domingo, 31 de maio de 2020

Domingo de Pentecostes - 31/05

At 2,1-11, Sl 103, 1Cor 12,3b-7.12-13, Jo 20,19-23


 Nesse domingo, celebramos Pentecostes. Cristo vem ao mundo, nasce, cresce, vai a vida pública, prega o Reino de Deus e a conversão, faz milagres, é julgado de modo iníquo e é morto na cruz, e depois ressuscita. 40 dias depois, ascende aos céus para a direita de Deus Pai, glorioso. 10 dias depois da Ascensão, ele manda o Espírito Santo e, deste modo, os apóstolos finalmente compreendem e passam a viver de modo incansável aquilo que Cristo havia delegado a eles. E assim a Igreja recém-fundada se espalhou por grande parte do velho mundo. E aqueles apóstolos, nessa entrega, nessa pregação da Verdade profunda a respeito de Deus, encontraram a paz, a paz não como o mundo a dá, não a "pax romana", não a paz da "fraternidade entre os povos" do CVII, mas a paz que vem de Jesus Cristo, filho de Deus. 

  Ontem ocorreu comigo um incidente bem desagradável: passei por humilhações e xingamentos por parte de um padre que não concordou com minha postura de não comungar na mão. Se Deus permite que eu sofra por esse motivo, que bom! Eu bem que mereço tais humilhações e xingamentos, e todo homem que busca a santidade vai, uma hora ou outra, passar por isso. Não é a primeira vez que sou xingado por padres. Devo realmente ser muito chato. Enfim, esse tipo de incidente vem pra mostrar o quanto somos inseguros, como somos fracos na fé, como muitas vezes procuramos aprovação por parte dos outros. Eu tendo muito ao desânimo, a ficar deprimido, e obviamente esse incidente serviu, ontem, a esse propósito. Desse modo, vem em meu auxílio a figura do Espírito Santo. Não foi simplesmente por meio de tolas leituras que me decidi, de modo definitivo, pela não comunhão na mão. Foi por ver que tal prática, em potencial, pode levar a profanações, e que é uma obra de amor a Jesus Cristo não comungar de um modo que pode levar a possíveis profanações. Ora, minha mão sua muito, e por vezes encontrei quatro, cinco fragmentos em minhas mãos. A própria comunhão na mão é um mal em si, ouso dizer, embora as pessoas comunguem assim por vezes com grande piedade e na maior das boas intenções. Elas, definitivamente, não pecam. Mas e eu, que sei a origem e sei dos perigos? Será que eu não peco comungando na mão? Desse modo, eu decidi nunca mais comungar assim, crente de que Deus, nesse momento de privação, não me deixará desamparado. Depois de muita oração, me decidi por isso, e agora vejo como os argumentos a favor da comunhão de tal modo são falhos, falaciosos, e tem, no duro, sua origem no Maligno, que não deseja que tratemos o Santíssimo Sacramento com o devido respeito.

 Ora, a figura do Espírito Santo vem para nos animar, para nos fortalecer, para nos esclarecer, para nos mostrar o que devemos fazer para O agradar e seguir no caminho que Ele preparou para nós. Meu Senhor, nesse domingo, eu peço que o Espírito Santo, que recebi no Batismo e na Crisma, possa me animar. Que eu possa ver o propósito profundo pelo qual faço o que faço. Que eu tenha um ideal de vida que tenha Jesus Cristo em seu centro. Que eu possa fazer a Tua vontade independentemente do agrado ou desagrado das pessoas. Que eu seja sempre fiel a fé que é guardada pela Igreja Católica de 2000 anos, cuja pedra angular é Cristo e a primeira pedra é Pedro. Ajuda-me, Senhor, a me manter inabalável perante as críticas injustas, mas sempre humilde e vigilante diante daquilo que for me dito e que é verdade. Que a soberba em mim desapareça, que eu seja um homem humilde, escravo da Verdade, escravo do Senhor. Ajuda-me, Senhor, a dar testemunho de vida, de amor, de bondade, da entrega, de dedicação, enfim, que eu possa, na caridade, viver a vida que Vós desejais que eu viva. Manda teu Espírito Senhor, e tende misericórdia de mim, homem fraco na fé e na vontade. Ajuda-me a ser santo! Ajuda-me a viver conforme a Tua vontade.

 São Filipe Neri, ora pro nobis. Santa Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós.

 Pentecost: Everything you need to know


sábado, 30 de maio de 2020

Sábado da 7a semana da Páscoa

At 28,16-20.30-31, Sl 10, Jo 21,20-25 

  Tanto a primeira leitura quanto o Evangelho reforçam aquele ponto no qual venho batendo a alguns dias: o de que Deus dá algo como meio de possibilitar que nós cooperemos na história da Salvação. Na primeira leitura, vimos que São Paulo foi levado pra Roma para se julgado (e ele tinha esse direito por ser cidadão romano) e lá ficou por alguns anos. Não foi um tempinho a mais que Deus a ele para que ele pudesse curtir a vida: o Senhor esperava algo Dele. Não no sentido de "Deus precisava dele", porque Deus não precisa de suas criaturas, mas ele quer que as criaturas cooperem com Ele na obra da salvação. E S. Paulo atendeu seu chamado, pregando aos romanos e levando o catolicismo (junto com São Pedro, o sabemos) para a capital do mundo pagão. Roma é hoje a cidade mais importante para os católicos. Será que seria se São Paulo tivesse apenas "aproveitado" seus últimos anos para viver uma vida tranquila?
 No Evangelho, surge o boato, com base nas palavras de Cristo, de que São João não morreria. "Se eu quero que ele viva até que eu volte, qual é o problema?". Mais uma vez, Jesus Cristo não deixou que São João derramasse seu sangue no martírio porque esperava algo diferente dele. Pra cada dom, uma missão. São João cuidou da Santíssima Virgem Maria até que ela fosse levada aos céus, e depois fez discípulos (sabemos, por exemplo, de Santo Inácio de Antioquia) e escreveu o Evangelho de São João (que é o utilizado pela Igreja em tempos solenes, não sendo colocado no mesmo patamar dos outros três: é, de certo modo, colocado "acima") e o Apocalipse, um livro misterioso cujo conteúdo se refere, não só apenas, mas se refere, a como se dará o Fim dos Tempos. Será que São João ficou fazendo cestinhas de juta para encher a barriga? Bom, de algum modo ele precisou buscar sua própria subsistência, mas é óbvio que ele atendeu também o chamado de Deus pra sua vida, que vejamos só, era totalmente diferente do de Pedro ou de Paulo, apesar de ser um apóstolo. São João é o protótipo do contemplativo, daquele que é chamado a uma vida mais recolhida, voltada mais plenamente pras coisas de Deus (não que os outros apóstolos não fossem também contemplativos!). Cada um com seu propósito. 

