sábado, 27 de junho de 2020

Sábado da 12ª semana do tempo comum - 27/06

Lm 2,2.10-14.18-19, Sl 73, Mt 8,5-17

 Depois de um hiato de quase uma semana toda, onde fiz pouco mais do que planejar, planejar e planejar, estou de volta às meditações, espero que agora com mais constância. Liturgicamente, estamos agora pela primeira leitura no exílio da Babilônia. A situação é catastrófica: crianças morrem de fome, o templo é destruído como se fosse madeira sendo colocada abaixo por lenhadores, a cidade e seu povo é destruído. No tempo de exílio, o povo de Judá perdeu sua terra, perdeu sua autonomia, e perdeu até mesmo sua língua: o Hebraico deixou de ser língua falada pra ser "apenas" língua religiosa. É evidente que Judá caiu em virtude do pecado, da idolatria, enfim, da infidelidade ao Senhor. Entretanto, o povo de Judá em algum momento pode voltar pra sua terra, porque o mesmo Deus que pune para educar, volta depois a sua misericórdia e dá uma nova chance ao seu povo. No fim, percebemos que até os males terríveis que Ele permite também partem da sua misericórdia amorosa, que deseja que "todos os homens se salvem". No Evangelho, sobretudo, vemos Jesus Cristo curando muitos doentes, porque o mal existe no mundo, e a raiz do mal físico está no pecado (de Adão), mas Jesus Cristo se volta para nós, e a cura dos doentes e necessitados é uma figura da cura espiritual que Jesus veio nos trazer, morrendo por nós na cruz e depois mandando o Paráclito, para que Este ajude a transformar nosso coração num coração que ame a Deus como Ele merece, de modo semelhante a como Cristo amou. O mal vem, mas Jesus vem e nos cura, se nos colocarmos diante Dele. A atitude diante de um Deus tão bom só pode ser uma: colocar-nos a disposição Dele com tudo que temos, assim como a sogra de São Pedro, assim que foi curada. 

 Ajudai-nos, Senhor, a nos colocar totalmente a Vossa disposição, fugindo de tudo aquilo que atrapalha. Ajudai-me, Senhor, a ser fiel aos meus compromissos, que são o "aqui e agora" pelo qual eu posso me santificar: não são um "extra" pra além da oração, mas uma realização dessa oração, que se refere ao amor a Vós, no amor ao próximo! Peço a Vossa misericórdia, pois sou mau e infiel, mas Vós sois o Deus que salva seu povo. Eu confio em Vós Senhor, apesar de eu ser um lixo de ser humana. Louvado Seja o Vosso Santo Nome pelos séculos dos séculos.

 Evidence of Babylonian conquest of Jerusalem confirms biblical ...
A destruição de Jerusalém

segunda-feira, 22 de junho de 2020

Segunda-Feira da 12ª Semana do Tempo Comum - 22/06

2Rs 17,5-8.13-15a.18, Sl 59, Mt 7,1-5

  A mensagem da liturgia de hoje é bem direta: Deus puniu o seu povo pela sua idolatria, deportando-os para a Assíria (estamos falando do povo de Israel, não de Judá). Depois, lemos o Evangelho onde Jesus diz o clássico "não julgueis pra não serdes julgados, com a medida com que medirdes etc", o que nos relembra que a nossa posição diante da apostasia não deve ser a atitude de um revoltado, que sai anatemizando e condenando as pessoas, que muitas vezes estão desviadas porque nem sequer sabem mais qual é o verdadeiro caminho. Claro, devemos pregar a verdade, mas principalmente, procurar vivê-la até as última consequências. A mensagem do Evangelho não vem na direção, como dizem alguns progressistas, de impedir que uma pessoa veja o mal moral, mas sim que, em primeiro lugar, esse mal moral deve ser extirpado da nossa vida. Desse modo, chegamos a essa verdade aparentemente dura, mas que é verdadeiríssima: não há verdadeiro apostolado sem oração, e mais, não há agrado a Deus se não há oração. É pela oração que falamos com Deus, e é nela que Ele nos mostra o que de mau há em nós. E assim poderemos viver num caminho de salvação, ainda que sobre o povo se abata a deportação para "terras estrangeiras", como vem ocorrendo de modo gradual nessa nossa sociedade pós-cristã.

 Meu Deus, libertai meu coração das amarras do egoísmo. Ajudai-me a tratar melhor minha filhinha, tadinha, que ando tratando com tanta impaciência nos últimos tempos, utilizando o "vou ver se ficar bravo dá certo" como desculpa. Ajudai-me a fazer o que minha esposa pede com boa vontade, não com má vontade. Ajudai-me a ter mais dedicação no trabalho e também na vida intelectual, que é, junto com a Vossa amizade, a peça mais fundamental no contexto do meu plano de vida de longo prazo, um plano que deve agradar o Senhor. Ajuda-me, enfim, a submeter tudo que há em minha vida a Vós, pois Vosso jugo é suave e Vosso fardo é leve. Só em Vós eu posso encontrar alegria verdadeiramente. Quero, Senhor, seu teu escravo, teu amigo. Ajuda-me a ter-Vos sempre diante de meus olhos, a fim de que assim eu possa Vos ter como critério em cada decisão que tomo. Tende misericórdia Senhor.

 Assyrian Deportation and Resettlement: The Story of Samaria ...
O povo de Israel é deportado para a Assíria

domingo, 21 de junho de 2020

12º Domingo do Tempo Comum - 21/06

Jr 20,10-13, Sl 68, Rm 5,12-15, Mt 10,26-33

 A liturgia hodierna orbita ao redor do tema "respeito humano". Esse é talvez um dos pecados mais duros, mais difíceis de se combater, e também é um dos mais ubíquos. Seria possível passar horas aqui escrevendo sobre como o respeito humano é o pecado máximo dos cristãos de nosso tempo, mas o foco dessa meditação não é esse. É perceber como esse respeito humano se faz presente na nossa vida, dado aquilo que foi dito nas leituras.

 Na primeira leitura, vemos o profeta Jeremias num estado de grande angústia. Ele, um homem dócil, se colocou combativamente a anunciar a vinda de uma grande calamidade sobre Judá em virtude de sua infidelidade. A sua família o abandonou, seus amigos lhe viraram as costas, os grandes de sua terra o perseguiram, inclusive os sacerdotes, aqueles que eram responsáveis para oferecer culto a Deus no templo. Isso nos leva ao primeiro ponto: como é difícil permanecer firme e fiel sem a confirmação de seus pares! Se você percebe algo, se a razão te ilumina algo, se Deus coloca uma percepção em sua coração, que maravilha! Mas como é duro quando todos recusam essa verdade, e recusam não mostrando que ela está em contradição com a fé ou com a reta razão, veja bem, mas recusam por motivos arbitrários. Se alguém nos provar que algo é mau, é evidente que devemos abandonar esse algo, mas se alguém diz mas não mostra, e mais, nós vemos que aquilo é bom e que a pessoa é que está errada, então não devemos abandonar tal ideia. Mas é difícil! Nós buscamos aceitação, sobretudo daqueles que são superiores a nós. Desse modo, vendo minha pequeníssima cruz nesse sentido, eu consigo compreender o quanto essa situação deve ter sido dura pra Jeremias. Mas ele, diferentemente de mim, que sou um lixo vacilante, era um homem de profunda oração e fé em Deus. E ele suportou toda aquela ignomínia, até que tudo aquilo que ele havia dito realmente aconteceu.

 O que Jeremias defendia? A fé. Ele defendia aquilo que estava conforme a Lei de Deus, ou seja, que não era permitido praticar idolatria nem tampouco colocar as esperanças terrenas em forças políticas que são indiferentes ao Senhor. Desse modo, isso simultaneamente mostra o quanto a nova direita age de modo espúrio, colocando sua esperança em homens que amam mais a "civilização ocidental", com todos os seus vícios, que Jesus Cristo, quanto mostra que aquilo que devemos defender com tudo que temos é a fé. A fé católica reta, pura, infalível, que vem dos apóstolos e desde então vem sendo esclarecida em seus pormenores. Numa época de tão grande confusão doutrinal, numa época onde nossos superiores hierárquicos não nos confirmam na fé, numa época onde o correto é perseguido como mau e o mau é aceito como tolerável, o que nos cabe é colocar os joelhos nos chão, para sermos amigos de Deus. O que nos cabe é frequentar os sacramentos, para que Sua Graça se faça presente em nós. O que nos cabe é sofrer pelo próximo, assim o amando, a fim de nos tornarmos semelhantes ao Cristo, que morreu por nós na cruz e nos cumulou de perdão superabundante. O que nos cabe é cumprir nosso dever de estado, como marido, como trabalhador, como vocacionado à vida intelectual, como no meu caso. E cabe também a nós buscar os meios, desde que sejam justos, lícitos e conformes ao Senhor, de propagar a fé católica a todas as gentes, esclarecendo os pontos confusos e pregando-a com nossa vida. Sou leigo, e certas coisas não cabem a mim, mas, numa época de confusão, a "arrogância" de uma dada atividade é não só permitida, mas é quase que obrigatória. Ajuda-me, Senhor, a ser, dadas as devidas proporções, como foi Jeremias: alguém que coloca a propagação de tua palavra acima de qualquer vontade de agradar aos homens. Ajude-me, Senhor, a ser firme, e, principalmente, a viver uma vida virtuosa, amorosa, de entrega aos demais por meio de Vós, unindo-me a Vós, Jesus Cristo, meu Senhor. 

