sexta-feira, 16 de julho de 2021

Breves meditações do Santo Terço - Mistérios Gozosos


Especialmente para as famílias católicas


Primeiro Mistério — A anunciação do Anjo Gabriel à Santíssima Virgem Maria

 

Segundo Mistério - A visita de Nossa Senhora à Santa Isabel

Nossa Senhora, mesmo grávida, mesmo jovem, abandona tudo e vai socorrer a quem precisa dela. A Virgem nos ensina a dispor bem as prioridades: o quão horrível é quem coloca os pais no asilo porque não tem tempo, porque está buscando incessante um progresso na carreira? O quão triste é o caso dos pais que terceirizam a educação dos filhos para as creches, para as escolas, para o celular, para a TV, não porque realmente precisam trabalhar o tempo todo, mas porque são gananciosos e vivem pelo dinheiro e pelo conforto! Pessoas valem mais do que coisas, e Deus vale mais do que qualquer pessoa nesse mundo.

Terceiro Mistério - O Nascimento de Nosso Senhor Jesus

Nosso Senhor, podendo vir do modo x ou y, resolver vir como um pobre, nascendo num estábulo, numa caverna. Ele e sua família foram esquentados pelo hálito dos animais que ali viviam. Que isso nos faça perceber o quão fútil é viver pelo lucro, o quão estúpido é ter nisso a meta de vida! Nosso Deus veio como pobre, porque, então, estamos dispostos a sacrificar tudo o mais só por causa de dinheiro? 

Quarto Mistério - A apresentação de Nosso Senhor Jesus Cristo no Templo 

Hoje a gente olha para a Igreja e vê uma grande miséria, uma grande crise, uma crise de proporções tão imensas que, me parece, apenas uma intervenção direta de Cristo pode resolver. Os sacerdotes e os mestres da Lei do tempo do Cristo também eram problemáticos. Certamente isso partia o coração da Virgem e de São José muito mais do que nosso coração é partido hoje, mas isso não os fez ignorar o templo como desnecessário, ainda que o próprio Cristo fosse, no futuro, abolir o Templo com sua Nova e Eterna Aliança! Que, apesar das dificuldades, usando da Santa Prudência, não vejamos apenas a Igreja apenas como um delivery de Sacramentos. mas como realmente uma família espiritual, na medida do possível, rezando sempre pelo Papa, Vigário de Cristo na Terra.

Quinto Mistério - A perda e o reencontro de Nosso Senhor em Jerusalém

S. José e Nsa. Senhora perderam Jesus de vista fisicamente, e ficaram aflitos. Quantos de nós perdemos nossos filhos espiritualmente, para doutrinas maléficas? Que a gente possa dar bons exemplos, que a gente possa impedir a entrada de maus ensinamentos em nossos lares, que nós façamos o possível e o impossível, por forças humanas, para preservar a alma de nossos filhos! Assim, quando for chegada a hora deles discernirem a vocação, eles poderão escolher uma vida ou outra como figura de Cristo, que, saindo da meninice, foi fazer o que lhe cabia segundo a "vocação" que o Pai o havia dado desde o início dos tempos (não sei se faz sentido falar de "vocação" nesse contexto: entendam o termo de modo impróprio).





 

terça-feira, 13 de abril de 2021

13/04 - Terça-Feira da Segunda Semana da Páscoa

At 4,32-37, Sl 92, Jo 3,7b-15
"Reina o Senhor, revestiu-se de esplendor"