 Senhor, nesse dia de hoje, ajuda-me a viver de modo conforme ao propósito que Vós colocaste em meu coração. Me fizeste para algo, iluminai a minha mente para que eu discirna esse "algo" com clareza cada vez maior. Ajuda-me, Senhor, a não me afastar desse propósito. Ajuda-me a doar minha vida na cooperação convosco na obra da Salvação.

 Virgem Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós.


Tumba de São João Evangelista, nas ruínas da basílica de São João em Éfeso

sexta-feira, 29 de maio de 2020

Sexta-Feira da Sétima Semana da Páscoa - 29/05

At 25,13b-21, Sl 102, Jo 21,15-19


 Após uma interessante primeira leitura, que demonstra a confusão dos romanos perante a querela entre São Paulo e os judeus, temos no Evangelho a famosa profissão de Pedro, não a profissão de fé, mas a profissão de amor, na qual Jesus por três vezes pergunta a Pedro se ele O ama. Três foram as vezes que Pedro negou Jesus antes que o galo cantasse, e três foram as vezes que Cristo perguntou se S. Pedro o amava. Jesus então pede para que ele apascente "suas ovelhas" e revela, de certo modo, o tipo de morte que S. Pedro iria padecer.
 Ora, o chamado de São Pedro é um chamado especialíssimo: é da autoridade dele, é desse "apascentar os cordeiros" que nasce a autoridade Papal: é uma autoridade que participa, por vontade de Cristo mesmo, da autoridade de Jesus. É uma autoridade que faz dele o "servo dos servos". É grande aquele que se coloca diante do outro e o serve! Em alguma escala, o mesmo vale pra gente, pra nós, leiguinhos vagabundos e inúteis. Muitas vezes pecamos, somos infiéis, somos preguiçosos, somos irascíveis, enfim, desagradamos a Deus, mas a cada erro Deus reitera seu chamado, convidando-nos ao arrependimento. Obviamente é um arrependimento doloroso, pois é muito patente o quanto Deus nos ama e também é muito patente o quanto não o amamos de volta como Ele merece, como, por vezes, vivemos para nós mesmos, para satisfazer nossos gostos bobos e nossas vontades egoístas, não para fazer a vontade de Deus. É o que disse o Padre Jonas na homilia ontem: a vida do homem (católico) é uma missão, que direta ou indiretamente deve manifestar ao mundo o Cristo Crucificado, escândalo para os gregos, loucura para os judeus, e salvação para todos os homens que se colocam diante Dele e percebem que Ele é o Filho do Deus Vivo.

 Essa entrega a Jesus é por definição dolorosa. São Pedro morreu crucificado de ponta-cabeça, pois não se sentiu digno de morrer uma morte igual a de seu Divino Mestre. Nós, se perseverarmos no caminho do Senhor, também passaremos por grandes sofrimentos. Se ainda não passei pelos meus, é provavelmente porque minha fé ainda é fraca.

 Jesus Cristo, filho do Deus vivo, eu Vos amo. Ajuda-me, neste dia, a demonstrar a Vós meu amor fazendo tudo aquilo que eu me propus a fazer (e que tem, de algum modo, a Vossa Glória como fim). Ajuda-me a trabalhar escrupulosamente, a tratar muito bem minha esposa (que faz 25 aninhos hoje), a suportar com paciência quaisquer adversidades, seja chatice da minha filhinha que adora gritar, seja a aridez da física que preciso estudar. Peço também, Senhor, pelo fim dessa pandemia, que afasta tanto as pessoas umas das outras. Que o Vosso nome, Senhor, seja louvado pelos séculos dos séculos. E viva Pedro! Viva o papado! Que o Espírito Santo possa inspirar o Papa Francisco em todos os seus atos. 


 Feed My Sheep
Apascenta minhas ovelhas

quinta-feira, 28 de maio de 2020

Quinta-Feira da Sétima Semana da Páscoa - 28/05


At 22,30; 23,6-11, Sl 15, Jo 17,20-26


 No Evangelho de Jesus, ainda na oração sacerdotal, Jesus Cristo reforça o caráter uno daqueles que creem Nele. A unidade daqueles que creram no que disse Cristo e receberam o batismo é a unidade mesma da Igreja, uma unidade que consiste na filiação divina e na profissão de uma fé reta. Todos os batizados que creem (ou pelo menos pensam que estão crendo) em tudo que crê e ensina a Santa Igreja estão unidos como membros de um mesmo corpo, o Corpo Místico de Jesus Cristo, como, aparentemente, ensina Pio XII. É esse corpo a "videira", fora da qual não podemos dar frutos. A edificação desse corpo, o completar o "número dos eleitos" e manter os unidos unidos, é a função da parte docente da Igreja, a hierarquia, padres, bispos. Os leigos não devem ensinar no mesmo sentido que os bispos ou padres, dando um discernimento geral a todos os fiéis, mas, entretanto, os leigos são sim chamados a pregar o Evangelho e a Fé da Igreja com sua vida e também ensinando, embora de modo diverso dos bispos (não coisas diferentes, mas com autoridade e foco diferentes). "Poderíamos fazer cestinhas de juta e encher o bucho", mas, nesse momento, é isso que Deus espera de nós? 

 Ontem fiquei muito tocado diante da situação de alguns irmãos na fé. Um homem recém-enviuvado, com diversos filhos e sem com quem deixa-los para trabalhar: eis uma situação que vai de encontro a minha confortável vida burguesa. É, num primeiro momento, clamoroso: por acaso aquele homem pecou mais do que eu para merecer passar por tudo isso? E daí, olhando para minha própria vida, é fácil perceber que não. Nossos sofrimentos e nossas dificuldades nessa vida não são proporcionais aos nossos erros e pecados, e, de modo complementar, nosso "bem-viver" no sentido material não é proporcional a nossa virtude. No sofrimento, somos convidados a nos unir a Cruz de Cristo, e diante do sofrimento do irmão, somos convidados a nos compadecer dele como se estivéssemos a ver o próprio Cristo nele. Se Deus me deu essa vida "confortável" financeiramente, se Deus me deu inteligência prática, se Deus me deu uma linda esposa e uma filha graciosa, é porque Deus espera algo de mim. São "talentos" que Ele me deu, não sinais de sua aprovação. Que, diante desses talentos, eu não aja nem como um filho pródigo, que dissipa seus bens de modo ingrato, nem como aquele homem que, preguiçoso e medroso, enterra o talento na terra, como se não aceitasse os encargos relativos a aquilo que foi dado. Ajuda-me, Senhor, a bem utilizar o que me foi dado, não para fins egoístas, mas para Vos servir. Ajuda-me, Senhor, a tudo fazer por Vós e em Vós. Salve-me, Senhor, tende misericórdia de mim, por tua infinita bondade. Ajuda-me a tudo ordenar com vista da maior Glória do Vosso Nome. Que eu possa dar testemunho de Vós, assim como S. Paulo, com minhas palavras e minha vida. Que eu não desperdice isso.