 Rezo, também, especialmente pelos sacerdotes, bispos e pelo Papa: que eles possam, dado o seu carisma próprio, que participa do carisma dos apóstolos cuja autoridade foi dada por Cristo, confirmar os fiéis na fé, sendo também exemplos de santidade a esse mundo esquecido de Deus. Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Icon of the Prophet Jeremiah - 20th c. - (1JE10) - Uncut Mountain ...
Ícone de Jeremias


sábado, 20 de junho de 2020

Imaculado Coração da Virgem Maria - 20/06

Is 61,9-11, 1Sm 2,1.4-8, Lc 2,41-51 

 Hoje, um dia depois da comemoração do Sagrado Coração de Jesus, celebramos o Imaculado Coração de Maria. Hoje, exatamente um ano depois da primeira missa (Corpus Christi) da pequena Marie. Nossa Senhora é a obra prima da criação: em virtude de sua "vocação" a maternidade divina, ela foi cumulada de uma superabundância de graças que a preservou do pecado original e a fez ser capaz de amar a Deus, e portanto agradar a Deus com uma resposta de amor, de um modo mais perfeito que todos os anjos e santos juntos! Nossa Senhora está em um outro patamar se comparada com qualquer outro ser humano, excetuando é claro a pessoa Divina de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nossa Senhora participou do mistério da união hipostática, pois o Cristo Jesus foi moldado em seu ventre imaculado, o próprio Deus feito homem foi gerado naquele útero que não conheceu nenhuma corrupção, pois foi levado imaculado ao céu, predatando a ressurreição da carne que há de ocorrer no fim dos tempos. 

 O quando a Virgem deve ter amado! O quando ela deve ter sido (e ainda é!) doce e amável! No filme do Mel Gibson, a Virgem é retratada como uma mulher de olhar desconcertante, tamanha a sua superabundância de graças. É como se, ao ver tamanha pureza e amor, o ser humano marcado pelo pecado tomasse consciência de sua miséria, dando assim o primeiro passo na direção à conversão, que é o da humildade de se perceber insuficiente. Ó Virgem, que não dizeis senão "fazei tudo que Ele (Jesus) Vos disser", rogai a Deus por nós. Ajuda-nos a amar. Ajuda-nos a viver para Jesus Cristo, e a tudo suportar na fidelidade a Ele, assim como Vós, Senhora das Dores, suportaste ver seu filho único pregado na cruz, com grande sofrimento, mas nem por um momento se revoltando contra Deus. Aquele coração transpassado por uma espada nunca fez nada senão agradar ao Senhor, confiando nele a todo momento. Que o nosso coração possa, com a graça, ir se tornando assim, manso e humilde, como é o coração do Vosso Filho, e que em tu, ó santa Mãe, tem a melhor imitação. Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

As condições para o triunfo do Imaculado Coração de Maria em 2020 ...
"E, por fim, meu Imaculado Coração triunfará"

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Solenidade do Sagrado Coração de Jesus - 19/06


Dt 7,6-11, Sl 102, 1Jo 4,7-16, Mt 11,25-30
 Hoje celebramos o Sagrado Coração de Jesus. Deus, perfeita unidade na Trindade, sem confusão de pessoas, sem separação da essência, que é uma só, a Divina. Esse Deus é "Amor", como diz São João Evangelista, e ele o é por "essência". Deus é o "existente" por "essência", é o "ser" por "essência", e "ser" é "doar-se" como diria Xavier Zubiri, e "doar-se" é propriamente o que é o amor. Ora, dado que Deus existe necessariamente, e dado que Ele é amor, e sabendo que pra haver amor é necessário haver doação, é necessário que Deus seja não "uma" pessoa, mas "várias", no caso três, o sabemos pela fé. Como Deus poderia amar desde a eternidade se Ele vivesse numa eterna solidão? Deus, depois disso, doa um ser "participado", criando coisas do nada. Nós fazemos parte da criação. Não temos o ser de Deus, senão que participamos desse Ser. Ora, nós, livremente, "naufragamos", colocando-nos contra Nosso Senhor. O homem se tornou inimigo de seu fundamento, o que é uma grande desgraça. Como pode o homem viver de acordo com sua "causa final" se ele é inimigo dela? Deus doou do nada um ser participado à criação, amorosamente, e a nossa resposta foi de desprezo. É uma ofensa infinita, pois ofende Aquele que tem dignidade infinita. Alguns homens se arrependeram, mas não era possível fazer nada a não ser implorar a misericórdia. E a "misericórdia" veio ao mundo, a Segunda Pessoa da Trindade se encarnou, e se fez homem como nós, para doar sua vida e padecer das mazelas do sofrimento e da morte, por amor, a fim de usar o instrumento humano como ferramenta da salvação do próprio gênero humano. Jesus, que é Deus e homem, amou como homem a Deus como Deus merece ser amado pelos homens, e com isso, amou a nós também como nós devemos amar uns aos outros. Ele nos amou de modo perfeito com um "coração humano". É propriamente esse coração que adoramos fervorosamente nessa solenidade de hoje. É o coração de Cristo, um coração humano que ama a Deus como Ele merece, e que ama aos homens como nós homens devemos amar uns aos outros. Um coração humano fez isso, e é ter um coração assim que é a nossa meta, no fim das contas! Pela graça, pela oração, pela frequência nos sacramentos, pela busca da santidade, pela penitência que nos faz vencer as más inclinações e nos coloca diante de Deus... tudo isso, na humildade de se colocar diante do Senhor, é instrumento para que Deus transforme a nossa vida, e transforme esse nosso coração de pedra num coração de carne que ama a Deus verdadeiramente, como foi o coração de Nosso Senhor Jesus Cristo.

 Que no dia de hoje possamos adorar verdadeiramente esse Sagrado Coração, que, no final das contas, nos mostra o grandiosíssimo esplendor de amor que Deus deseja que nós vivamos, não passivamente, simplesmente "sendo amados", mas ativamente, respondendo o amor desse Deus que nos amou por primeiro e que deseja que nós O amemos e amemo-nos uns aos outros. O Senhor quer que sejamos santos, e justamente, ter um coração semelhante ao de Cristo é uma definição de santidade. Coragem! O caminho é árduo, mas Deus prometeu que ajudaria a carregar o fardo d'aqueles que se mantiverem fiéis a Ele. Ajudai-nos, Senhor, a permanecer fiéis a Vós. 

 Sagrado Coração de Jesus, venha a nós o Vosso Reino.

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Deus amou tanto o mundo

quinta-feira, 18 de junho de 2020

Quinta-Feira da 11ª Semana do Tempo Comum - 18/06

Eclo 48,1-15, Sl 96, Mt 6,7-15

 A plena realização de nossa vida se dá no fazer, a todo momento, a vontade de Deus. As vezes, se abate sobre nós uma "preguiçosa preguiça", que nos faz desanimar de tudo que é árduo, buscando então dissipação em qualquer coisa que apareça pela frente. E essa própria dissipação entorpece a nossa alma e nos joga num estado de apatia, o que poderia ser suficiente para garantir a tal atividade uma pecha de "droga". Esse entorpecimento da mente e da alma leva o homem a "desanimar" de buscar aquilo que outrora era o motor mesmo de sua vida, e que é, no caso dos católicos (e, particularmente, no meu caso), o cumprimento pleno da vontade de Deus que nos impele a fazer o que for necessário para ser aquilo que devemos ser perante Ele. Esse é um perigoso ciclo vicioso que só se vence com um ato de violência, que bate de frente com esse confortável torpor que torna cinza, macia e tediosa uma vida que, por dever se uma vida de serviço a Deus, deveria ter contornos coloridos, pontiagudos, violentos e impressionantes.