 No dia de hoje, onde recordamos Barnabé colocando tudo aos pés dos apóstolos e Nicodemos se perguntando "como se pode nascer de novo, sendo já velho", apareceram-me no momento de meditação as seguintes percepções. O Senhor quer que coloquemos tudo aos seus pés. O que isso significa? Significa ordenar nossa vida, de modo coerente com nosso estado, com nossa circunstância, a fim de alcançarmos aqueles objetivos que são mais próprios deste mesmo estado. Sendo eu um homem casado e pai de duas meninas (uma na barriga da mamãe ainda), é evidentemente meu dever prover o sustento da casa (embora isso não impeça minha esposa de ajudar, afinal o mundo atual, no que tange sua estrutura econômica, não é "feito" para que seja possível o sustento com apenas um dos dois trabalhando, em geral. Tenho sorte de ter uma bolsa boa de doutorado), entre muitas outras coisas tão importantes quanto. Mas é esse o ponto que mais me incomoda. O doutorado não anda bem, as coisas não se desenrolam tão bem quanto esperado, me sinto um pouco "atrasado" e tenho a percepção de que meu orientador está frustrado comigo. Não consigo render bem todos os dias, pois, por vezes, a pressão que coloco sobre mim mesmo me trava e me impede de trabalhar. Mas é justamente esse o ponto que me agita, me colocando fora de mim mesmo. Isso gera uma grande tristeza espiritual. A questão é que 1) não é como se eu fosse passar fome caso meu doutorado não seja perfeito, 2) não é como se um bom doutorado fosse garantia de qualquer coisa, 3) eu não deveria, portanto, me entristecer com as dificuldades e essa perspectiva, e por fim, 4) ter isso em mente e pensar num plano B (docência, licenciatura) não é desculpa para não procurar os devidos meios de fazer o melhor doutorado possível dentro do contexto da vida de um pai católico presente, pai de duas crianças, que quer ordenar tudo num todo de vida orgânico que conduza à contemplação e a santificação minha e de todos os membros da família.
 Isso é colocar tudo "aos pés dos apóstolos". É fazer um bom plano, cumpri-lo no dia a dia, e ficar com a consciência limpa nesse sentido. As vezes nos forçamos a mais, e na verdade rendemos mesmo, pois a tristeza nos leva à procrastinação, que pode durar por dias. As vezes, também, nos damos liberdade demais (MMA?) com algum entretenimento e ele acaba tomando nossa mente, obnubilando o que devemos fazer e o pra onde devemos rumar. É essa mistura de firmeza (no cumprimento de uma rotina preenchida de momentos de oração pessoal e íntima com o Senhor, sabendo que o descumprimento da rotina, sem motivos graves, é ocasião de pecado) e leveza (no "não se cobrar" por resultados, mas simplesmente trabalhar concentrado e com alegria, sabendo que estão investindo em mim pra que eu vire um bom doutor em física, não uma máquina de gerar artigos) é que pode garantir uma vida virtuosa. É isso que devo fazer. Eu enxergo, mas é assim que somos, hoje enxergamos, amanhã esquecemos, e devemos sempre recorrer a Deus para que sigamos no caminho.

 Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

São Barnabé coloca tudo aos pés dos apóstolos


segunda-feira, 5 de abril de 2021

Segunda-Feira da Oitava de Páscoa - 05/04/2021

  At 2,14,22-32; Sl 15, Mt 28,8-15

"Guardai-me, ó Deus, porque em Vós me refugio"

 Nesse Evangelho de hoje, vemos a reação perante a ressurreição de Cristo. As mulheres, vendo, creram, e se colocaram, com medo e alegria, a "espalhar" a Boa Nova. Os sumo sacerdotes, por outro lado, subornaram os guardas para que a falsa notícia de que os apóstolos roubaram o corpo fosse propagada. Duas possíveis reações: o se colocar a serviço, a escuta, aceitando as consequências, ou o ignorar, o fingir não ver, o modificar as circunstâncias para se ficar confortável consigo mesmo. 

 Quando morremos, não temos mais meios de interagir com esse terra onde vivemos. Os judeus entendiam, então, o Sheol como um lugar de esquecimento, onde tudo aquilo que foi importante para um homem o "abandona". Os ateus vêem também deste modo, é o "eternal oblivon", é a perda de contato com aquilo que fundamentava a própria consciência de si mesmo. Claro, isso é incompleto, nosso fundamento último não pode estar na natureza, deve estar pra algo que seja necessário e perene por si mesmo: Deus. Ele nos revelou a Sua bondade e Seu amor, por Cristo Jesus, que encarou esse "esquecimento" da morte de frente, por amor a nós. Carregou em seus ombros o peso do pecado, caminhou pra cruz, apesar de ser Deus, com uma sensação psicológica terrível: o sentir em si o que sentem tantos que, diante da morte, percebem que viveram uma vida sem sentido, sem nexo, sem nada. De algum modo, Jesus sentiu a pena dos condenados caminhando para a cruz, mas seu amor era tanto que Ele continuou, e morreu a pior das mortes, não simplesmente pelo sofrimento meramente físico, mas por essa angústia terrível na alma. Fez isso por amor. Se Ele sofreu, foi porque muito mais amou. E Ele, aceitando essa morte, pisou na cabeça da serpente, e a ressurreição manifesta sua vitória sobre a morte, a morte eterna.

 Abraçar isso, abraçar essa vitória, exige compromisso de nossa parte. Vamos aceitar? Ou preferimos nos enganar, anestesiando-nos para que não sintamos o momento em que tudo nos vai ser tirado? 

 




quinta-feira, 18 de março de 2021

18/03 - Quinta-Feira da Quarta Semana da Quaresma

  Ex 32,7-14 ; Sl 105 ; Jo 5,31-47


  Levando em conta a homilia do P. Paulo Ricardo, que fala do respeito humano citado por Cristo como causa da perdição de muitos e dos ouvidos moucos dos judeus. Falarei, entretanto, de outro aspecto: a idolatria do povo de Israel ao bezerro de ouro feito por Aarão e a intercessão de Moisés. Deus certamente não planejava exterminar seu povo, vinculado a Ele por uma promessa feita a quem Lho foi fiel: Abrãao, Isaac e Jacó. Mas ele contou com a intercessão de Moisés para exercer sua misericórdia para com seu povo. 

