terça-feira, 13 de abril de 2021

13/04 - Terça-Feira da Segunda Semana da Páscoa

At 4,32-37, Sl 92, Jo 3,7b-15
"Reina o Senhor, revestiu-se de esplendor"

 No dia de hoje, onde recordamos Barnabé colocando tudo aos pés dos apóstolos e Nicodemos se perguntando "como se pode nascer de novo, sendo já velho", apareceram-me no momento de meditação as seguintes percepções. O Senhor quer que coloquemos tudo aos seus pés. O que isso significa? Significa ordenar nossa vida, de modo coerente com nosso estado, com nossa circunstância, a fim de alcançarmos aqueles objetivos que são mais próprios deste mesmo estado. Sendo eu um homem casado e pai de duas meninas (uma na barriga da mamãe ainda), é evidentemente meu dever prover o sustento da casa (embora isso não impeça minha esposa de ajudar, afinal o mundo atual, no que tange sua estrutura econômica, não é "feito" para que seja possível o sustento com apenas um dos dois trabalhando, em geral. Tenho sorte de ter uma bolsa boa de doutorado), entre muitas outras coisas tão importantes quanto. Mas é esse o ponto que mais me incomoda. O doutorado não anda bem, as coisas não se desenrolam tão bem quanto esperado, me sinto um pouco "atrasado" e tenho a percepção de que meu orientador está frustrado comigo. Não consigo render bem todos os dias, pois, por vezes, a pressão que coloco sobre mim mesmo me trava e me impede de trabalhar. Mas é justamente esse o ponto que me agita, me colocando fora de mim mesmo. Isso gera uma grande tristeza espiritual. A questão é que 1) não é como se eu fosse passar fome caso meu doutorado não seja perfeito, 2) não é como se um bom doutorado fosse garantia de qualquer coisa, 3) eu não deveria, portanto, me entristecer com as dificuldades e essa perspectiva, e por fim, 4) ter isso em mente e pensar num plano B (docência, licenciatura) não é desculpa para não procurar os devidos meios de fazer o melhor doutorado possível dentro do contexto da vida de um pai católico presente, pai de duas crianças, que quer ordenar tudo num todo de vida orgânico que conduza à contemplação e a santificação minha e de todos os membros da família.
 Isso é colocar tudo "aos pés dos apóstolos". É fazer um bom plano, cumpri-lo no dia a dia, e ficar com a consciência limpa nesse sentido. As vezes nos forçamos a mais, e na verdade rendemos mesmo, pois a tristeza nos leva à procrastinação, que pode durar por dias. As vezes, também, nos damos liberdade demais (MMA?) com algum entretenimento e ele acaba tomando nossa mente, obnubilando o que devemos fazer e o pra onde devemos rumar. É essa mistura de firmeza (no cumprimento de uma rotina preenchida de momentos de oração pessoal e íntima com o Senhor, sabendo que o descumprimento da rotina, sem motivos graves, é ocasião de pecado) e leveza (no "não se cobrar" por resultados, mas simplesmente trabalhar concentrado e com alegria, sabendo que estão investindo em mim pra que eu vire um bom doutor em física, não uma máquina de gerar artigos) é que pode garantir uma vida virtuosa. É isso que devo fazer. Eu enxergo, mas é assim que somos, hoje enxergamos, amanhã esquecemos, e devemos sempre recorrer a Deus para que sigamos no caminho.

 Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

São Barnabé coloca tudo aos pés dos apóstolos


segunda-feira, 5 de abril de 2021

Segunda-Feira da Oitava de Páscoa - 05/04/2021

  At 2,14,22-32; Sl 15, Mt 28,8-15

"Guardai-me, ó Deus, porque em Vós me refugio"

 Nesse Evangelho de hoje, vemos a reação perante a ressurreição de Cristo. As mulheres, vendo, creram, e se colocaram, com medo e alegria, a "espalhar" a Boa Nova. Os sumo sacerdotes, por outro lado, subornaram os guardas para que a falsa notícia de que os apóstolos roubaram o corpo fosse propagada. Duas possíveis reações: o se colocar a serviço, a escuta, aceitando as consequências, ou o ignorar, o fingir não ver, o modificar as circunstâncias para se ficar confortável consigo mesmo. 

 Quando morremos, não temos mais meios de interagir com esse terra onde vivemos. Os judeus entendiam, então, o Sheol como um lugar de esquecimento, onde tudo aquilo que foi importante para um homem o "abandona". Os ateus vêem também deste modo, é o "eternal oblivon", é a perda de contato com aquilo que fundamentava a própria consciência de si mesmo. Claro, isso é incompleto, nosso fundamento último não pode estar na natureza, deve estar pra algo que seja necessário e perene por si mesmo: Deus. Ele nos revelou a Sua bondade e Seu amor, por Cristo Jesus, que encarou esse "esquecimento" da morte de frente, por amor a nós. Carregou em seus ombros o peso do pecado, caminhou pra cruz, apesar de ser Deus, com uma sensação psicológica terrível: o sentir em si o que sentem tantos que, diante da morte, percebem que viveram uma vida sem sentido, sem nexo, sem nada. De algum modo, Jesus sentiu a pena dos condenados caminhando para a cruz, mas seu amor era tanto que Ele continuou, e morreu a pior das mortes, não simplesmente pelo sofrimento meramente físico, mas por essa angústia terrível na alma. Fez isso por amor. Se Ele sofreu, foi porque muito mais amou. E Ele, aceitando essa morte, pisou na cabeça da serpente, e a ressurreição manifesta sua vitória sobre a morte, a morte eterna.

 Abraçar isso, abraçar essa vitória, exige compromisso de nossa parte. Vamos aceitar? Ou preferimos nos enganar, anestesiando-nos para que não sintamos o momento em que tudo nos vai ser tirado? 

 




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