 A isso nos leva a leitura do Eclesiástico, que fala das façanhas do profeta Elias, tão grande quanto Moisés, um dos dois que apareceram a Cristo na Transfiguração. Foi uma vida de entrega a Deus. Ele não ficou, como disse São Jerônimo, a fazer "sacos de juta pra encher a barriga", e sim se entregou totalmente a Deus, batendo de frente com reis, ressuscitando mortos, alimentando paupérrimos e desqualificando Baal e seus sacerdotes. No fim, foi elevado a Deus num turbilhão de fogo. Que vida fantástica, que convite ao heroísmo de nossa parte! Muitas vez confundimos a "santidade nas pequenas coisas" como uma espécie de "acomodar-se". Até nas pequenas coisas, até nas circunstâncias banais de nossa vida, somos chamados a agir violentamente de acordo com a Vontade de Deus, com a graça que nos impele se nós deixarmos: uma vida banal assim ganha contornos impressionantes, pois a santidade é algo que eleva o homem pra além do patamar do "homem comum", do "homo vulgaris". O que queremos de nossa vida? Dados os talentos, enterra-los para viver uma vida vulgar, ou, em comunhão com Deus, multiplicar esses talentos por meio de uma vida  doada? Entenda aqui que "doar" não é tomar dos outros suas tarefas por bondade, ao menos não só isso, é cumprir também escrupulosamente e amorosamente todos os passos necessários na direção de um melhor cumprimento da Vontade do Senhor. Fugir da rotina é um ato de desamor!

 Mas, é bem óbvio que, por nós mesmos, não temos forças para fazer isso. O Evangelho de hoje mostra-nos Jesus, que nos ensina a rezar o Pai Nosso, a oração que sintetiza todas as demais orações ao Pai celestial. A oração é "conversa" com Deus, uma conversa de um escravo para com um Senhor, mas também de um amigo para outro amigo. Jesus Cristo nos eleva ao nível de "filhos" e "amigos" por participação no Eterno Amor e na Eterna Filiação. Se conversarmos com Deus, nossos caminhos ficarão cada vez mais claramente discernidos, e daí saberemos pra onde caminhar. Mas, para tal, nossa mente não pode se encontrar entorpecida pela scrollagem de wikipedias & redes sociais. É impressionante, mas essas coisas efetivamente embotam a mente e tornam impossível uma boa oração, tornam impossível um espírito de silêncio que a favoreça, e tornam também impossível o mesmo espírito de silêncio que é imprescindível à verdadeira atividade intelectual. 

Então, no dia de hoje, eu Vos peço Senhor, que me ajude a rezar mais, e me ajude a não mais ler coisas levianamente, alimentando por uma "curiositas" que é mais uma concupiscência que qualquer outra coisa, e que embota a mente e torna a oração impossível. Ajuda-me, Senhor, a entrar nos eixos e fazer a Tua Vontade a todo momento. Tende misericórdia de mim, que sou tão pecador e inconstante!

 elijah and the chariot of fire - Yahoo Image Search Results | Arte ...
Elias na carruagem de fogo, rumo aos céus, a voltar perto do Juízo


terça-feira, 16 de junho de 2020

Terça-Feira da 11ª Semana do Tempo Comum - 16/06

1Rs 21,17-29, Sl 50, Mt 5,43-48


 Hoje é a aniversário de um ano da minha "primogênita" Marie, e essa data se dá num contexto no qual, novamente, eu me sinto um tanto quanto perdido a respeito do que eu estou fazendo de minha vida. A liturgia de hoje é uma liturgia penitencial, que tem, de certo modo, a conversão dos inimigos como tema principal. Na primeira leitura, Elias promete castigos terrível a Acab e Jezabel. Acab, percebendo a sua culpa, se vestiu de pano de saco e cilício e fez penitência. O Salmo de hoje é o Salmo 50, o Salmo penitencial por excelência, que antigamente era rezado por alguns como "ato de contrição" antes de se confessar (eis um hábito salutar). No Evangelho, Cristo nos exorta a rezar pelos nossos inimigos, desejando pra eles o bem, para que assim possamos nos tornar "filhos do Pai que faz nascer o sol sobre bons e maus". 

 As vezes até os amigos e os amados são objetos de nossa ira, de nosso mau-trato. É claro que a mensagem de Cristo tem um significado literal, mas por vezes, como ensina o Padre Paulo Ricardo, o inimigo "is around the corner", é a sua esposa que está com a cara estranha, é a sua filha que não para de subir na cadeira e de encher seu saco, rasgando suas folhas. E, hoje, no aniversário da pequena, tal mensagem é muito pertinente, pois eu as vezes não a trato com o amor que lhe é devido. Onde está o exemplo de calma e mansidão, se eu grito com ela com ela faz arte ou quando ela própria está gritando a revelia? E isso se estende também a Dani, a qual eu trato pior quando ela já está chateada, ou seja, quando ela mais precisa de meus cuidados! É curioso, mas só é possível amar os "inimigos" de ocasião se o amor a Deus se encontra pra além dessa necessidade de buscar aprovação humana, se a vontade de agradar a Deus sendo pacífico e bom for pra além daquela "auto-consideração" que nos leva a achar que os outros nos devem algum retribuição e que as crianças nos "devem" bom comportamento naturalmente, sendo elas também marcadas com o pecado original! É nesse tolerar com amor e calma que eu poderia exercer, verdadeiramente, a caridade cristã nesse contexto. 

 Mas eu sou mau, Senhor, e fui mau. Judiei daquelas pessoas a quem amo, quando elas se apresentam como "inimigas". Tende misericórdia de mim, pois pequei, mas reerguei-me, para que eu possa agir de modo santo. Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo. 

Santa Teresinha do Menino Jesus, intercessora dos missionários
Foi no dia de hoje que nasceu a minha filha Marie Therese, mesmo nome de batismo de Santa Teresinha do Menino Jesus

segunda-feira, 15 de junho de 2020

Segunda-Feira da 11ª Semana do Tempo Comum - 15/06


1Rs 21,1-16, Sl 5, Mt 5,38-42 

 Na liturgia de hoje, vemos a cruel e ímpia Jezabel em ação, usando de mentiras e ardis para levar Nabot de Jezrael ao apedrejamento a fim de que Acab, rei, pudesse tomar sua vinha. É uma injustiça que dói. No Evangelho, Cristo ensina que devemos "dar a outra face". Como é isso? É um espécie de masoquismo? É uma espécie de frouxidão? Qual o fundamento do dar a outra face? E dar a outra face, então, se revela não como uma espécie de pacifismo despropositado e passivo, e nem exige que façamos outros sofrer pela nossa falta de reação: é na verdade uma atitude que exige uma grande força, que só pode partir da Fonte infinita de graça que é Deus. Não devemos "dar a outra face" quando isso prejudica outros que dependem de nós, até onde me parece, mas se alguém vem e nos ofende, nos injustiça, nos trata mal, a melhor maneira de responder, o modo mais desconcertante, é não devolvendo (como sempre faço com minha esposa, infelizmente) a grosseria e a injustiça com outra grosseria e outra injustiça. Dói, porque é o nosso orgulho que é ferido. Queremos sempre ficar por cima da carne seca. Mas, ao olhar a cruz de Jesus Cristo, ao olhar o Deus de amor ensanguentado, injustiçado até a morte, e livremente entregue a essa mesma injustiça, nós percebemos que, se quisermos nos unir a Jesus, esse é um dos melhores caminhos. Nós não merecemos nada a não ser humilhações e ignobilidades. Cristo só merecia louvores, e foi crucificado : nós merecemos algo melhor? Acaso o servo é maior que seu Senhor? Nós, pecadores, não merecemos a humilhação e a injustiça, por acaso, nós que viramos as costas pra Deus e agimos com injustiça para com Ele? 

 Nesse dia, Senhor, ajuda-me a aceitar com paciência todas as provações e injustiças que forem colocadas diante de mim. Faz-me humilde e penitente, Senhor! Quero viver com o coração em Vós!

 Nossa Senhora da Conceição Aparecida, rogai por nós que recorremos a vós!

Nabot – Wikipédia, a enciclopédia livre
Nabot sendo injustamente apedrejado e morto em virtude do ardil de Jezabel

domingo, 14 de junho de 2020

11º Domingo do Tempo Comum - 14/06


Êx 19,2-6a, Sl 99, Rm 5,6-11, Mt 9,36-10,8
 Os textos da liturgia desse domingo são muito belos, e, deste modo, fica até difícil saber acerca de que, exatamente, eu meditarei. Mas acho que a grande mensagem que é passada é a de que Deus, ao nos ver nessa nossa miséria, se apiedou de nós e veio nos salvar, fazendo-nos elevar, pela graça que vem de graça mas que também é proporcional à nossa resposta de amor, a uma condição de quem ama a Deus e portanto deseja ficar com Ele o resto da eternidade. Após o pecado, que é uma ofensa que nos fez inimigos de Deus, Ele não nos abandona, Ele progressivamente vai, por meio de alianças, buscando que nos reconciliemos com Ele, de modo que, em Cristo, a ofensa infinita de Adão e do homem contra Deus é expiada num sacrifício de valor infinito, "mais infinito" que o peso do pecado (pensemos na cardinalidades dos inteiros/racionais x cardinalidade dos números reais), numa entrega de um Deus que se fez homem para que, usando a humanidade, pudesse como homem amar como nós deveríamos amar a Deus e aos outros. Éramos inimigos de Deus, e ele se rebaixou ao nosso nível, se compadeceu de nós (como diz o Evangelho) e derramou seu sangue por nós. 

