Os 10,1-3.7-8.12, Sl 104, Mt 10,1-7
E, mais um dia, eis-me aqui, Senhor, batendo essas mal-traçadas na esperança disso ser uma oração sincera de um coração duro que deseja buscar-Vos. Ouvi a homilia do Padre Paulo Ricardo hoje, e ele notou um fato interessante. A fé de Israel começa em Abraão (ainda Abrão), que abandona seus pais e sua terra e parte, com sua esposa, para o oeste, sem saber exatamente pra onde, mas confiando em Deus sua vida. Deus lhe promete descendência, e ela lhe é concedida, nasce, na velhice deles, o menino Isaac. Mas Deus solicita um sacrifício. Abraão, homem de fé, confiando no Senhor, vai e entrega seu filho único. E ele lhe é poupado, e a aliança é selada: Abraão se converte no futuro pai de "uma multidão", avô de Israel com suas doze tribos, o povo escolhido por Deus. Na nova aliança, algo semelhante acontece: houve um ato de fé (o de Nossa Senhora: "fiat mihi secundum verbum tuum") e também um sacrifício, pois Maria sabia que aquele filho que lhe viria não seria para "ela", seria um dom de Deus pra humanidade, e isso se concretizou no Sacrifício da cruz, onde ela viu seu filho único sofrendo e morrendo, e Deus não o poupou: ele foi de fato entregue, e se entregou livremente, a fim de nos redimir e selar a Nova Aliança com seu sangue derramado por nós e "pro multis".
De algum modo, devemos imitar essa dinâmica em nossa vida. Primeiro, nós cremos. De algum modo nos convencemos que a autoridade da Igreja vem do próprio Deus que se revela, e desse modo assentimos a tudo ao que ela crê e ensina. Depois, Deus nos convida ao "dom de nós mesmos", em imitação ao seu Filho Unigênito. Devemos entregar a nossa vida a Deus: esse é o ato fundamental da vida do cristão. Todo o resto, que sabemos ser justo e necessário, é aquilo que "vem por acréscimo", pois só vem se unidos a Cristo, e é pela oração, é pela entrega, é por essa "consagração a Jesus Cristo" que nós de fato nos unimos a Ele, com a ajuda indispensável dos sacramentos, da Eucaristia, pão da vida, da confissão, que renova nosso propósito de seguir em frente, da participação da Santa Missa, onde ficamos diante de Calvário, ali, na nossa frente, mistério da fé.
Essa fé se fundamenta nos apóstolos, na fé deixada por Cristo a eles. É a "nomeação" desses apóstolos que lemos hoje no Evangelho. É do múnus dado a eles que participam os bispos hoje em dia. Que responsabilidade! Se não fossem os apóstolos, se não fosse esse múnus que permanece com os bispos hoje, não teríamos a Santa Missa, que permite que participemos do Calvário, não teríamos o Pão da Vida, que quem comer será salvo! Que, no dia de hoje, permanecemos fiéis a essa fé dos apóstolos, rezemos pelos bispos e entreguemos nossa vida a Deus, fazendo a nossa pequena parte e entregando tudo ao Senhor, para que, bebendo dessa fonte de água viva, possamos mostra-Lo a todos aqueles que nos couber mostrar. Louvado Seja o Vosso nome, Senhor. Consagro minha vida a Vós pelas mãos da Santíssima Virgem, Arca da Aliança.
Jesus chama seus discípulos
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