domingo, 14 de junho de 2020

11º Domingo do Tempo Comum - 14/06


Êx 19,2-6a, Sl 99, Rm 5,6-11, Mt 9,36-10,8
 Os textos da liturgia desse domingo são muito belos, e, deste modo, fica até difícil saber acerca de que, exatamente, eu meditarei. Mas acho que a grande mensagem que é passada é a de que Deus, ao nos ver nessa nossa miséria, se apiedou de nós e veio nos salvar, fazendo-nos elevar, pela graça que vem de graça mas que também é proporcional à nossa resposta de amor, a uma condição de quem ama a Deus e portanto deseja ficar com Ele o resto da eternidade. Após o pecado, que é uma ofensa que nos fez inimigos de Deus, Ele não nos abandona, Ele progressivamente vai, por meio de alianças, buscando que nos reconciliemos com Ele, de modo que, em Cristo, a ofensa infinita de Adão e do homem contra Deus é expiada num sacrifício de valor infinito, "mais infinito" que o peso do pecado (pensemos na cardinalidades dos inteiros/racionais x cardinalidade dos números reais), numa entrega de um Deus que se fez homem para que, usando a humanidade, pudesse como homem amar como nós deveríamos amar a Deus e aos outros. Éramos inimigos de Deus, e ele se rebaixou ao nosso nível, se compadeceu de nós (como diz o Evangelho) e derramou seu sangue por nós. 

 Conseguimos imaginar isso? Conseguimos nos compadecer de alguém que fez "mal" pra nós, que nos ofendeu, que nos tratou com profunda ingratidão? Conseguiríamos, mais ainda, morrer, derramar nosso sangue por essa pessoa? Pois foi isso que Cristo fez, como um rei que se despoja de sua pompa e vai viver com pobres camponeses, trabalhando com eles até morrer por esgotamento de suas forças. Claro, a analogia é imperfeita, pois Deus está infinitamente acima dos homens, enquanto um rei é só um homem como os outros, mas dotado de mais poder e portanto mais responsabilidade pelo que lhe foi dado por parte de Deus. 

 A verdade é que, para seguirmos a Cristo, precisamos, é claro, obedecer os mandamentos, mas ir além. Precisamos amar, e amar em cada instante de nossa vida. É saber ser justo e caridoso com aqueles que são injustos conosco. É fazer da relação familiar uma relação de dois que se doam pelo outro, não uma luta de dois poderes com vista a dominar o outro. É fazer do trabalho um ato de doação das forças e do intelecto, no sentido de buscar o sustento da família e a santificação pelo suportar das vicissitudes do trabalho, que por vezes é árido e nada agradável. É colocar-se diante de Deus mesmo sem vontade, é viver uma vida cheia, cheia de entrega, sem barganhas, sem negociações, pois Cristo não barganhou, Ele se doou inteiramente por nós na cruz. Que cada momento de nossa vida seja uma ocasião não de auto-afirmação ou de auto-indulgência, mas de "auto-doação". Que, pela graça, de joelhos no chão, clamando a misericórdia de Deus se deu tudo sem receber nada, possamos viver cada ato, cada momento, com entrega total a Jesus Cristo, Nosso Senhor. Que tudo façamos ou para nossa santificação pessoal, ou para manifestação da Glória de Deus, ou para conversão dos pecadores. Que a nossa vida gire em torno disso, pois, no frigir dos ovos, é isso que podemos dar "de volta" a Deus, não porque Ele precise, mas porque Ele merece e é bom e redentor "darmos" a Deus de volta aquilo que Ele nos deu de graça: nossa vida, nossas forças, tudo que temos. A messe é pouca, mas é o que tem, então façamos a nossa parte!

 Que o Senhor tenha piedade de nós. Nossa Senhora das Dores, que não disseste "e eu, como fico" ao ver seu filho unigênito na cruz: rogai por nós!


File:Gérôme, Jean-Léon - Moses on Mount Sinai Jean-Léon Gérôme ...
Moisés no Sinai, por Jérome Jeán-Léon



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