 Conseguimos imaginar isso? Conseguimos nos compadecer de alguém que fez "mal" pra nós, que nos ofendeu, que nos tratou com profunda ingratidão? Conseguiríamos, mais ainda, morrer, derramar nosso sangue por essa pessoa? Pois foi isso que Cristo fez, como um rei que se despoja de sua pompa e vai viver com pobres camponeses, trabalhando com eles até morrer por esgotamento de suas forças. Claro, a analogia é imperfeita, pois Deus está infinitamente acima dos homens, enquanto um rei é só um homem como os outros, mas dotado de mais poder e portanto mais responsabilidade pelo que lhe foi dado por parte de Deus. 

 A verdade é que, para seguirmos a Cristo, precisamos, é claro, obedecer os mandamentos, mas ir além. Precisamos amar, e amar em cada instante de nossa vida. É saber ser justo e caridoso com aqueles que são injustos conosco. É fazer da relação familiar uma relação de dois que se doam pelo outro, não uma luta de dois poderes com vista a dominar o outro. É fazer do trabalho um ato de doação das forças e do intelecto, no sentido de buscar o sustento da família e a santificação pelo suportar das vicissitudes do trabalho, que por vezes é árido e nada agradável. É colocar-se diante de Deus mesmo sem vontade, é viver uma vida cheia, cheia de entrega, sem barganhas, sem negociações, pois Cristo não barganhou, Ele se doou inteiramente por nós na cruz. Que cada momento de nossa vida seja uma ocasião não de auto-afirmação ou de auto-indulgência, mas de "auto-doação". Que, pela graça, de joelhos no chão, clamando a misericórdia de Deus se deu tudo sem receber nada, possamos viver cada ato, cada momento, com entrega total a Jesus Cristo, Nosso Senhor. Que tudo façamos ou para nossa santificação pessoal, ou para manifestação da Glória de Deus, ou para conversão dos pecadores. Que a nossa vida gire em torno disso, pois, no frigir dos ovos, é isso que podemos dar "de volta" a Deus, não porque Ele precise, mas porque Ele merece e é bom e redentor "darmos" a Deus de volta aquilo que Ele nos deu de graça: nossa vida, nossas forças, tudo que temos. A messe é pouca, mas é o que tem, então façamos a nossa parte!

 Que o Senhor tenha piedade de nós. Nossa Senhora das Dores, que não disseste "e eu, como fico" ao ver seu filho unigênito na cruz: rogai por nós!


File:Gérôme, Jean-Léon - Moses on Mount Sinai Jean-Léon Gérôme ...
Moisés no Sinai, por Jérome Jeán-Léon



sábado, 13 de junho de 2020

Sábado da 10ª Semana do Tempo Comum - 13/06 - Santo Antônio

1Rs 19,19-21, Sl 15, Mt 5,33-37 

 Após a primeira leitura, onde Eliseu atende sem pestanejar ao chamado de Elias, que é um chamado de Deus, lemos o Evangelho, onde o Senhor fala sobre os juramentos e professa aquele clássico versículo: "seja o seu sim sim e o seu não, não". Que falta faz esse "fio do bigode" que expressava tanto a honra de um sujeito quando a sociedade ainda tinha, apesar de infelizmente já viciosa, ainda um fundo católico! E não digo isso pra criticar os outros, mas sim a mim mesmo. Quantas vezes afirmei levianamente que ia fazer alguma coisa e depois percebi que seria (quase) impossível realiza-la! Quantas vezes eu disse que ia fazer algo e não fiz, porque fiquei, vejam só, com preguiça! Hoje não se pode contar com o "sim" de ninguém, mas o primeiro passo é perceber o problema em nós mesmos. É vigiar o que se fala, vigiar o que se afirma, e não se afirmar o impossível. É nos conhecermos, para que nossa boca não profira falso testemunho, mas apenas a verdade, pois o nosso Deus é "Verdade". E ninguém vai ao Pai senão por Ele.

 Que, nesse aspecto e em todos os outros, possamos ser como Eliseu, que, interpelado pelo chamado de Deus, assa todos os seus bois, dá a carne aos seus e segue em missão. Que a nossa entrega seja total e completa, sem reservas. Deste modo, que o Senhor não me pegue mentindo ou afirmando o impossível de novo, a fim de que eu possa, a exemplo de Santo Antônio, agradar ao Senhor. 

 Claro que, falando assim, parece que eu presto! Eu sei, Senhor, que não presto pra nada. Eu sei que meu coração muitas vezes se afasta de Vós. Eu sei que perante qualquer descuido todo essa bonita entrega ao Senhor se dissolve na preguiça ativa da scrollagem ou coisa similar. Eu sei que muitas vezes me falta a paciência, o vigor e a força de vontade. No fundo, falta amor, e é amor a Vós e ao próximo. Por isso, Senhor, tende-me misericórdia de mim, Eu não valho nada, mas, para Vós, eu vali alguma coisa, e não foi coisa pouca, foi o Vosso Sangue, de valor infinito. Ajuda-me a dar valor a isso, de modo que eu aprenda a me entregar a Vós e ao próximo como Vós vos entregaste por nós. E que eu possa rezar mais. Me dissipar menos. Repousar mais meu coração e minha'lma em Vós. Eu, como homem católico, tenho o privilégio de poder falar Convosco. O que faço com tal privilégio?

 Santo Antônio de Pádua, cujo sim era sim e cujo não era não, martelo dos hereges, rogai por nós!

 Santo Antônio, doutor da Igreja
Vai sair curso sobre a vida desse grande Santo no site do Pe. Paulo Ricardo!

sexta-feira, 12 de junho de 2020

Sexta-Feira da 10ª Semana do Tempo Comum - 12/06

1Rs 19,9a.11-16, Sl 26, Mt 5,27-32 

 Na primeira leitura, o profeta Elias responde a Deus, que não aparece nos vendavais, terremotos os fogaréus, mas na brisa suave. Em geral, a ação de Deus no mundo é sutil, Ele não se mostra pra nós tal como Ele é, mas está presente doando um ser participado no seu Ser a absolutamente tudo que existe, pois é Ele que fundamenta e sustenta cada uma dessas coisas na realidade, sem, é claro, que essas coisas sejam "parte" Dele: são de fato criadas. Esse Deus que tudo sustenta se encarnou na pessoa de Jesus Cristo, e Ele deixou para nós a Santa Igreja, na qual podemos entrar em comunhão com Ele. Jesus Cristo, no Evangelho de hoje, fala do adultério, mostrando que olhar desejando já é adulterar, e casar com um divorciado é adultério, pois o que Deus uniu, o homem não separa. É sempre pecado. Sem entrar no mérito do grande sofrimento e dificuldade de quem se converte num estado de adultério, com filhos e tudo mais, percebemos como as palavras de Jesus são claras como água. Casar "de novo", ir morar junto com outro sendo casado com um, é pecado, é adultério, é um ataque frontal ao sexto e ao nono mandamento. E aqui entra a grande questão do quanto se torna deturpado o conceito de Igreja quando se deixa de perceber o que ela é, e ela é depositária de uma verdade imutável. Por isso, erram aqueles homens que colocam a "obediência" acima de tudo, mesmo quando tal obediência é a um superior hierárquico, sem dúvidas, mas que fala por ele, não fala pela Igreja, e não confirma a fé, mas a nega. Senhor, que a verdade iluminada pela fé, pela fé da Igreja, e vivenciada na caridade, seja o critério último de todos os meus atos. Que eu não peque contra a verdade, nunca, nem sequer pra ser aceito, pra ser bem quisto por aqueles que me são superiores, que, apesar de serem homens de Deus, também são humanos, e "antes agradar a Deus que aos homens". Verdade conhecida, verdade obedecida! E protegei, Senhor, meus olhos, para que eu não caia em tentação, para que eu não cometa adultério com meus olhos. Tende misericórdia Senhor, para que eu possa perceber essa "brisa suave" que sopra em nossos corações, a fim de que eu nunca me esqueça de que todos os meus atos devem ser para Vós. 

 Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

 The Cave of Elijah at Mount Sinai - Jabal Maqla
Santo Elias na caverna

quinta-feira, 11 de junho de 2020

Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo - Quinta-Feira - 11/06

Dt 8,2-3.14b-16a, Sl 147, 1Cor 10,16-17, Jo 6,51-58 


 Hoje celebramos o Corpus Christi, a memória do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo, a festa da Eucaristia, do Cristo que se esconde nas espécies de pão e vinho a fim de se fazer alimento, "Pão vivo que desceu dos céus", para nós, para nosso alegria, para nosso doce júbilo. Fomos a missa na Paróquia São Sebastião, que, de modo honradíssimo, celebra a portas fechadas mas não trancadas nesse tempo de pandemia. Eles não deixaram de acudir aos seus, e tampouco fizeram distinção entre "conhecidos" e "desconhecidos". Que o Senhor abençoe todos os padres que de lá fazem parte. Também agradeço a Deus pela vida do Padre Jonas da Nsa. de Fátima, que também manteve as portas abertas para nós. 

 O Corpus Christi, em que eu participei em família da Santa Missa pela segunda vez desde o fechamentos das igrejas, foi, no ano passado, a primeira Santa Missa da Marie, na qual ela tinha apenas 4 dias de vida. 3 dias depois, ela foi batizada. É uma celebração que dá testemunho daquele que é mais que um milagre, é um Mistério, e que acontece diante de nossos olhos em cada Santa Missa: a transubstanciação, a transformação daquele pão, daquele vinho, no Corpo e no Sangue de Jesus Cristo. A Segunda Pessoa da Santíssima Trindade rebaixou-se, "assumindo a condição de servo" e se tornando um ser humano, sujeito às intempéries, sujeito até a morte, igual a nós em tudo, exceto no pecado. Essa pessoa divina, Jesus Cristo, morreu por nós na cruz pelo nossos pecados, mostrando-Nos o que é o amor, mostrando-nos o que significa "entrega", derramando seu preciosíssimo sangue num holocausto de valor infinito, infinitamente suficiente para lavar a ofensa infinita de nossos pecados contra Deus. Para assumirmos essa salvação, para participarmos dessa redenção, devemos "tomar a nossa cruz e seguir a Jesus Cristo, deixando a nossa miséria aos pés dele e abraçando a graça que vem do Espírito quando nós percebemos a nossa insuficiência. O modo mais perfeito de receber tal graça é colocando-se de joelhos diante do ministro sagrado, que coloca em nossas bocas a Sagrada Comunhão, que é Cristo mesmo, em Corpo, Sangue, Alma e Divindade. Cristo, que sendo Deus tornou-se homem, assumindo a condição de servo, torna-se menos ainda para nosso benefício, torna-se pão, objeto inanimado, muito menos "perfeito" na ordem da criação do que é o homem. Torna-se, então, sujeito a profanações, a incredulidades, a sacrilégios, e seu Sagrado Coração com isso se entristece, mas se alegra muito mais por aqueles que O recebem bem, caminhando na direção à santidade, que é um conformar do coração ao Sagrado Coração. E é por amor que ele se fez pão para nós, é por Ele querer nosso bem, é por Ele querer nossa salvação eterna, é que ele se fez pão, frágil pão, pão que alimenta nossa alma nesse deserto que é o mundo que "jaz no maligno", como o maná alimentava o corpo dos judeus naqueles duros 40 anos de deserto, no caminho pra terra prometida que prefigura o céu, no caminho para a Jerusalém terrestre que prefigura a Jerusalém Celeste, onde "toda lágrima será enxugada". Ajuda-nos a Vos amor, Senhor. Vinde em nosso auxílio, ó meu Deus, socorrei-nos sem demora. 

 Que o Senhor todo poderoso seja honrado e adorado em todos os sacrários do mundo, no dia de hoje e em todos os dias até o findar dos séculos. Amém.


 
Pio XII numa procissão com o Santíssimo Sacramento

quarta-feira, 10 de junho de 2020

Quarta-Feira da 10ª Semana do Tempo Comum - 10/06

1Rs 18,20-39, Sl 15, Mt 5,17-19

 Na primeira leitura, vemos a disputa de Elias com os profetas de Baal, e a manifestação de Deus como o único Deus verdadeiro. Ela nos leva ao pensamento: "e se Deus se manifestasse desse modo? As pessoas não se converteriam?". Ora, o próprio povo de Israel, ainda que alguns tivessem se convertido em virtude daquele fogo que caiu do céu, logo tornou a cair na idolatria. E percebamos que a manifestação de Cristo na Igreja e tudo que foi feito por Ele por meio da mesma Igreja transcende infinitamente a grandeza de um fogo que cai do céu pra queimar um carneiro esquartejado. E as pessoas continuam infiéis. Muitas vezes achamos que todas as pessoas que se encontram afastadas de Deus são meramente ignorantes, não sabem que Ele é Deus, não sabem que suas vidas devem ser devotadas a Ele, e que se converteriam e se colocariam diante Dele se fossem convencidas. Isso é uma falsidade: a maioria das pessoas não crê porque não dá o passo da fé, porque não quer se sujeitar, porque não quer nem cogitar a possibilidade de ter que mudar de vida, ainda que a pessoa esteja triste e perdida por viver esse mesmo estilo de vida. Olhemos o coronavirus, é um castigo do céu para a conversão dos pecadores, mas a maioria não se converte, os corações estão endurecidos. A própria hierarquia age e fala de modo vago e desencarnado no que concerne a essa pandemia. Explodem revoluções e anarquias, pessoas são mortas, pessoas recebem em casa pílulas para matar seus próprios filhos no ventre. Prossegue a promiscuidade, prossegue a vileza, prossegue a inveja, as rixas, o rancor, o egoísmo, egoísmo que é a antítese mesma do amor ágape, que é o "entregar", não o tomar para si.

 Enfim, Senhor, ajuda-nos a ver Teus sinais a fim de que nos convertamos à tua Lei, acerca da qual disseste que "nenhuma vírgula passará". Ajuda-me, Senhor, a amar-Te, a fazer o que é de Tua vontade, a cumprir minhas obrigações, a ser bom e generoso, a voltar sempre meus olhos a Vós, que sois o sentido de tudo que eu faço. E tende misericórdia de nós, que estamos nesse mundo que jaz no maligno e não se importa convosco. Ajuda-nos a permanecermos fiéis até o dia de Vossa manifestação e para todo o sempre também. Não deixeis que nos desviemos Senhor, e perdoai nossas faltas!

 Elias Enfrenta os Sacerdotes de Baal
Elias enfrenta os sacerdotes de Baal

terça-feira, 9 de junho de 2020

Terça-Feira da 10ª Semana do Tempo Comum - 09/06

1Rs 17,7-16, Sl 4, Mt 5,13-16


 A primeira leitura de hoje é a famosa história de Elias e a viúva. O Evangelho é o de "candeia debaixo do alqueire". Dado isso, insiro no contexto da liturgia minha vida pessoal, profissional, eu diria. A tempos venho batendo cabeça na parede sem sucesso, me dedicando totalmente àquilo que meu orientador deseja que eu aprenda até o fim do curso de Many-Body, mas tenho a terrível impressão que ambas as coisas estão espetacularmente atrasadas. Ademais, parece que é por incompetência minha, porque não me parece estar presente tal desespero na conduta dos outros alunos do curso. Egues está a quilômetros na minha frente, eu que nem sequer entendi funções de Green direito. E elas já estão esquentando, e a soma de Matsubara já foi apresentada! É uma tonelada de coisas que se acumulam, que se amontoam sobre mim, e eu, sendo o que sou, muitas vezes não em sinto compelido pelo desafio ou constrangido pela necessidade que tenho de cumprir essa (grande) obrigação, mas, em virtude do tamanho do desafio, em virtude do tamanho do paredão que devo escalar, acabo me sentando no canto e olhando pra cima, desolado, enquanto o paredão só faz crescer mais ainda em virtude de minha perda de tempo. Esse paredão me estressa, me irrita, e, como consequência última, me deprime, me entristece. É óbvio que tudo isso é quase uma futilidade, mas Jesus Cristo nunca especificou o tamanho da cruz que Ele nos ajudaria a carregar. Minha farinha e meu azeite são poucos, como eram o da viúva visita por Elias, mas ajuda-me, Senhor, ajuda-me, por Tua infinita bondade, a fazer com que ele dure, com que ele se multiplique, com que ele seja suficiente para que eu possa me alimentar com o pão feito com ela na travessia de tórrido e imenso deserto que se apresenta diante de mim. Que, com teu pão, que é o pão da Graça, o pão da Palavra de Deus que guia, com o Pão da Eucaristia que sois Vós na Vossa Essência mais íntima, eu consiga trabalhar com afinco e eficiência, mas com mais afinco com eficiência, sem desânimo diante do desafio, mas com o coração tranquilo, com um coração que não se irrita, que não se desespera, que não torna-se cardo espinhoso que fere aqueles que me são mais próximos e a quem eu devo cuidado. A Vossa palavra, Senhor, foi colocado pela Vossa Igreja como luz que ilumina, e eu posso vê-la, eu sei o que devo fazer, sei o que é de acordo com Tua vontade, mas sinto-me triste e desanimado. Iluminai-me, Senhor, alimentai-me. Ajuda-me a viver com o coração amarrado em Ti, Ajuda-me, Senhor, a ter em Vós minha fonte de alegria, uma Fonte que nunca se esgota e que, saciando-me, me constrange a levar Tua água àqueles que me cabem. Ajuda-me, Senhor, a trabalhar sem procrastinar, a ter o coração mais alegre, a cuidar com calma de meus familiares, e, se possível, dai-me também a luz da inteligência, para que eu progrida naquilo que faço e que parece interminável e intangível. Ajuda-me a não ser insosso e desanimado, mas sal da terra e luz do mundo, que Vos anuncia no modo em que faço todas as coisas.