 Nossa Senhora, mãe dos pobres, rogai por nós.

our lady of the poor | Cacoethes scribendi : A Seminarian's Blog
Nossa Senhora dos pobres

quarta-feira, 27 de maio de 2020

Quarta-Feira da Sétima Semana de Páscoa - 27/05

At 20,28-38, Sl 67, Jo 17,11b-19


 No dia de hoje, Jesus fala a nós por meio de seu Evangelho, acerca da unidade da Igreja. Não existe, em sentido estrito, uma miríade de igrejas. Só há uma Igreja, esposa de Cristo, da qual Ele é a Cabeça. Essa Igreja É a Santa Igreja Católica, cuja unidade é uma de suas notas distintivas. O ecumenismo, desse modo, visa a unidade das comunidades separadas na única Igreja de Cristo, não a união "na diversidade" das múltiplas denominações cristãs numa convivência pacífica das mais diversas confissões (ainda que elas claramente contradigam umas as outras!). Todo o ensino da Igreja aos não-católicos tem como fim, ou deveria ter como fim, a conversão destes a Jesus Cristo na Santa Igreja. Isso é, ou deveria ser, ponto pacífico. Desse modo, é ao mesmo tempo um enorme privilégio e uma grande responsabilidade esse fazer parte da Santa Igreja, hierárquica, una, santa, Esposa de Cristo, essa Igreja que é apostólica por natureza, porque se enraíza nos apóstolos, de cujo múnus os bispos participam, e que é apostólica também porque nunca deve cessar seu ensinar, seu fazer apóstolos, seu pregar do Cristo Crucificado que é loucura para os gregos e escândalo para os judeus.

 Hoje sabemos, como predisse São Paulo, que muitos "dentre vós" (no caso, dentre nós) agem como lobos, dispersando as ovelhas e as abatendo com heresias e pecados. É nesse contexto que somos chamados a agir. Sou um leiguinho vagabundo, mau, pecador, inútil, mas percebo que no mundo de hoje sou chamado a agir na direção de uma intelectualidade que recupere a verdadeira ordem de todas as coisas em Jesus Cristo. Cada batizado é chamado a uma coisa, e não a outra, e eu, Igor, fui chamado a vida intelectual e a vida matrimonial. Esse chamado deve ser ouvido em sintonia com tudo que sempre creu e ensinou a Santa Igreja. Quero, Senhor, estar em unidade convosco! Protege-me das falsas doutrinas e anima meu coração, a fim de que eu não caia, mais uma vez, num horrível marasmo de quem não sabe porque está vivendo. Vós sois o sentido de minha vida, e eu quero, nesse mundo, continuar a Vossa obra. 

 Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
Paul's Farewell and Mine | Block Island Times
O Adeus de São Paulo aos Efésios

terça-feira, 26 de maio de 2020

Terça-Feira da Sétima Semana da Páscoa - 26/05


At 20,17-27. Sl 67, Jo 17,1-11a

 Após ler a bela história de São Paulo, que vai a Jerusalém sem saber o que lhe vai acontecer, e mostrando que, uma vez catequizado, uma vez ensinado, um homem é plenamente responsável pela sua apostasia, vamos ao Evangelho, que é o começo da oração sacerdotal de Jesus Cristo. Uma coisa interessante que Ele diz, e reforço aqui em virtude da homilia que vi do Pe. Paulo Ricardo, é o fato de que é Jesus quem revela a face de Deus, é Jesus quem nos dá tudo quanto o Pai deu a Ele. O Pai é Amor, e Ele ama o Filho com Amor perfeito, doando ao Filho seu Ser, que é também Amor. E, por meio de Cristo, somos sustentados, ganhamos ser, não o Ser de Deus, mas um ser participado que é doado por Deus mas é "extra" Deus. Se eu tiver dito alguma coisa panenteística aqui, renego publicamente e me coloco sob a autoridade da Santa Igreja, porque, se o fiz, é porque sou ruim de terminologia. 
 Enfim, é Cristo quem nos revela o Pai. Quem não conhece o Pai não O ama, e como pode alguém querer passar a eternidade ao lado de quem não ama? O que Cristo revelou foi guardado pelos 
Apóstolos e existe hoje em triplo modo na Escritura, na Tradição e no Magistério da Igreja. Esse tripé nos revela quem é Cristo, que nos revela quem é o Pai, para que assim possamos ama-Lo. Que, no dia de hoje, possamos viver conforme o que aprendemos cooperando com a Graça e vivendo a Verdade, de modo que manifestemos o Cristo que manifesta o Pai nesse mundo. Que possamos doar nossa vida a Cristo de modo análogo a doação de São Paulo a Cristo, na pregação do Evangelho a todos os povos. Não deixeis, Senhor, que meu olhar se desvie de Ti no dia de hoje! E ajuda-me a rezar o terço com piedade e comungar com reverência (se me for permitido comungar na boca) no terço e na missa dos quais, com a graça de Deus, participarei hoje a noite.

 Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo, e viva Cristo Rei, filho da Santíssima Virgem.

 The Sacerdotal Prayer Eugene Burnand l Moudon Museum, Switzerland ...

