Is 42,1-4,6-7
Sl 28: "Que o Senhor abençoe, com a paz, o seu povo"
At 10, 34-38
Lc 3, 15-16,21-22
Começamos com uma leitura do profeta Isaías. Ela começa dizendo as palavras que o próprio Deus diz para Cristo no momento de seu batismo: "este é meu filho amado...": o que torna a Epifania do Batismo algo ainda mais clamoroso! Após, Santo Isaías vai enumerando certas características do Messias que há de vir: ele não "levanta a voz, nem se faz ouvir pelas ruas", não é pela força física, das armas, que ele se impõe, e ele também "não quebra uma cana rachada, nem apaga um pavio que fumega, mas promoverá o julgamento para obter a verdade": ele chama, como brisa suave, a cada momento da vida de cada pessoa, e o faz pelo testemunho vida de um bom cristão, por uma pregação explícita, por uma dúvida existencial bem respondida, mas ele chama, e quem não responder, já está julgado, pois não há justiça fora Dele. Ele "não esmorecerá enquanto não estabelecer a justiça na terra": ora, a vida temporal de Cristo teve tempo marcado, já começou a já terminou, e, após padecer na cruz, ressuscitou e ascendeu aos céus. A coisa é que Cristo é quem anima, é "em" quem agem aqueles que pregam o seu nome, que dão testemunho de seu Amor, que pregam o escândalo da cruz, única esperança. Cristo, em seus santos, está sempre presente no mundo (e este também é um significado possível da promessa de Cristo de nunca abandonar sua Igreja, embora não seja o fundamental), e, embora eles possam ser muitos ou poucos (como parece ser o caso em nossa época), eles "não se deixam abater", pois neles brilha a luz do Espírito Santo. Estes são aqueles que, mais do que daqueles que simplesmente possuem o múnus (mas não o usam ou o usam mau), "abrem os olhos dos cegos, tiram os cativos da prisão e livram do cárcere os quem vivem nas trevas".
Cristo se fez batizar por João Batista. Em primeiro lugar, isto "elevou" o batismo a categoria de Sacramento: o gesto humano, religioso, foi elevado a categoria de sinal visível de uma graça invisível, que torna os batizados "filhos no Filho". Em segundo lugar, Cristo tomou parte em um ato dirigido aos pecadores arrependidos: o que isso nos leva a pensar? Cristo sofreu e morreu pelos nossos pecados no madeiro da cruz. A morte é o castigo pelo pecado, assim como o é o sofrimento, e Cristo sofreu tudo isto na pele. Tudo começa, ao menos no que se refere à vida pública, ali no batismo pelas mãos de S. João: ele ali atua como causa exemplar: "quem quiser se salvar, quem quiser participar e colher os méritos da minha Redenção, arrependei-vos de vossos pecados e fazei-vos batizar, assim como eu demonstrei". Ao que Ele foi batizado, desceu o Espírito e falou o Pai na névoa: "Eis meu Filho amado...": a segunda Epifania, uma segunda manifestação de Trindade. Ali Jesus é manifestado como Messias a todos quanto viram este episódio: a partir dali, discípulos passam a segui-Lo. Não faltaram sinais divinos apontando que Cristo é o salvador, e, olha só, hoje tais sinais são, se é que é possível, no mínimo tão numerosos quanto naqueles momento crucial para a história da Salvação. Só é preciso ter olhos para ver, e é salutar (até para que possamos dar aos incrédulos a "razão de nossa esperança") relembra-las, meditar nelas, para que nossa fé sempre cresça, fé que recebemos pelo batismo. Que, humildes como o Cristo, que aniquilou-se a si mesmo, possamos segui-Lo como "filho amado", renunciando a tudo aquilo que nos afasta de Seu caminho ("renunciais ao Demônio...?", como pergunta o padre no momento da renovação das promessas do batismo). Assim Ele poderá continuar sua ação que "não se deixa abater" também por meio de nós, e assim participaremos de sua vitória, da eterna alegria no céu.
Como é grande o mistério da salvação! E quão grande é nossa miséria! Dado tudo que nos foi revelado, dado todo o tesouro da Igreja, porque as vezes desanimamos, desviamos do caminho? Que, renovando as promessas do batismo, possamos também renovar nosso propósito de viver uma vida reta e santa diante do Senhor.
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