 Virgem Prudentíssima, rogai por nós.

James Martin, SJ on Twitter: "Gospel: "Is a lamp brought in to be ...
A Candeia Debaixo de Alqueire

segunda-feira, 8 de junho de 2020

Segunda-Feira da 10ª semana do tempo comum

1Rs 17,1-6, Sl 120, Mt 5,1-12 

 O Sermão da Montanha é apresentado por Jesus Cristo no Evangelho de hoje. Dada a fé na Santíssima Trindade, dada a fé de que a 2ª pessoa dessa mesma Trindade se fez homem e morreu por nós, dada a fé, decorrente de algum modo dessas verdades, um todo orgânico com elas, em todo o depósito de fé católico, nós somos então apresentados a um ideal que não fica na obediência dos mandamentos apenas, não fica só na lei, mas vai pra caridade, vai pras obras que, em Cristo, podem ser feitas naqueles que agem de modo santo. As bem-aventuranças não falam daquilo que é de justiça, mas daquilo que cumpre a justiça e vai além dela. Elas não falam de um amor "medido", falam de um amor (a Deus) sem medida, que se entrega e Nele confia. 
 Eu comumente guardo de mim "reservas técnicas" de amor. Isso talvez baste para cumprir a justiça, mesmo dado o adágio "quem mira nas estrelas acerta na lua, quem mira na lua não sai do chão". Mas não basta para viver a caridade, esse amor que Cristo amou. Mas é interessante que, na dissipação e sem ordem na vida, sem um disposição virtuosa de tudo aquilo que se coloca diante de nós, a tendência ao egoísmo e ao desespero que temos é muito grande. A ordem se dá pelas virtudes e é pressuposto para o maior crescimento nessas mesmas virtudes. Que possamos então ordenar nossa vida a Deus. Desse modo, sabendo que nossa vida está ordenada a Deus, a caridade se dará no cumprimento amoroso dessa mesma ordenação, no cumprimento da rotina, no cumprimento da "regra" da casa, deixando as vontades de lado e cumprindo aquilo que, de um modo ou de outro, nos levará ao cumprimento daquilo que Deus espera de nós. E Deus, dando a graça, espera de nós mais do que a justiça. É só amando, negando-nos a nós mesmos e tomando a nossa cruz, é que nós poderemos ser salvos. Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

 Sermon on the Mount reveals true purpose of the moral law


 Sermão da Montanha

domingo, 7 de junho de 2020

Domingo da Santíssima Trindade - 07/06/2020

 Êx 34,4b-6.8-9, Ct. Dn 3,52-56, 2Cor 13,11-13, Jo 3,16-18

 Hoje se celebra a festa do Domingo da Santíssima Trindade. Novamente me vejo aqui perdendo tempo a rodo rolando a barra da rede social, enchendo minha mente de informações vãs que não servem a propósito algum, a não ser que se chame "propósito" um embirutar-se com informações contraditórias que jogam as pessoas para lá e para cá. Ontem eu participei da Santa Missa junto com minha família toda, tendo em vista que minha esposa foi leitora. Isso foi muito significativo, pois foi exatamente no Domingo da Santíssima Trindade de 2019 que nasceu a Marie. Foi a única missa dominical que minha esposa perdeu desde de sua conversão, excluindo os períodos pós-quarentena, que colocaram ferrolhos nas portas de igrejas. Ora, naquele domingo em 2019 eu fui correndo para a missa das 08:30 enquanto a Dani ficou com sua mãe. Suas contrações ainda estavam ocorrendo de 10 em 10 minutos, ou seja, ainda não era trabalho de parto ativo. Já havíamos ido pra maternidade de madrugada, mas era cedo demais, então voltamos pra casa. Saí de casa 08:20 e coloquei todo meu empenho pra chegar lá de bicicleta o mais rápido possível. Cheguei, até onde me lembro, no Ato Penitencial. Assisti a missa com o coração dividido, rezando pra que desse tempo, pra que eu pudesse estar com a Dani no momento em que as contrações ficassem mais ritmadas. Comunguei, recebi o Corpo de Cristo, o Deus eterno que se fez homem, e sai correndo da Igreja no momento mesmo em que o padre desceu do presbitério. Voltei como doido na bicicleta. Chegando em casa, encontrei a Dani tendo contrações de 3 em 3 minutos. Era trabalho de parto ativo! Nosso grande amigo, o André, nos levou para a maternidade, onde, 3 horas depois, as 12:32 h, nasceu a Marie. Ontem a noite, um pouco menos de um ano depois, assistimos em família essa missa, uma missa que tinha como temática a "família" (não gosto e não concordo com essa coisa de colocar "temáticas" na missa que alterem sensivelmente o rito, mas ainda assim é algo significativo). Foi a primeira missa dominical que assistimos desde o fechamentos das igrejas em março, e foi justamente no mesmo dia litúrgico no qual, de um modo mais visível, nossa família deu mais um "passo" para a sua consolidação, o dia do nascimento da Marie. Em 2019, assisti a missa sozinho, agoniado, enquanto minha esposa se agoniava ainda mais com as dores do parto, que depois são de algum modo "atenuadas" pela felicidade por ter colocado uma criatura no mundo. Em 2020, assistimos essa mesma missa em família, uma missa "da família" e sendo essa a primeira, a primeiríssima missa dominical que assistimos presencialmente desde o início dessa loucura que estamos vivendo nos dias de hoje.

 Devemos sempre ler as "entrelinhas", captar a "forma" desses acontecimentos significativos que nos são transmitidos por fatos, pois Deus fala por fatos, não só por palavras. Ele nos diz que nossa família deve estar ancorada na Fé, e o núcleo da Fé é justamente a Santíssima Trindade, que se refere ao mistério de Deus enquanto Deus. É a Verdade mais sublime que conhecemos. Esse Deus trino, que cria, que redime e que santifica, é o único Deus, a quem devemos pedir perdão e pedir o acolhimento como propriedade Dele, como disse Moisés na primeira leitura. Crendo, devemos expressar essa fé, e a expressão magna desse expressar é a participação no Santo Sacrifício da Missa, comungando, se possível. Deus, Trino, nos amou, e nos amando, assumiu a nossa natureza e, usando-a como ferramenta, redimiu essa mesma natureza, pois, unindo o humano e o divino numa só pessoa, Jesus Cristo ama como homem, com seu Sagrado Coração, a Deus com todo amor que Ele merece receber de nós, que tudo recebemos Dele de graça. Cristo uniu o humano e o divino, e com a graça do Santo Espírito, que age pela graça e pelos Sacramentos, podemos nós também amar, não amar com um coração meramente humano, de "pedra", mas amar com um coração humano elevado ao nível do amor divino, amando como amou o Sagrado Coração. Esse amor nos eleva da miséria humana, de lamaçal no qual estamos afundados. Sem crer em Cristo, sem, pela fé, viver na caridade, não há salvação, já estamos perdidos. E essa salvação, essa percepção de que Cristo nos redimiu e nos ama, essa adequação da vontade convidada pela graça ao intelecto iluminado pela fé, nos leva ao amor ao próximo. Esse amor se manifesta pelo cuidado físico, pelo cuidado espiritual, mas também pelo revelar a verdade e viver segundo a verdade na caridade de modo a revelar o Cristo a todos os homens. Cristo se revela pela fé, mas seus frutos são de caridade. Pra revelar o Cristo inteiro, é necessário as duas coisas, a verdade e o amor, como diz São Paulo (não nesses termos!). 