A oração sacerdotal, de Eugene Burnand

segunda-feira, 25 de maio de 2020

Segunda-Feira da Sétima Semana da Páscoa - 25/05

At 19,1-8, Sl 67, Jo 16,29-33

 "No mundo tereis tribulações. Mas, coragem, eu venci o mundo!". No Evangelho de hoje, Jesus Cristo vem para colocar a si mesmo como fundamento inabalável de nossa esperança. Ele morreu por nós e ressuscitou dos mortos, carregando todos os nossos pecados sobre seus ombros. Deste modo, ele venceu aquilo que por nós não pode ser vencido, e deu-nos, pelo Espírito de Pentecostes, a capacidade de com Ele carregarmos a cruz e segui-Lo, participando de sua Paixão redentora. Nesse mundo termos tribulações, provações, cruzes. Existem situações muito difíceis que precisaremos viver, e viver conforme a vontade de Cristo, tudo isso enquanto o Mundo tenta nos afastar de Deus, a Carne nos flagela com suas concupiscências e o Diabo faz com que tomemos as piores atitudes e cedamos aos piores impulsos. Cristo deu sua própria carne, derramou seu sangue, para redimir a criação decaída e vencer o Diabo. Ele venceu tudo isso. Coragem! Que, nesse dia de hoje, perante cada dificuldade, perante cada vazio de sentido, eu não vá me afogar em procrastinações e no alimentar minha curiosidade. Que eu possa recorrer Àquele que venceu o mundo. Que minha vida, Senhor, possa ter em Vós a minha fonte de ânimo, de coragem, de alegria.

 Nossa Senhora concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós.

Ficheiro:Eustache Le Sueur - The Preaching of St Paul at Ephesus ...
Pregação de São Paulo em Éfeso

domingo, 24 de maio de 2020

Domingo da Ascensão do Senhor - 24/05

At 1,1-11, Sl 46, Ef 1,17-23, Mt 28,16-20 

 Hoje é o Domingo da Ascensão, e todas as leituras, obviamente, são voltadas a esse fato. Os anjos disseram aos apóstolos: "galileus, porque ficais aí olhando para os céus?". Temos muito essa tendência. Buscamos uma palavra de Vida Eterna que guie cada passo de nossas vidas, mas por vezes mais buscamos que vivemos, guardando tudo em nossa mente sem aplicar em nossas vidas. Cristo diz no Evangelho que está conosco todos os dias, até o fim dos tempos. Cristo se encontra em todos os sacrários do mundo, e se entrega em sacrifício por nós e por muitos em cada Santa Missa que é celebrada. Nós, no fundo, temos preguiça de amar Jesus, e nos conformamos com um seguimento Dele que é mero "não-pecar". Imagine só o que seria feito dos apóstolos se eles simplesmente quisessem "não pecar"? A omissão já é, em si, um pecado,  pois Deus tem um chamado a cada um de nós ao qual devemos corresponder. Não basta ficar olhando pros céus apenas, devemos ir e fazer. Não adianta ler que se deve rezar e depois ficar olhando pro céu (ou pro notebook, o que é bem pior e mais verossímil) ; devemos rezar! Não adianta ler que se deve buscar Jesus Cristo, amando-O acima de tudo e querendo sua companhia ; devemos busca-Lo! Não adianta perceber qual é a nossa vocação para não cumpri-la ; devemos cumpri-la! Não adianta saber que ser preguiçoso é mau e depois ficar mirando o notebook ; devemos lutar contra a preguiça! Não adianta, em suma, saber que devemos amar a Jesus e entregar nossa vida para a maior glória Dele e para a salvação das almas e depois ficar olhando pra cima ; devemos entregar de fato nossa vida a Ele, agindo concretamente para tal. "Não fiqueis a olhar para o céu". Que eu possa, a partir de hoje, organizar minha vida, cumprir bem meu dever de estado, nunca me irritar com minha esposa, ser paciente com minha filha, rezar bastante pedindo a Deus que ele cure dos meus vícios, de minha preguiça, da minha sede de prazer (que seja uma boa cama, um banho quente!) e me ajude a amar. Que eu possa agir concretamente na busca do cumprimento pleno da minha vocação, buscando e rezando sempre para que o Senhor me mostre os meios pelos quais Ele deseja que eu pregue sua Palavra de Salvação. E que, percebendo, tateando como que no escuro isso que me parece ser o caminho, sendo esse caminho conforme ao que ensina a Santa Igreja, eu possa planejar concretamente, buscando os meios para cumprir tal coisa, agindo como se tudo dependesse de mim, mas sabendo, que no fundo, tudo depende de Deus, como diz Sto. Inácio de Loyola. 

 Senhor, dê me coragem e força para que eu possa sair dessa abismo de ociosidade e curiosidade no qual caí. Que, nesse domingo que é o Domingo da Ascensão, eu possa também de certo modo "ascender", que eu saia dessa prisão na qual me meti que é a das vicissitudes da carne para viver conforme o Espírito de Jesus, que Ele, dez dias depois da ascensão, derramou sobre nós no Pentecostes. Ajuda-me, Senhor, a dedicar a Vós cada momento de minha vida. E peço a Vossa misericórdia, Senhor, pelas mãos imaculadas da Santíssima Virgem Maria.

 Que, nesse Domingo, todos aqueles que se sentem tristes e desanimados possam se alegrar, que aqueles que se encontram longe de Vós possam se achegar a ti, que a fé dormente dos acidiosos possa acordar. Dê-nos coragem, Senhor, e fica "conosco até o fim de nossos dias", para que, com a Vossa graça, nós possamos fazer a Vossa vontade. Que a Vossa vontade, que fazer o que Vós disseste, seja a norma de nossa vida. Louvado Seja Nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo, Rei dos Reis.

 Ficheiro:Jesus ascending to heaven.jpg – Wikipédia, a enciclopédia ...
Ascensão de Jesus Cristo

sexta-feira, 22 de maio de 2020

(não é meditação do dia) Sexta-Feira da Sexta Semana da Páscoa - 22/05


 Nessa sexta-feira eu peço a misericórdia de Deus, pois sou um homem mau.
 Ajuda-me, Senhor, a morrer para aquilo que é mau e viver para aquilo que é bom.
 Ajuda-me, Senhor, a crucificar o homem velho para ressuscitar contigo um homem novo.
 Ajuda-me, Senhor, a fugir das armadilhas do amor próprio, do querer ter razão.
 Ajuda-me, Senhor, a fugir da armadilha do "e eu, como fico?"
 Ajuda-me, Senhor, a não mais enervar minha esposa com uma miríade de assuntos que não a interessa. Que eu escreva textos e poste no blog, no facebook, mas que eu não fique falando disso o tempo todo.
 Ajuda-me, Senhor, a não esperar nada de ninguém, pois sendo o pecador que sou não mereço nada de bom.
 Ajuda-me, Senhor, a me doar sem querer algo em troca;
 Ajuda-me, Senhor, a amar a Vós em primeiro lugar, não a busca pelo respeito dos homens ou qualquer coisa do tipo.
 Ajuda-me, Senhor, a ser silencioso e meditativo, como São José.
 Ajuda-me, Senhor, a parar de viver em função de um futuro desejável aqui nesse mundo.
 Ajuda-me, Senhor, a morrer pra mim mesmo para renascer para Vós.

