Jr 20,10-13, Sl 68, Rm 5,12-15, Mt 10,26-33
Na primeira leitura, vemos o profeta Jeremias num estado de grande angústia. Ele, um homem dócil, se colocou combativamente a anunciar a vinda de uma grande calamidade sobre Judá em virtude de sua infidelidade. A sua família o abandonou, seus amigos lhe viraram as costas, os grandes de sua terra o perseguiram, inclusive os sacerdotes, aqueles que eram responsáveis para oferecer culto a Deus no templo. Isso nos leva ao primeiro ponto: como é difícil permanecer firme e fiel sem a confirmação de seus pares! Se você percebe algo, se a razão te ilumina algo, se Deus coloca uma percepção em sua coração, que maravilha! Mas como é duro quando todos recusam essa verdade, e recusam não mostrando que ela está em contradição com a fé ou com a reta razão, veja bem, mas recusam por motivos arbitrários. Se alguém nos provar que algo é mau, é evidente que devemos abandonar esse algo, mas se alguém diz mas não mostra, e mais, nós vemos que aquilo é bom e que a pessoa é que está errada, então não devemos abandonar tal ideia. Mas é difícil! Nós buscamos aceitação, sobretudo daqueles que são superiores a nós. Desse modo, vendo minha pequeníssima cruz nesse sentido, eu consigo compreender o quanto essa situação deve ter sido dura pra Jeremias. Mas ele, diferentemente de mim, que sou um lixo vacilante, era um homem de profunda oração e fé em Deus. E ele suportou toda aquela ignomínia, até que tudo aquilo que ele havia dito realmente aconteceu.
O que Jeremias defendia? A fé. Ele defendia aquilo que estava conforme a Lei de Deus, ou seja, que não era permitido praticar idolatria nem tampouco colocar as esperanças terrenas em forças políticas que são indiferentes ao Senhor. Desse modo, isso simultaneamente mostra o quanto a nova direita age de modo espúrio, colocando sua esperança em homens que amam mais a "civilização ocidental", com todos os seus vícios, que Jesus Cristo, quanto mostra que aquilo que devemos defender com tudo que temos é a fé. A fé católica reta, pura, infalível, que vem dos apóstolos e desde então vem sendo esclarecida em seus pormenores. Numa época de tão grande confusão doutrinal, numa época onde nossos superiores hierárquicos não nos confirmam na fé, numa época onde o correto é perseguido como mau e o mau é aceito como tolerável, o que nos cabe é colocar os joelhos nos chão, para sermos amigos de Deus. O que nos cabe é frequentar os sacramentos, para que Sua Graça se faça presente em nós. O que nos cabe é sofrer pelo próximo, assim o amando, a fim de nos tornarmos semelhantes ao Cristo, que morreu por nós na cruz e nos cumulou de perdão superabundante. O que nos cabe é cumprir nosso dever de estado, como marido, como trabalhador, como vocacionado à vida intelectual, como no meu caso. E cabe também a nós buscar os meios, desde que sejam justos, lícitos e conformes ao Senhor, de propagar a fé católica a todas as gentes, esclarecendo os pontos confusos e pregando-a com nossa vida. Sou leigo, e certas coisas não cabem a mim, mas, numa época de confusão, a "arrogância" de uma dada atividade é não só permitida, mas é quase que obrigatória. Ajuda-me, Senhor, a ser, dadas as devidas proporções, como foi Jeremias: alguém que coloca a propagação de tua palavra acima de qualquer vontade de agradar aos homens. Ajude-me, Senhor, a ser firme, e, principalmente, a viver uma vida virtuosa, amorosa, de entrega aos demais por meio de Vós, unindo-me a Vós, Jesus Cristo, meu Senhor.
Rezo, também, especialmente pelos sacerdotes, bispos e pelo Papa: que eles possam, dado o seu carisma próprio, que participa do carisma dos apóstolos cuja autoridade foi dada por Cristo, confirmar os fiéis na fé, sendo também exemplos de santidade a esse mundo esquecido de Deus. Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
Ícone de Jeremias
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