segunda-feira, 5 de abril de 2021

Segunda-Feira da Oitava de Páscoa - 05/04/2021

  At 2,14,22-32; Sl 15, Mt 28,8-15

"Guardai-me, ó Deus, porque em Vós me refugio"

 Nesse Evangelho de hoje, vemos a reação perante a ressurreição de Cristo. As mulheres, vendo, creram, e se colocaram, com medo e alegria, a "espalhar" a Boa Nova. Os sumo sacerdotes, por outro lado, subornaram os guardas para que a falsa notícia de que os apóstolos roubaram o corpo fosse propagada. Duas possíveis reações: o se colocar a serviço, a escuta, aceitando as consequências, ou o ignorar, o fingir não ver, o modificar as circunstâncias para se ficar confortável consigo mesmo. 

 Quando morremos, não temos mais meios de interagir com esse terra onde vivemos. Os judeus entendiam, então, o Sheol como um lugar de esquecimento, onde tudo aquilo que foi importante para um homem o "abandona". Os ateus vêem também deste modo, é o "eternal oblivon", é a perda de contato com aquilo que fundamentava a própria consciência de si mesmo. Claro, isso é incompleto, nosso fundamento último não pode estar na natureza, deve estar pra algo que seja necessário e perene por si mesmo: Deus. Ele nos revelou a Sua bondade e Seu amor, por Cristo Jesus, que encarou esse "esquecimento" da morte de frente, por amor a nós. Carregou em seus ombros o peso do pecado, caminhou pra cruz, apesar de ser Deus, com uma sensação psicológica terrível: o sentir em si o que sentem tantos que, diante da morte, percebem que viveram uma vida sem sentido, sem nexo, sem nada. De algum modo, Jesus sentiu a pena dos condenados caminhando para a cruz, mas seu amor era tanto que Ele continuou, e morreu a pior das mortes, não simplesmente pelo sofrimento meramente físico, mas por essa angústia terrível na alma. Fez isso por amor. Se Ele sofreu, foi porque muito mais amou. E Ele, aceitando essa morte, pisou na cabeça da serpente, e a ressurreição manifesta sua vitória sobre a morte, a morte eterna.

 Abraçar isso, abraçar essa vitória, exige compromisso de nossa parte. Vamos aceitar? Ou preferimos nos enganar, anestesiando-nos para que não sintamos o momento em que tudo nos vai ser tirado? 

 




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