 Vos imploro, ó meu Deus, pela intercessão da Imaculada Santíssima Virgem Maria: tende piedade de mim, ouvi o meu clamor!

 E ajuda-me a comungar na mão do modo mais seguro e respeitoso possível. Não quero, meu Senhor, ser responsável por qualquer profanação de Vosso Sacratíssimo Corpo, mas também não quero deixar de recebe-Lo. Valei-me, ó meu Deus!

quinta-feira, 21 de maio de 2020

Quinta-Feira da Sexta Semana da Páscoa - 21/05


At 18,1-8, Sl 97, Jo 16,16-20 

 Nesse dia meditei as leituras enquanto adorava o Santíssimo Sacramento exposto. Não posso dizer que consegui adorar tão bem quanto Cristo merece ser adorado, as inúmeras distrações tentam me tirar do eixo e a minha falta de diligência por vezes não luta contra essas mesmas distrações. Entretanto, pude tirar algumas mensagens importantes. Na primeira leitura, São Paulo faz tendas com Áquila e Priscila, até que Timóteo e Silas chegaram da Macedônia e puderam assumir o "sustento" de São Paulo, que se dedicou, de corpo e alma, totalmente a pregação do Cristo Crucificado que é loucura para os gregos e escândalo para os judeus, mas que é a resposta da qual o homem precisa para salvar-se do náufrago de sua alma. Nós também somos chamados a trabalhar para obter nosso sustento, e devemos fazer esse trabalho com dedicação e diligência, sem contudo desviar nosso olhar de Deus. Somos chamados a aguentar as dificuldades desse trabalho com paciência, e em cada pequeno ato elevar nossos olhos a Deus. Se esse trabalho for de natureza intelectual (tipo fazer pesquisa em física) e não ajudar ninguém diretamente por ele mesmo (como, novamente, é meu caso) então meu dever é buscar a transcendência nesse conhecimento que obtenho de modo a, por meio daquilo, mostrar os "vestígios" que Deus deixou na criação, que, no final das contas, podem ser obtido de meio muito mais certo pela filosofia. É um trabalho humildíssimo, sem dúvidas. Mas também somos chamados a não nos conformar. Não é porque estou fazendo física que devo me conformar em ser físico, construir uma carreira como físico, etc. Se existe (e existe!) a possibilidade de viver de algo que ou ocupe menos tempo e dê mais tempo para fazer um apostolado mais frutífero (apostolado não é trabalhar bonitinho, é pregar Cristo!) ou se há ainda a possibilidade de viver desse apostolado mesmo (ex: criar uma escola) então eu DEVO fazer isso, pois isso seria um modo muito mais perfeito de entregar minha vida a Deus. Como leigo, devo tentar transformar o mundo para torna-lo mais conforme a vontade de Deus, não apenas me conformar com ele padecendo seu modo de ser e me contentando com rezar um pouquinho, estudar coisas legais sem dar frutos e construir uma carreira. Isso é burguesismo espiritual! Preciso pregar Cristo. É o que disse São Jerônimo, ele poderia viver bem se passasse todo seu tempo construindo cestinhas de juta para vender, mas ele preferiu traduzir a bíblia (e por isso foi atacado). Isso, lamentavelmente, é um contraponto a doutrina de S. Josemaria Escrivá, garoto propaganda do CVII. Mas permaneçamos fiéis a Jesus Cristo na Santa Igreja, sempre sempre sempre.

 No Evangelho, Cristo diz que vai e que depois volta. E ele voltou, ascendeu aos céus mas deixou a Sagrada Eucaristia, onde Ele se encontra completamente. Poxa, aí diante de nós temos o sentido de nossas vidas! Não nascemos para construir um paraíso terrestre (senão que devemos nos esforçar para que esse mundo seja espelho do outro de modo que as pessoas vejam a Ratio Divina e olhem para o Catolicismo como sua fonte), nascemos para o céu, nascemos para Jesus Cristo, ao menos nós que somos filhos de Deus pelo batismo. Ó Jesus, ajuda-nos a amar esses momentos mais do que tudo em nossa vida. Ajuda-nos a amar-Vos acima de tudo, ajuda-nos a adorar-Vos em espírito e verdade, repousando nosso coração em Vós, pela Graça do Espírito Santo. 

 Que possamos viver uma vida tal que possamos morrer como morreu São Paulo, vendo a morte da carne para a vida eterna como um prêmio, como uma coroa imperecível, não como uma tragédia sem solução. 

 Jesus Cristo, filho de Maria, tende piedade de mim pecador!

 Santos Áquila e Priscila - Instituto Hesed
São Áquila e Santa Priscila, ora pro nóbis.

quarta-feira, 20 de maio de 2020

Quarta-Feira da Sexta Semana da Páscoa - 20/05

At 17,15.22 –18,1, Sl 148, Jo 16,12-15 
 Na primeira leitura, vemos o malfadado episódio de São Paulo em Atenas. Nesse episódio, excepcionalmente, São Paulo busca evangelizar partindo do que "há de bom" naquela falsa religião dos gregos, associando um suposto "deus desconhecido" com o Deus verdadeiro, que se encarnou em Jesus Cristo. Note que não há uma pregação muito explícita de Jesus como Deus ou como filho de Deus, dando-se maior atenção aos pontos em comum entre o novo cristianismo e a velha e falsa religião pagã. Alguns se converteram, como Dionísio Aeropagita, mas a maioria ou debochou dele ou julgou sua história desimportante. Essa abordagem de São Paulo deve ser vista como NÃO se deve abordar um dado povo para lhes levar o Evangelho! Notemos que São Paulo respeitava muito o povo ateniense, julgando-os muito sábios, de uma sabedoria humana, mas sábios. A Igreja de hoje em dia também julga o "homem moderno" como muito sábio, porque este sabe fazer aviões (bom, a maioria não!) e tem acesso a informação via internet (na qual ele consome Netflix e pornografia, as vezes as duas ao mesmo tempo). Os estoicos e epicuristas possuíam uma aparente sabedoria, mas, principalmente no caso dos epicureus, sua sabedoria era racionalização da mais desesperada bestialidade. Mas porque o homem de hoje é tão insensível a verdade? Será que seria diferente se a Igreja continuasse assertiva? Com certeza seria, mas jamais saberemos, afinal a estratégia do "deus desconhecido" foi a escolhida e estamos onde estamos agora. Que isso sirva de lição ao único que posso mudar com a Graça de Deus: eu mesmo.