 Enfim, dando um laço que amarre esse meu blablabla, concluo que a vida familiar, que se expande pra além dos domínios da família mesma, deve estar ancorado na verdadeira Fé, Fé cujo artigo mais sublimo é a Trindade, fé que se manifesta no culto público do Santo Sacrifício e que frutifica na caridade. Essa caridade é a 'alma' de uma família, que se salva pela caridade (que pressupõe a fé) e que manifesta o Cristo pela vivência da mesma fé e da mesma caridade. E essas coisas todas estão ancoradas na Trindade. As Divinas Pessoas se relacionam num contínuo intercâmbio de amor e doação. Que, hoje e sempre, possamos viver a vida familiar (e também pra além dela!) também num contínuo intercâmbio de amor, numa contínua entrega de um pelo outro e de outro pelo um, de modo que imitemos, pela graça, de modo diminuto, o Amor Infinito que é, de algum modo, a essência do próprio Deus. Que possamos ver na figura da Sagrada Família a nossa inspiração, sendo ela a realização mais perfeita numa família humana do Amor Intra-Trinitário. Que, de modo análogo, possamos ver nas santas famílias (ex: família de Sta. Teresinha) essa mesma luz. Ajuda-nos, Senhor, a ver pra além da crueza que nos é apresentada no mundo de hoje. Ajuda-nos a viver ancorados nessa "luz inacessível" que se tornou acessível de algum modo a nós, e que será o nosso júbilo final se permanecermos fiéis, a Trindade. Que o Vosso nome, Senhor, seja louvado para sempre.


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Santíssima Trindade, que Sois um Só Deus, tende piedade de nós

sábado, 6 de junho de 2020

Sábado da 9ª Semana do Tempo Comum

2Tm 4,1-8, SI 70, Mc 12,38-44 


 Na primeira leitura, São Paulo exorta Timóteo a seguir pregando o Evangelho, com "insistência" e até "importunamente". Ele também diz que a heresia será mais agradável aos ouvidos do que a Verdade. Por fim, ele recita a famosa passagem: "completei a corrida, guardei a fé...". A Verdade do Evangelho, a fé católica, em sua inteireza, na sua organicidade, precisa ser pregada veementemente. Não se pode, nem para evitar um mal maior ou coisa do tipo, "comer" um pedaço da fé para estar em plena concordância com outro grupo (que, por sinal, não faria o mesmo contigo!). A fé deve ser pregada em sua inteireza e crida em sua inteireza, e o pregar na inteireza não só pressupõe o crer na inteireza, mas também fortalece tal propósito. Quem não vive o que prega acaba pregando o que vive, mas eu vou além e digo, quem não prega o que crê acaba não crendo mais no que não prega. Esse modo de "pregar", obviamente, será diferente se você é um bispo ou uma dona de casa. Essa pregação não é explicitamente bater de porta em porta ou ensinar multidões. É simplesmente tratar de modo inegociável esses propósitos e viver de acordo com eles até as últimas consequências. E isso não só é necessário para crescer na fé: é também fonte de alegria! Esses dias eu li um artigo que associava <7h de sono noturno com uma baixa espetacular na imunidade, assim como <92% de eficiência no sono. O que eu fiz? Passei a relutar e "negociar" meu propósito de acordar cedinho para meditar, para estudar, sendo que sei que esse meditar a liturgia e esse estudo intelectual são de certo modo a realização mais plena já aqui do que quero viver na minha vida futura e na Eternidade! Ainda que isso faça mal pra minha saúde física, o que não creio, pois quando acordo animado acordo disposto, e isso se dá sempre que durmo cedo, ainda valeria a pena. "Aquele que quiser se salvar, perde-se-a , e aquele que entregar a sua vida por amor a mim, esse se salvará". 

No Evangelho, Cristo fala da hipocrisia dos fariseus e da viúva que deu tudo o que tinha pro tempo, jogando moedinhas na caixinha de dinheiro. É isso que Deus olha, o tamanho de nossa entrega. Ajuda-nos, Senhor, a nos doar sem reservas. Ajuda-nos a poder dizer no fim de nossos dias, como disse São Paulo, que "combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé". A fé na sua inteireza, com sua vivência até as últimas consequências. São Norberto, rogai por nós. 

 Rembrandt van Rijn (The Apostle Paul in prison) - Staatsgalerie ...
São Paulo na prisão

sexta-feira, 5 de junho de 2020

Sexta-Feira da 9a Semana do Tempo Comum - 05/06

2Tm 3,10-17, SI 118, Mc 12,35-37


 Hoje é dia de São Bonifácio, apóstolo dos Germânicos. A figura dele nos faz lembrar da figura de outros grandes santos que foram considerados os apóstolos dos lugares "x" e "y": São Patrício, apóstolo da Irlanda, São Cirilo, o propagador do cristianismo entre os eslavos, São José de Anchieta, apóstolo do Brasil, e por aí vai. Em geral, não são os grandes projetos políticos que convertem a população, são os grandes pregadores, os grandes santos, que derramam seu sangue e doam sua vida para levar as pessoas a verdade, a única Verdade, que é o próprio Cristo anunciado na Santa Igreja.

 É essa seiva que brota da grande Videira, de Cristo Jesus, que vivifica e fortifica àqueles que se dedicam, que são chamados a tal missão. É essa mesma seiva que vivifica, que deve vivificar a missão de cada um de nós, que, com ajuda ou não, cabe a nós discernir qual é, de joelhos diante de Deus. É a esse Deus que nos deu a vida, que veio em pessoa, dando-nos infinitamente mais do que havia prometido, sendo muito mais que um mero "filho de Davi", que devemos doar a nossa vida, nossas forças. Como falhamos nisso! Como dizemos constantemente mentiras pra nós mesmos, de modo a arrumar pretextos para nos desviarmos do caminho! Como constantemente buscamos alguma realização fora do projeto de Jesus, fora de um projeto de vida que esteja integrado num plano para pregar o Nome Dele para todas as gentes! São Paulo diz que a Sagrada Escritura é útil para ensinar e esclarecer o sentido da salvação. Isso ocorre porque ela aponta pra Cristo, e, se lida no Espírito da Igreja, que é o Espírito Santo, a nossa própria vida ganha um sentido salvífico, um sentido que se une a vida de Cristo e se torna assim um sentido pleno. Ajuda-me, ó Senhor, a permanecer fiel ao projeto de Deus para minha vida. Ajuda-me a ser generoso, ajuda-me a ser constante, ajuda-me a ser calmo e paciente, mas, acima de tudo, ajuda-me a fazer tudo isso por amor, doando minha vida a Vós como doaram os apóstolos das gentes todas. Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

 Logos Theon: Bonifácio, o homem que desafiou Thor
São Bonifácio destruindo a árvore de Thor

quinta-feira, 4 de junho de 2020

Quinta-Feira da 9ª Semana do Tempo Comum - 04/07

2Tm 2,8-15, Sl 24, Mc 12,28b-34

 Na primeira leitura, São Paulo exorta, dentre outras coisas, a ficarmos fiéis a Cristo, pois se formos encontrados fieis no dia da ira, não nos perderemos, senão que nos salvaremos. Ora, uma frase desse texto é interessante: "se formos infiéis, Deus permanecerá fiel, pois Ele não pode negar a si mesmo". Vivemos muitas vezes buscando aprovação humana, mas a Verdade é que, de algum modo, agradar a Deus é mais fácil que agradar aos homens, porque Deus é imutável, o que é bom diante Dele sempre é bom (claro, desde que o homem, agindo pela prudência e pela lei da caridade, consiga tirar dos princípios dados por aquilo que Deus ensina pela Igreja um modo de se agir nas situações particulares), mas os homens, instáveis e inconstantes como são, um dia se agradam com uma coisa, outra dia se agradam com outra, sem um princípio que torne isso tão claro. No Evangelho, Jesus Cristo diz quais são os mandamentos mais importantes, e o mestre da Lei concorda com Ele. 

 Isso nos leva a ter esperança. Deus não nos pede que façamos algo desconhecido ou obscuro, Ele nos pede que nós O amemos, manifestemos a sua Glória e amemos os nossos próximos, cuidando deles e levando a Eles a boa-nova do Evangelho. No final das contas, todos os mandamentos se desdobram destes dois. É absurdo o entendimento da fé que tem aqueles que, dizendo ter ouvido um chamado divino, cometem atrocidades, chegando a matar inocentes em virtude da suposta voz de "deus" na cabeça. Deus é constante, e sabemos por onde devemos caminhar. Ajuda-nos, Senhor, então, a ordenar nossa vida a essa constância. Que a bagunça nos deixe, que a ordem tome conta. Que a dissipação seja deixada de lado e a dedicação se faça presente. Que uma vida que vai pra lá a para cá tal como biruta exposta ao vento possa se converter em constância, em propósito, em, enfim, direcionamento, direcionamento com relação a um fim, e esse fim é realizar a Vontade de Deus, ama-Lo, adora-Lo e levar sua mensagem de Salvação a todos os homens, a fim de que, no findar de nossa vida, sejamos, como exorta São Paulo, encontrados fieis a Jesus Cristo. 

