domingo, 19 de abril de 2020

Domingo da Oitava de Páscoa ou Segundo Domingo da Páscoa - 19/04

At 2, 42-47 ; Sl 117 ; 1Pd 1, 3-9 ; Jo 20, 19-31

Na primeira leitura, Deus nos fala de como viviam os primeiros cristãos, como eles botavam tudo em comum, como eles colocavam o Senhor no centro de tudo e viviam isso. Não há como os primeiros cristãos, no frigir dos ovos, são eles as referências máximas de conduta que devemos ter. Os maiores santos, em virtude da Vontade de Deus que era propagar a fé, são os santos dos primeiros tempos, da era apostólica. Na segunda leitura, São Pedro nos explica que os sofrimentos e as provações nos são impostos para, como o próprio nome diz, nos provar, como se prova o ouro com fogo, como se prova o conhecimento de um aluno aplicando-lhe uma prova. Que fé é essa que não precisa se afirmar num contexto que lhe é adverso? E assim entramos no Evangelho, que é o famoso evangelho do "ver para crer" de São Tomé. Muito poderia ser dito aqui, mas o que me toca o coração, e aqui vamos direto ao sujeito principal dessa meditação, é a chaga do lado aberto de Cristo, na qual Ele manda que Tomé enfie sua mão. Era uma chaga grande, por certo, pois para caber uma mão é necessário que o ferimento seja enorme. Cristo manteve suas chagas porque elas são provas de amor e porque elas dão testemunho que é o mesmo Cristo que morreu que aparece agora diante dos apóstolos. Mas a chaga do lado aberto, a chaga no peito, mostra-nos uma coisa fundamental, aquela que é a mais fundamental do cristianismo, e que São Paulo já dizia no seu hino a caridade. De nada servem os dons, o conhecimento, a eloquência, ou até mesmo a fé, se não há a caridade. Sem a caridade, tudo é ouropel, tudo é ouro de tolo. Não que a fé não seja necessária, ela é necessária, sem fé não podemos ser salvos, mas ser "necessário" é diferente de ser "suficiente". A fé nos coloca no caminho certo, mas se não vivermos na graça e não crescermos na caridade, nada, absolutamente nada terá valido. Os estudos, o crescimento intelectual, se não tiverem em vista o bem dos outros, a pregação da Verdade que liberta e dignifica o homem, mostrando-lhe como recuperar a imagem de Deus, ou o crescimento na santidade e na caridade, de modo que nossa mente fique ordenada a fim de que possamos amar melhor, de nada valem. O trabalho, que coloca comida na mesa, de nada vale se não for uma entrega livre de si pelo bem daqueles que por você são sustentados, e também de nada vale se as adversidades mesmas advindas deste não forem ocasião para que você prove (provação) mais uma vez seu amor pelo Senhor, que sabemos pela fé, tudo dispõe para o nosso bem. Sem a caridade, tudo é palha. Então, como Cristo, rasguemos nosso peito, nosso lado, nos entreguemos, coloquemo-nos na posição de servos, de servidores, assim com Cristo fez por nós. Só isso nos dignifica. Só isso nos santifica. Só isso agrada a Deus e nos faz mais semelhantes a Ele. Que a caridade, que o rasgar o nosso peito, que a busca constante pelo "ter em si os sentimentos de Cristo" ordene nossa vida, e que tudo o mais esteja submetido a essa norma perfeita. Afinal, não é isso que é "buscar em primeiro lugar o reino de Deus"? O amor (que se funda no amor a Deus, que nos amou por primeiro) vale mais do que a morte, já dizia o salmo rezado hoje nas Laudes. Tudo o mais virá por acréscimo. Tenhamos esperança no Senhor.

Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo.

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