 Já no Evangelho, Cristo explica que apenas o Espírito Santo pode fazer o homem entender bem o que Ele disse. Ora, o Espírito Santo vem iluminar àqueles que são humildes e se colocam diante do mistério de Cristo sem compreender como tudo aquilo é possível. Vem então essa luz sobrenatural da Fé, que eleva nossa mente a um nível superior, fazendo-a compreender o que é incompreensível pelas forças humanas. Mas para tal, o mistério de Cristo precisa ser colocado do modo correto e o homem precisa ser humilde! O homem moderno, assim como o grego, está muito seguro de sua sabedoria (ou auto-suficiência, especificamente hoje em dia). Nos resta fazer o homem perceber a sua insuficiência, para assim pregar Jesus Cristo como a única, a única resposta possível a essa mesma insuficiência. Essa deve ser nossa estratégia, unida a muita oração e amizade com Deus, pois apenas nessa amizade a Graça santificadora do Santificador pode agir em nós. 

 Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós!


Areopagus sermon - Wikipedia
Sermão de São Paulo em Atenas

terça-feira, 19 de maio de 2020

Terça-Feira da Sexta Semana da Páscoa - 19/05


At 16,22-34, Sl 137, Jo 16,5-11

 Na primeira leitura, vemos a conversão do carcereiro a Jesus Cristo. Uma coisa que me marca nessa passagem, principalmente em virtude do meu temperamento um tanto quanto melancólico e minha tendência a dissipação, é a alegria desse converso. A Verdade nos foi revelada, somos batizados, somos filhos de Deus, de um Deus todo-poderoso que nos ama. A vida católica deve ser permeada de verdadeira alegria, obviamente não uma alegria que dissipa, mas uma alegria fundada no amor de Deus e que motiva a ama-Lo de volta, cooperando com sua graça. Essa alegria não contradiz penitências, essa alegria não contradiz orações de súplica, essa alegria , na verdade, é uma "anti-acídia", é se alegrar com o Bem de Deus, é se alegrar com aquilo que Ele deseja pra nossa vida.

 No Evangelho, Jesus Cristo diz que, subindo aos céus, mandará o Defensor, o Espírito Santo. Isso é necessário para que seja possível entender plenamente tudo quanto Jesus revelou e todos os atos de Sua vida divina. É o Espírito Santo que ilumina nossa inteligência e convida nossa vontade a fim que creiamos em tudo quanto Jesus revelou. Esse Espírito é o Espírito da Alegria! Que tenhamos então fé, e tendo fé, que possamos pedir que a Graça do Espírito Santo nos encha de ânimo renovado, ânimo pra amar, ânimo pra servir a Deus, ânimo para louvar ao Senhor por tudo de bom que Ele fez em nossa vida. Jesus Cristo, Deus, morreu por amor a mim. Que eu tenha esse "ânimo", essa "alma", essa "força" vinda de Deus para também entregar minha vida a Deus.

 Hoje não fui a missa porque me sentia mal ontem, nariz ruim, dor de cabeça, dor de garganta. Hoje acordei melhor: pelo visto não é o Covidão, é só minha rinite de novo. Que, no dia de minha morte, seja esse ano ou seja daqui a 70 anos, eu possa me encontrar preparado. Mas se possível, Senhor, afasta esse cálice de mim e da minha família. Vós é quem sabeis, mas sinto que tenho algo a fazer ainda nesse mundo, e sinto também que preciso melhorar muito para ser minimamente digno de Vós. Ajuda-me a não desanimar, ajuda-me a entregar a vida por Vós, ajuda-me a ser santo como Vós sois Santo, de modo que eu não sinta que estou perdendo algo com a morte, mas sim ganhando a Vida eterna convosco.

 Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós.

 The Memory Page Online Study Bible : Acts 16
A conversão do carcereiro

segunda-feira, 18 de maio de 2020

Segunda-Feira da Sexta Semana da Páscoa - 18/05

At 16,11-15, Sl 149, Jo 15,26–16,4a 


Na primeira leitura, vemos a conversão de Lídia, uma mulher que já acreditava em Deus (provavelmente uma pagã que simpatizava com a religião do Antigo Testamento). Notemos duas coisas, que servem pra contrastar muito o que vemos hoje. A primeira é que ela já era crente no Deus único. Isso, pra muitos hoje em dia, parece ser o suficiente: "ah, ela crê em Deus, a gente não precisa pregar o Evangelho pra ela". Os apóstolos não pensavam deste modo. A segunda coisa é a de que ela, sendo uma mulher temente a Deus e bem intencionada, desejosa de conhecer a verdade, acolhe com a Graça do Espírito Santo a verdade acerca de Jesus Cristo, com humildade de coração. Ela não nega aos moldes de uma petição de princípio, ela aceita a verdade, se converte, e já dá frutos, pedindo para que os apóstolos fiquem hospedados na casa dela. E nós? Vivemos uma fé cansada? Cansamos de "tentar" dar frutos? Onde está essa nossa conversão radical do pecado para a virtude, da morte para a vida?

 E aí vem Cristo falar no Evangelho. Ele nos diz que mandará o Espírito Santo para nos auxiliar, mas que a reação do mundo (e hoje, da igreja, que se contaminou de mundaneidade) será hostil. Aqueles que não forem dóceis ao Espírito, aqueles que não forem humildes, esses cooperarão para a oposição a obra de Deus no mundo, obra essa que paradoxalmente floresce melhor em épocas de perseguição, pois o sangue dos mártires é semente de cristãos. Se, como católicos, agradamos demais, algo de errado estamos fazendo. Hoje, falar a verdade é pedir pra ser chamado desde "radical" até "cismático"! Mas, e nós, o que fazemos? Permanecemos fiéis a Verdade, anunciando-a? Calamos a nossa voz por respeito humano? Ou nos colocamos como galos briguentos, fazendo dessa oposição virulenta uma bandeira? 

Ajuda-me, Senhor, a ser dócil a Seu Espírito. Ajuda-me não só a anunciar a verdade e jamais omita-la, mas ajuda-me também a viver conforme essa verdade. Que a mensagem do Evangelho, que as palavras de Cristo que repete a Igreja em seu magistério infalível, que a vida dos santos, que a tradição riquíssima de nossa fé, que a beleza da liturgia (principalmente tridentina) sejam setas, sejam a forma santa que "substancía" a matéria de nossa vida. 