 Cor Iesu Sacratissimum, Miserere Nobis

 The Shema Israel prayer in Hebrew with translation. #prayer ...
Ouve, Israel! Amarás o Senhor teu Deus com todas as suas forças! E só se pode ama-Lo por Jesus Cristo na Santa Igreja.

quarta-feira, 3 de junho de 2020

Quarta-Feira da 9ª Semana do Tempo Comum - 03/06


2Tm 1,1-3.6-12, Sl 122, Mc 12,18-27 

 Hoje, num dia onde, na primeira leitura, São Paulo exorta Timóteo a ter coragem, celebramos a memória litúrgica de São Carlos Lwanga e seus companheiros. São Carlos professou a fé diante do rei e se recusou a satisfazer os desejos sexuais impuros deste mesmo rei, que havia prometido matar os cristãos, e foi queimado vivo. Nem ele nem seus companheiros negaram a fé: todos eles foram martirizados dos mais diversos modos. O martírio é um sinal de contradição, é um chamado a conversão nesse nosso mundo onde a vida física por si mesma é vista como o bem em si. Aqueles homens, perante os olhos do mundo, se converteram em cadáveres a serem comidos por vermes, mas por trás dessa aparentemente desgraça, aqueles homens estavam recebendo o maior bem que poderiam receber: a salvação eterna e a contemplação, face a face, Daquele que, antes de morrerem por Ele, morreu por nós. 
 Não sabemos como as coisas serão de fato, mas, falando de modo genérico, me parece improvável que o martírio irá bater a minha porta num futuro próximo. Deste modo, na pedagogia Divina, o Qual sabe que eu não presto, meu chamado é a um "martírio", num sentido figurado, contínuo, e é esse martírio, na verdade, o que está por trás da vocação de todo católico. É o martírio do morrer pra si e tomar sua cruz, seguindo a Jesus. É buscar aceitar as dificuldades e provações com paciência, sem reclamar. É ter paciência com aqueles que agem de modo irritante ou injusto para conosco (isso é um dos principais pontos da vocação matrimonial!). É, mesmo sem vontade, mesmo sem concentração, dar um jeito de cumprir seu dever de estado, seja ele o trabalho per se, seja ele um afazer doméstico. É acordar cedo, bem mais cedo, para conseguir cumprir com o chamado da vida intelectual. É, mesmo sem vontade, ir a missa com a certeza de que é o próprio Cristo se entregando por nós que encontraremos lá. Algumas coisas dessas eu consigo as vezes, outras não, mas o que eu consigo, é com a graça de Deus, e, como sou pequeno e fraco, é nesses pequenos atos que sou chamado a "morrer" por Cristo. Ajuda-me, Senhor, a morrer por Vós dia após dia, pois não há "amor maior do quem dá a vida pelos amigos". É na entrega que há o verdadeiro amor, amor que só é possível quando brota da Fonte que é o próprio Amor, e que se encarnou, assumindo a nossa natureza. E quem morre por Cristo, na verdade vive, pois Ele é o Deus dos vivos, e não dos mortos, como é dito no Evangelho de hoje.

 Ajuda-me, Senhor, a morrer para mim para viver para a Vida, que sois Vós. São Carlos Lwanga, rogai por nós!

São Carlos Lwanga e companheiros, testemunharam Jesus na África

São Carlos Lwanga e companheiros: rogai a Deus por nós

terça-feira, 2 de junho de 2020

Terça-Feira da 9ª Semana do Tempo Comum - 02/06

2Pd 3,12-15a.17-18. Sl 89, Mc 12,13-17
 Na primeira leitura, São Pedro fala das tentações do mundo. O mundo seduz, o mundo oferece coisas, o mundo promete novidades, e, nesses últimos anos, até os homens de Igreja foram seduzidos por esse mundo, por aquilo que há de mais propriamente mundano no mundo (vide Gaudium Et Spes). Cristo vem dizer no Evangelho que devemos dar a César o de César, e a Deus o de Deus. São Pedro também diz que o mundo não tem nada de novo, nada de "salvífico", por assim dizer, a oferecer. A grande ideia por trás de tudo é que o mundo como "sistema" tem seus próprios objetivos e não se ordena a salvação das almas e a Glória de Jesus Cristo. Deste modo, devemos "participar" do mundo na medida que isso é necessário a nossa subsistência e tomar coisas desse mesmo mundo e usar para um fim diverso a que o mundo usa. Não é para crermos que algo de "bom", não útil, mas bom em si e ordenado a salvação, vá sair do trabalho das industrias e dos laboratórios, como disse o falso profeta Teillard de Chardin. Nós, católicos, devemos saber que só em Jesus Cristo há esperança, e só ordenando a nossa vida a Ele sem colocar a mão no arado é que nós podemos alcançar a salvação. Então, que nesse dia de hoje eu cumpra meus deveres de estado, trabalhe bem, mas que eu perceba, no fundo, o porque estou trabalhando, e como ordenarei isso não àquilo que o mundo considera um bem, como o conforto, o dinheiro e o "progresso científico" sem mais nem menos, desarticulado de sua fonte, mas sim aquilo que é de fato um bem, a saber, a Glória de Deus e a conversão dos homens.

 Ó Virgem Santa, rogai a Deus por nós, e livrai-nos dessa tola esperança no mundo, ajudando-nos, como vós, a esperar no Senhor. 


Render Unto Caesar by Anton Dorph
Dê a Cesar o de Cesar, e o de Deus a Deus

segunda-feira, 1 de junho de 2020

Santa Maria, Mãe da Igreja - Segunda-Feira da 9a semana do tempo comum - 01/06

Gn 3,9-15.20, Sl 86, Jo 19,25-34 

Hoje se comemora, em virtude da festa promulgada pelo Papa Francisco, o dia de "Santa Maria, mãe da Igreja", uma comemoração que, apesar de nova, pode-se chamar uma das jóias desse pontificado, dada a ligação da Santíssima Virgem com a fundação da Igreja e com o Pentecostes. A leitura hoje fala do pecado de Eva, mãe dos viventes, mãe na carne, e a maternidade da mãe na Graça, Maria, a "nova Eva", que deu o fruto de seu ventre, não tomou o fruto proibido. A Igreja foi concebida com o mandato de Cristo aos apóstolos, mas ela nasceu, de fato, com o Pentecostes. Sem o Paráclito, a Igreja é estéril, e antes Dele descer, havia apenas expectativa, mas não realização. E a Santíssima Virgem participou com o apóstolos da "primeira novena" de pentecostes, entre a Ascensão e a descida do Espírito de Deus. É ela a esposa do Espírito Santo e mãe de Jesus Cristo, que é a 2a pessoa da Santíssima Trindade. O mistério da Santíssima Virgem se une com o Mistério de Cristo, ela que foi concebida imaculada em previsão dos méritos de seu filho Jesus Cristo.

 Que nessa data possamos voltar o coração pra ela, pra Maria, pra Santíssima Virgem Maria. Ela, que foi fiel desde o princípio e que meditava tudo em seu coração. Ela, que nunca, sequer por um segundo, desagradou a Deus com seus atos. Ela, que gravida, fez uma viagem de 100 km para ajudar sua prima santa Isabel, gravida de mais de seis meses. Ela, que depois da morte de Cristo na cruz, foi, até a ressurreição, a única pessoa do mundo a guardar a fé em seu divino Filho, fé essa necessária para a salvação. Meu Senhor, dai-me essa fidelidade, dai-me, pelas mãos da Santíssima Virgem, a fidelidade que ela mostrou para convosco. Ajuda-ḿe a, inserido na Igreja e vivendo por ela, a concretizar no mundo a missão que Deus colocou diante de mim. 

 Rezo também pelo fim da pandemia e pela nossa proteção dessa doença. Que nós possamos sair incólumes dessa situação, sem cessar sequer por um momento de viver nossa vida para Vós. Livra-nos, Senhor, da morte física prematura, mas principalmente, Senhor, livrai-nos da morte eterna. Tende misericórdia de nós, Senhor, nós que somos pobres pecadores, sujos, indignos. Eu Vos amo e quero viver a vida para Vós. Ó Santíssima mãe da Igreja e minha mãe, sede meu auxílio. 

 Cor Iesu Sacratissimi, Miserere Nobis. 


  1. Hoje celebra-se a memória da Virgem Maria, Mãe da Igreja
  2. Virgem Maria, mãe da Igreja

Batismo do Senhor - 09/01/2022

Is 42,1-4,6-7 Sl 28: " Que o Senhor abençoe, com a paz, o seu povo" At 10, 34-38 Lc 3, 15-16,21-22 Começamos com uma leitura do pr...