 Deus é propício pra quem lhe pede. Sua liberalidade muitas vezes está condicionada ao nosso humilhar-se diante Dele para pedir algo. Ele quer dar, mas Ele sabe que só nos fará bem se nós soubermos nos humilhar diante Dele para pedir. Claro, Moisés era o sumo pontífice do povo: não era qualquer um. Ele, nesse aspecto, também atuou como "tipo" de Cristo, intercedendo pelo seu povo junto a Deus. 

 Que isso nos ensine a pedir. Não a ser um pidão, alguém que só recorre a Deus para buscar o que convém, mas alguém que saiba interceder pelos outros, rezando por eles, e também por nós mesmos, pedindo a misericórdia que tanto necessitamos. 

 

sábado, 13 de março de 2021

Sábado da 3ª Semana da Quaresma - 13/03/2021

 Os 6,1-6 ; Sl 50, Lc 18,9-14


   O tema, por assim dizer, da liturgia de hoje, é a misericórdia divina. Quanto a esse tema, precisamos evitar cair em dois extremos: o pelagianismo e o desespero da salvação. É curioso, mas essa dupla, aparentemente tão heterogênea, vive igualmente da ausência de esperança. O pelagiano crê que se salvará pelas suas próprias forças, como se pudesse ser bom e viver uma vida moralmente correta por si mesmo, sem auxílio da nada nem de ninguém. Já o desesperado, percebendo-se incapaz de viver uma vida virtuosa, crê-se fadado a viver nessa miséria por toda a vida, muitas vezes apegando-se a subterfúgios psicológicos (como o conceito de "fé" cunhado por Lutero) para se consolar. A verdade, de algum modo, se encontra no meio e para "cima". Somos sim capazes de viver uma vida virtuosa, mas não é por nós mesmos. É preciso pedir, implorar a graça de Deus, para que Ele venha em nosso auxílio e nos dê as graças necessárias para que vivamos uma vida virtuosa, onde fazer o bem é um hábito e fazer o mal nos repugna. Ele nunca deixa de mandar as graças se nós pedimos com coração sincero e humilde. Essa é a grande questão: Deus resiste aos soberbos. Sem humildade, a graça não vem, justamente porque Ele sabe que se nós recebermos a graça sem humildade, passaremos a crer que nossa pretensa bondade é mérito nosso e somente nosso. Faremos a oração do fariseu, tão repugnante, que, segundo o próprio Jesus, "não justifica".

 Não é difícil perceber que, por trás de várias de nossas quedas, se encontra uma abertura a uma ocasião próxima de pecado. É o casal de namorados que fica sozinho, crendo-se incapaz de cair em pecado contra o sexto mandamento. É o homem feito que fala: "vou só dar uma olhadinha no facebook" e passa o dia sem trabalhar. A gravidade dos dois pecados citados não é igual, me parece, mas a queda e a miséria posterior surge porque, em ambas ocasiões, o sujeito se ensoberbeceu e se julgou "vencedor" da própria miséria por suas próprias forças! O primeiro passo para ser humilde é aceitar "onde o calo aperta", saber quais são as nossas fraquezas e, com boa vontade (de quem não quer mesmo pecar), não se dar liberdade alguma nesse sentido. O casal humilde de namorados não fica sozinho, o homem feito humilde, que cresceu scrollando ~qualquer coisa~, não se dá liberdade de "uma olhadinha" num canal do youtube. 

Essa atitude une a ação do homem que busca efetivamente que é bom, mas que sabe que é fraco. É apenas este homem que pode se colocar sinceramente diante de Deus, dia após dia, e dizer: "Senhor, sou um pecador miserável". Porque a verdade é que, mesmo tomando todos esses cuidados, mais e mais fragilidades nossas vão se tornando patentes. Precisamos aprender a ser humildes olhando para nossas próprias faltas, para que, numa cooperação entre nossa vontade e a graça de Deus (que nos sustenta na direção da Vontade Dele), possamos crescer. Assim, de queda em queda, sofrendo, mas se empenhando, buscando Nele a força para se manter fiel (e não se ensoberbecer ou se entibiezar dando-se concessões), caminharemos pra uma vida mais feliz, porque felicidade é fazer o bem constantemente, felicidade é contemplar o Bem e viver bem.

Façamos um propósito radical, nessa quaresma, de abandonar com firmeza não só o pecado... mas todas as ocasiões de pecado! Deus não nos quer medíocres. Deus nos quer santos, para que manifestemos nesse mundo a Glória Dele, que pode fazer, de criaturas frágeis e falíveis, "imagem e semelhança" Dele.

Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

 

Fariseu e publicano


Batismo do Senhor - 09/01/2022

Is 42,1-4,6-7 Sl 28: " Que o Senhor abençoe, com a paz, o seu povo" At 10, 34-38 Lc 3, 15-16,21-22 Começamos com uma leitura do pr...