 Santa Maria, Strela do Dia, mostra nos via pera Deus e nos guia.


Santa Lídia - Santo do dia 03 de Agosto - Nossa Sagrada Família
Santa Lídia, Ora pro nóbis

domingo, 17 de maio de 2020

6° Domingo da Páscoa - 17/05


At 8,5-8.14-17, Sl 65, 1Pd 3,15-18, Jo 14,15-21

 Ontem não meditei novamente o Evangelho, e hoje as palavras do Evangelho parecem luz fraca, incapaz de atravessar a opacidade do meu coração, mas é porque este está opaco, é minha mente que se fez neblina, não é o Evangelho que é fraco, pois ele nunca é fraco, ele é sutil como a brisa, mas é uma brisa úmida que reaviva as árvores secas de nosso coração, dando-lhes novo ânimo. Se eu fecho as janelas me dissipando com muitas coisas, a mente fica anuviada e a palavra de Deus não entra, a luz de Cristo não entra. Se eu fecho meu coração, fazendo-o pedra, a flecha de Deus não pode nesse coração penetrar, a espada não transpassa meu coração, pois ele é duro. 

 Não é que eu efetivamente cometa pecados quando faço isso, mas tudo, tudo, cai num certo tédio, num marasmo, num automatismo que parece esperar um sinal mais forte para voltar a funcionar. Isso acontece quando se perde o "porquê" das coisas, porque Deus é nossa causa final, mas dito assim, em abstrato, numa época de semi-isolamento, onde nem sequer nossa fidelidade a Deus é provada nas relações humanas além-família, o simples tratar bem a esposa e a filha já parecem de bom tamanho, não há um impulso pra ir além, é uma resignação com uma vida que apenas passa, que anda numa marcha infalível com relação ao seu fim, uma vida sem sentido com várias pequenas alegrias cá e lá. É isso que é servir a Deus? É evidente que não é isso. Cristo estará "sempre conosco", e o sinal de quem o ama é o querer estar sempre perto Dele. Isso eu não faço, vergonhosamente, lamentavelmente. Certo, eu vou a missa, eu comungo do Sacratíssimo Corpo de Cristo, e isso é uma alegria imensa, e creio que o esforço nessa direção não seja não só útil, mas também necessário: esse é o primeiro ato concreto de amor a Deus que posso fazer. Entretanto, isso não basta. O impulso na direção de Deus deve partir do Espírito Santo e também de nós, nesse nosso movimento de se fazer dócil a esse chamado. São tantos os meus erros nesse sentido! Mas, para seguir a Cristo, para deixar que Seu desígnio se realize em minha vida, preciso tomar algumas atitudes:
 1) Construir uma árvore com o objetivo final (a beatitude eterna) e todos os "fins segundos" pelos quais preciso passar pra chegar lá. O fato de Deus nos reservar coisas inesperadas não nos deve impedir de planejar a vida, desde que esses planos estejam ordenados a Deus. Se darão certo, se eu morrerei antes, isso não importa, pois Deus quer que prudentemente ordenemos todas as nossas forças para realizar a obra Dele.
1.1) Mas qual é a obra Dele? Bom, são várias, mas todas devem se ordenar a duas: fazer clara a Glória Dele para o mundo e levar o Evangelho a toda criatura. Todos os outros "fins segundos" (ajudar os pobres, consolar os aflitos, enterrar os mortos, etc) devem estar ordenados a este, que é o de que todos os homens cheguem ao conhecimento da verdade e deem Glória a Deus pela sua infinita majestade.
2) Ver tudo aquilo que me dissipa e cortar de modo definitivo. Isso não implica cortar as coisas, e sim o modo "dissipante" de me relacionar com elas.
3) Dar valor a oração pessoal e a recepção da Sagrada Eucaristia não como meio pra ser um "homem melhor no mundo", mas como prefigurações do "fim último" que é a união com Cristo.

Se eu fizer isso, estarei ordenando minha vida em sua estrutura a Nosso Senhor. Se a estrutura estiver ordenada, a luta poderá ser direcionada a meus defeitos, imperfeições e pecados, não a uma estrutura que em si mesma já afasta de Cristo. Ajuda-me, Senhor, a fazer isso. Essa é a minha oração de hoje. Quero ordenar a minha vida a Vós, mas me desanimo com tantos fracassos. Ajuda-me a ver as placas de sinalização nas quais tenho que chegar para encontrar-me Convosco. E ajuda-me a ser fiel a esse mesmo projeto que tem em vista não o meu gozo material ou a satisfação de um desejo egoísta, mas a Vossa Glória. Ilumina-me, Senhor, e ajuda-me a sonhar pra além desse pequeno horizonte de "se realize profissionalmente e tenha uma vida boa com sua família" que se apresenta a mim. Não deixe que eu me emburguese, me amesquinhe (mais ainda). Quero estar a Vosso dispor. Piedade desse pobre pecador, Senhor! Ajuda-me a contribuir com Vossa Vontade!

 Que, nessa semana, eu possa também meditar todos os dias, de modo que eu me encontre preparado para a festa da Ascensão que vem na próxima semana.

 Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
Domingo de Cristo Rei - Lecionário
Jesus Cristo, a razão de nossa esperança

sexta-feira, 15 de maio de 2020

Sexta-Feira da Quinta Semana da Páscoa - 15/05


At 15,22-31, Sl 56, Jo 15,12-17

 Ontem não fiz a meditação. A virtude da constância não é, nem de longe, uma virtude que eu possuo. Como eu anseio por ela, mas como facilmente o desânimo e a apatia tomam conta de mim...


 Na primeira leitura, vemos que os Concílios da Igreja são inspirados pelo Espírito Santo. Contra a letra bruta da Escritura judaica, que fala da necessidade da circuncisão como sinal da aliança com Deus, os bispos deliberam que tal ato não é necessário pra salvação. O que é necessário para a salvação é professar a fé e vive-la com base na lei do amor. Essa é a lei que Cristo deixou para nós "amai-Vos uns aos outros". Ele, como a amigos, nos dá a conhecer tudo aquilo que ouviu do Pai e nos escolhe para que possamos dar fruto. O que Cristo revela deve ser seta pra nossa vida, deve iluminar os nossos caminhos e ditar o que devemos fazer. Em que escala eu tenho deixado que isso aconteça? Eu vario entre o conformismo com um destino onde o serviço a Deus é coisa "pro futuro" (e agora eu preciso cuidar dos meus negócios) e uma preguiça que, notando o conformismo do conformismo, não se conforma e cai no ócio, situação pior que a anterior. É pra dar frutos que Deus nos escolheu, e os frutos que estão ligados Aquele que nos trás a salvação precisam ser frutos de vida eterna, porque 'amai-Vos uns aos outros' só pode significar 'leve a verdade a todos e cuide deles, para que em você Eu possa mostrar meu amor por cada um". Como ramos da videira, somos chamados a dar frutos de Cristo, afinal, é Ele a fonte de todo bem, e só nele podemos fazer algo bom.

