Ele sabe que só nos fará bem se nós soubermos nos humilhar diante Dele para pedir. Claro, Moisés era o sumo pontífice do povo: não era qualquer um. Ele, nesse aspecto, também atuou como "tipo" de Cristo, intercedendo pelo seu povo junto a Deus. 

 Que isso nos ensine a pedir. Não a ser um pidão, alguém que só recorre a Deus para buscar o que convém, mas alguém que saiba interceder pelos outros, rezando por eles, e também por nós mesmos, pedindo a misericórdia que tanto necessitamos. 

 

sábado, 13 de março de 2021

Sábado da 3ª Semana da Quaresma - 13/03/2021

 Os 6,1-6 ; Sl 50, Lc 18,9-14


   O tema, por assim dizer, da liturgia de hoje, é a misericórdia divina. Quanto a esse tema, precisamos evitar cair em dois extremos: o pelagianismo e o desespero da salvação. É curioso, mas essa dupla, aparentemente tão heterogênea, vive igualmente da ausência de esperança. O pelagiano crê que se salvará pelas suas próprias forças, como se pudesse ser bom e viver uma vida moralmente correta por si mesmo, sem auxílio da nada nem de ninguém. Já o desesperado, percebendo-se incapaz de viver uma vida virtuosa, crê-se fadado a viver nessa miséria por toda a vida, muitas vezes apegando-se a subterfúgios psicológicos (como o conceito de "fé" cunhado por Lutero) para se consolar. A verdade, de algum modo, se encontra no meio e para "cima". Somos sim capazes de viver uma vida virtuosa, mas não é por nós mesmos. É preciso pedir, implorar a graça de Deus, para que Ele venha em nosso auxílio e nos dê as graças necessárias para que vivamos uma vida virtuosa, onde fazer o bem é um hábito e fazer o mal nos repugna. Ele nunca deixa de mandar as graças se nós pedimos com coração sincero e humilde. Essa é a grande questão: Deus resiste aos soberbos. Sem humildade, a graça não vem, justamente porque Ele sabe que se nós recebermos a graça sem humildade, passaremos a crer que nossa pretensa bondade é mérito nosso e somente nosso. Faremos a oração do fariseu, tão repugnante, que, segundo o próprio Jesus, "não justifica".

 Não é difícil perceber que, por trás de várias de nossas quedas, se encontra uma abertura a uma ocasião próxima de pecado. É o casal de namorados que fica sozinho, crendo-se incapaz de cair em pecado contra o sexto mandamento. É o homem feito que fala: "vou só dar uma olhadinha no facebook" e passa o dia sem trabalhar. A gravidade dos dois pecados citados não é igual, me parece, mas a queda e a miséria posterior surge porque, em ambas ocasiões, o sujeito se ensoberbeceu e se julgou "vencedor" da própria miséria por suas próprias forças! O primeiro passo para ser humilde é aceitar "onde o calo aperta", saber quais são as nossas fraquezas e, com boa vontade (de quem não quer mesmo pecar), não se dar liberdade alguma nesse sentido. O casal humilde de namorados não fica sozinho, o homem feito humilde, que cresceu scrollando ~qualquer coisa~, não se dá liberdade de "uma olhadinha" num canal do youtube. 

Essa atitude une a ação do homem que busca efetivamente que é bom, mas que sabe que é fraco. É apenas este homem que pode se colocar sinceramente diante de Deus, dia após dia, e dizer: "Senhor, sou um pecador miserável". Porque a verdade é que, mesmo tomando todos esses cuidados, mais e mais fragilidades nossas vão se tornando patentes. Precisamos aprender a ser humildes olhando para nossas próprias faltas, para que, numa cooperação entre nossa vontade e a graça de Deus (que nos sustenta na direção da Vontade Dele), possamos crescer. Assim, de queda em queda, sofrendo, mas se empenhando, buscando Nele a força para se manter fiel (e não se ensoberbecer ou se entibiezar dando-se concessões), caminharemos pra uma vida mais feliz, porque felicidade é fazer o bem constantemente, felicidade é contemplar o Bem e viver bem.

Façamos um propósito radical, nessa quaresma, de abandonar com firmeza não só o pecado... mas todas as ocasiões de pecado! Deus não nos quer medíocres. Deus nos quer santos, para que manifestemos nesse mundo a Glória Dele, que pode fazer, de criaturas frágeis e falíveis, "imagem e semelhança" Dele.

Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

 

Fariseu e publicano


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