At 4, 23-31 ; Sl 2, Jo 3, 1-8
O Evangelho do dia é o Evangelho no qual Nicodemos vai ter com Jesus a noite, ficando confuso acerca do que significa "nascer do alto". Cristo ensina que a conversão, a justificação, não é uma realidade meramente humana. Ninguém se salva por ter bem desenvolvidas as tais virtudes humanas, embora elas sejam utilíssimas e se ordenem as virtudes sobrenaturais. Só pode se salvar aquele que "nasce do alto". Nascer do alto é, em primeiro lugar, perceber a insuficiência de si mesmo. O homem não pode salvar a si mesmo, e, como qualquer um que tenha buscado ser bom e puro de coração já percebeu, é muito claro o manancial lamacento de maldade que brota do nosso íntimo. É algo que se percebe nos escritos de muitos místicos: quanto mais santos eles se tornam, quanto mais "configurados a Cristo" eles estão, mais eles se percebem indignos dessa mesma justificação.
O homem, percebendo então que ele está mortalmente ferido, mortalmente ferido pelo pecado, se coloca diante de Deus como uma criança, confiando sua vida a Ele. Se não podemos salvar-nos a nós mesmos, Ele pode nos salvar. Mas somos maus, e a dignidade de Deus é infinita. Sendo a dignidade dele infinita, qualquer pecado nosso, que é no fundo um revolta contra o mesmo Deus, é uma ofensa infinita a Deus. Deus não guarda rancor, Ele não deixaria de nos perdoar assim mesmo, mas a realidade é que, pecando, ofendendo o fundamento mesmo do nosso ser, ofendendo infinitamente Aquele que nos criou de modo livre e gratuito para que participássemos de Sua felicidade infinita, nossa alma "se rompe", nossa alma "estraga", nossa alma "morre". O pecado é uma ingratidão tão grande, é um mal tão grande, que nosso íntimo só pode reagir ao pecado mesmo que cometemos de dois modos. Um deles, o menos dolorido, o menos sofrido, o "natural", por assim dizer, é passar a odiar seu próprio fundamento, buscando consolo nas criaturas. Quando a morte chega, quando passa o que há de passar, quando a pessoa fica diante do seu fundamento, não há o que fazer, esse fundamento é odiado, é rejeitado, e a alma precipita no inferno. A outra reação, muito mais dolorosa, é a do arrepender-se, é o de se reconhecer sujo, indigno, um verme, um canalha, um ingrato. A pessoa não foge dessa percepção passando a odiar a causa mesma dessa percepção, leia-se, Aquele que colocou essa percepção do Bem e do Mal em nosso coração, Deus. A pessoa percebe a sua grande indignidade e se coloca diante de Deus. Mas o que temos nós para oferecer a Ele? Diante Dele, até o arrependido se desesperaria, e não suportaria sua presença, pois nosso pecado exige fiança infinita. Mas Cristo pagou o preço pelos nossos pecados. Cristo é o próprio Deus, que se fez "pecado" (note, ele não se fez "pecador", se fez pecado, isso é, ele assumiu para si as culpas de todos os pecados do mundo apesar Dele ser puro e perfeito em grau sumamente grande). É sabendo que Cristo morreu pelos nossos pecados, e, usando nossa própria natureza humana como ferramenta, finalmente amou como homem a Deus do modo que Ele merecia ser amado, e também nos mostrou como deveríamos amar uns aos outros: derramando nosso sangue.
Diante de nossa ignobilidade, nos colocamos diante de Deus, e como Cristo morreu por nós, percebemos que a "dívida infinita" do homem como espécie pecadora e má diante de Deus foi paga. O pecado de Adão, pelo batismo, é apagado, o homem "nasce do alto" para uma nova vida, uma vida onde Cristo mesmo, em germe, passa a viver em nós. É uma vida, portanto, não "condenada", mas uma vida com esperanças. E, conforme Cristo se desenvolve em nós, vamos nos desenvolvendo nessa nova vida. Se nós, pela nossa própria indignidade que percebemos em nós mesmos, pela nossa enorme ingratidão e maldade, não podemos senão nos desesperar diante de Deus, pela "nova vida" dada por Cristo, podemos finalmente, pelos méritos Dele, crescer numa vida nova, nos libertar (pouco a pouco) do pecado e viver cada vez mais, como São Paulo dizia, de modo que "Cristo viva através de nós". Nenhum homem pode agradar a Deus por si mesmo. Apenas Cristo amou a Deus como Ele merece. Vivendo com Cristo, por meio de Cristo, pela ação do Espírito Santo, devemos nós mesmos nos transformar em Cristo, libertando-nos dos pecados e entregando tudo a Ele, de modo que nós, que estamos unidos a Jesus Cristo por natureza desde a Encarnação, possamos nos encontrar diante de Deus com esperança, pois deixamos que Cristo gerasse frutos em nossas vidas, não frutos humanos, mas frutos do próprio Deus que se fez carne.
Diante de nossa ignobilidade, nos colocamos diante de Deus, e como Cristo morreu por nós, percebemos que a "dívida infinita" do homem como espécie pecadora e má diante de Deus foi paga. O pecado de Adão, pelo batismo, é apagado, o homem "nasce do alto" para uma nova vida, uma vida onde Cristo mesmo, em germe, passa a viver em nós. É uma vida, portanto, não "condenada", mas uma vida com esperanças. E, conforme Cristo se desenvolve em nós, vamos nos desenvolvendo nessa nova vida. Se nós, pela nossa própria indignidade que percebemos em nós mesmos, pela nossa enorme ingratidão e maldade, não podemos senão nos desesperar diante de Deus, pela "nova vida" dada por Cristo, podemos finalmente, pelos méritos Dele, crescer numa vida nova, nos libertar (pouco a pouco) do pecado e viver cada vez mais, como São Paulo dizia, de modo que "Cristo viva através de nós". Nenhum homem pode agradar a Deus por si mesmo. Apenas Cristo amou a Deus como Ele merece. Vivendo com Cristo, por meio de Cristo, pela ação do Espírito Santo, devemos nós mesmos nos transformar em Cristo, libertando-nos dos pecados e entregando tudo a Ele, de modo que nós, que estamos unidos a Jesus Cristo por natureza desde a Encarnação, possamos nos encontrar diante de Deus com esperança, pois deixamos que Cristo gerasse frutos em nossas vidas, não frutos humanos, mas frutos do próprio Deus que se fez carne.
Que, sabendo que Cristo é o fundamento do cosmos e o único Salvador, possamos nos colocar totalmente diante Dele, sabendo que nada é mérito nosso, mas que tudo de bom e do agrado de Deus que possamos fazer é feito, necessariamente, em união com esse mesmo Cristo que nos infunde esperança, esperança de salvação, esperança de, no findar de nossos dias, encontrar-se justificado diante de Deus, justificado pela vida na caridade que é a vida do próprio Cristo se manifestando em nós. Que possamos ir para o céu, e nos alegrar infinitamente e louvar eternamente a Deus pelo seu amor totalmente desinteressado para conosco, por ter nos criado, redimido, deixado sua Igreja e possibilitado que possamos viver uma vida nova, não essa vida indigna de verme que rasteja, mas a vida do próprio Cristo, uma vida com germe de santidade, uma vida de filho de Deus.
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