segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Segunda-Feira da 34ª Semana do Tempo Comum - 23/11/2020

Ap 14,1-3.4b-5, Sl 23, Lc 21,1-4

Estamos na última semana litúrgica do ano. Abrindo a semana com a festa de Jesus Cristo, Rei do Universo, continuamos lendo o apocalipse. Mas a mensagem do Evangelho é sobre o que meditarei: hoje, falamos da viúva que dá ao templo tudo que ela tem pra viver. Ela ofertou literalmente tudo o que tinha pra sobreviver, e ainda que fossem apenas alguns trocados, seu sacrifício foi muito mais agradável a Deus do que as grandes somas dadas pelos homens ricos. 
Obviamente este texto tem uma leitura espiritual, a respeito da nossa doação a Deus em tudo que fazemos, oferecendo a Ele tudo que temos. Mas vou focar mais na questão financeira mesmo. Estamos passando por um período de transição aqui em casa: minha esposa não foi capaz, por motivos justíssimos, de continuar o mestrado. Na melhor das hipóteses, não teremos mais a bolsa do CNPq que ela recebe. Na pior das hipóteses, se as justificativas para a desistência não forem aceitas, teremos que devolver uma soma que chega a quase 30.000 reais. Nossa renda, então, cairá bastante, o que nos forçará a algo que já deveríamos ter feito a tempos: um planejamento mais profundo de como gastar e um corte de praticamente tudo aquilo que é supérfluo. O que isso tem a ver com a viúva? Ora, numa época de corte de gastos, a primeira tendência é fechar a carteira e o rosto pr'aqueles que recorrem a nós, precisando de nossa ajuda. Claro, sejamos francos, não é todo mundo que pede que precisa, e não é toda ajuda que realmente ajuda, pois há muitos que usam o dinheiro dado por nós para se destruir. Mas a questão não é o que eles vão fazer, mas a nossa atitude perante o outro. Em primeiro lugar, quantas vezes gastamos com coisas que não nos fazem bem apenas para satisfazer um prazer, comprando doces, por exemplo? Em segundo lugar, Cristo disse para que fossemos generosos com quem pede, não que ficássemos vigiando a pessoa pra ver com que ela gastaria o que a gente está dando. Em terceiro lugar, e mais importante: é muito fácil usar esse "senso de responsabilidade" (ah, ele vai comprar drogas!) para justificar nossa falta de generosidade! Óbvio, é melhor dar comida que dinheiro, mas é necessário que não viremos as costas, ainda que doa, ainda que pareça que vai faltar pra nós no final, pois é justamente essa oferta confiante na providência de Deus, que diz que "tudo mais será acrescentado", que santifica, e não a doação do "excesso". O mesmo pode-se dizer do dízimo, da oferta, de toda sorte da ajuda financeira à paróquia ou instituições beneficentes ou religiosas. Que não fechemos o nosso coração, mesmo num período de vacas magras. A viúva era provavelmente mais pobre que os mais pobres de hoje, e ainda assim deu tudo para o Templo. Já vimos mendigos dando balinha pra nossa filha por pura vontade de presentear um bebê, ainda que aquela balinha seja importante para que eles possam comer a pobre comida cotidiana! Temos que ser generosos como os pobres. Devemos ser sim pão-duros, sim, mas conosco mesmos. Com quem precisa, generosidade. Ajuda-nos, ó Senhor, a sermos generosos, para que possamos Vos louvar com os cento e quarenta e quatro mil salvos, figura da totalidade dos bem-aventurados, ouvindo a canção que apenas os que Vos amam podem compreender. Stella Maris, Ora pro Nobis.

Viúva doando suas moedinhas ao Templo


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