 Bom, acho que isso já é mais que o suficiente. Cristo é o alpha e o ômega, o princípio e o fim. É fundado Nele e com fim Nele que devem ser todas as nossas atividades. Meu doutorado em física: no que isso serve a Deus? Deus me cumulou de benefícios materiais e espirituais: Ele espera algo de mim. O desejo Dele é que eu faça uma carreira, onde eu possa pregar Cristo aos meus pares e aos meus alunos? Se é isso, porque não arde meu coração com tal perspectiva? Porque parece que isso é um fracasso erigido em forma de sonho? E se não é isso, o que é? Eu sinto Senhor, eu sinto um chamado a falar de Vós, mas eu sou tão covarde! Ajuda-me a cumprir teu chamado, e ilumina meus caminhos, para que eu possa distinguir melhor o que Vós quereis de mim! Quero Vos amar, meu Jesus: ajuda-me a não ser preguiçoso, ajuda-me a ser diligente, mas não a ter uma diligência cega, mas uma diligência de quem sabe onde quer chegar. Iluminai minha mente Senhor, fortalecei meu caráter, colocai meu coração diante de Vós, ajuda-me a Vos amar.

 Nossa Senhora de Fátima, rogai por nós. 


How is disagreement resolved in the Council of Acts 15? | Psephizo
Concílio de Jerusalém

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Quarta-Feira da Quinta Semana da Páscoa - 13/05

At 15,1-6, Sl 121, Jo 15,1-8

 Hoje a liturgia diária nos brinda com dois textos interessantes. O da primeira leitura fala do porquê de ter sido convocado o chamado hoje de "Concílio de Jerusalém", enquanto o Evangelho fala da videira, que é Jesus, e dos ramos, que somos nós, ramos estes que só podem dar frutos se estiveram na videira e forem devidamente podados. Aqui há "material" mais do que suficiente para ruminar e roer por muito e muito tempo. Mas primeiro preciso rememorar, fazer uma anamnese de minha situação atual, para tentar responder algo que muito me aflige: porque sempre arrefece esse "fogo" que queima no meu coração quando eu faço tudo certo? A alguns dias, eu andava bem insatisfeito com minha condição: minha rotina estava bagunçada, minhas manhãs, que deveriam ser destinadas ao estudo de física, estavam atribuladas, minhas tardes, também destinadas pra física, estavam sonolentas e não raro eu me pegava caindo em distrações, de modo que, das quatro horas vespertinas destinadas a tal, eu não raro aproveitava meia hora apenas. A noite muitas vezes eu me "recompensava" pelo trabalho (mal) feito estudando filosofia de modo tão sonolento que mais parecia uma tortura. Passei, então, a meditar a Sagrada Escritura da manhã, e isso me ajudou, me aproximou de Deus de novo, pois, começando o dia meditando Sua Palavra, pude mais facilmente ordenar todo resto a Ele. Na teoria. Na práticas as coisas continuaram ruins: eu passei a rezar, mas a vida continuou bagunçada. Pude então, algumas semanas depois, inspirado por uma busca advinda da própria meditação da Sagrada Escritura, comungar e me confessar. Isso, unido a um firme propósito de deixar redes sociais pra um dia específico da semana + compromisso de estudar física a noite, deixando a manhã pra coisas mais cheias de sentido, colocou ordem e alegria no meu dia. Por uma semana, senti meu dia, não digo plenamente, mas satisfatoriamente, ordenado a Deus. Servir a Deus é alegria: senti-me alegre nesse tempo.

 Ora, já me sinto novamente entristecido e novamente o trabalho (de física) é um tremendo peso. A única coisa que adicionei na rotina é uma (tentativa) de missa diária na paróquia que está celebrando com a porta fechada, não trancada. É impressionante o fato de que isso, essa benção maravilhosa, essa graça espetacular que surge numa época onde ninguém pode assistir missa, seja uma pedra de tropeço pra mim! A três semanas atrás eu chorava porque não tinha missas, a um mês atrás eu meditava acerca do quanto eu dei pouco valor pras missas diárias aqui de São Carlos, e agora que eu posso finalmente assistir missa de novo, e mais, agora que eu posso finalmente assistir novamente missa praticamente todo dia, eu me pego relutando em acordar cedo, em estragar a rotina ou qualquer coisa do tipo. É uma rotinazinha versus o presenciar o Santo Sacrifício do Altar e receber o Sacratíssimo Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo! Que mesquinharia! Que tentação! O primeiro passo é perceber que, independentemente do que eu fizer, a missa é mais importante, a missa deveria ser o centro da minha vida, receber o Cristo deveria ser o centro gravitacional ao redor do qual orbitam todas as outras coisas. Esse é o primeiro pressuposto do qual eu devo partir: relembrando o Evangelho do dia, devemos permanecer unidos a videira, senão não produziremos fruto nenhum. Permanecemos unidos pela fé, o fruto é a caridade, caridade que parte do amor a Deus, que só pode se realizar se se anseia pela união com o Filho Eterno em todos os momentos da vida.

 Tomando como base livros como a Vida Intelectual de Sertillanges, se recomenda que a missa diária seja sempre a atividade primeira (cronologicamente) do dia. Buscarei, com a graça de Deus, buscar que seja assim todos os dias. Continuemos analisando a rotina, o ritmo de vida a luz do Evangelho.

 Na minha vida, existem cinco tipos de obrigações. As de higiene (em lato sensu), como comer, tomar banho, escovar os dentes e usar o banheiro ; as "sociais", como brincar e cuidar de minha filha, dar comida pra ela, me relacionar com minha esposa, etc ; as religiosas, como ir a missa de manhã, ler e meditar sobre a liturgia diária, rezar o terço, ler a sagrada escritura com minha esposa, etc ; as intelectuais, no caso, estudar latim, tomismo e coisas do tipo e, por fim, as laborais, que tem a ver com tudo que faço no doutorado e também coisas como lavar a louça. Duas coisas são factuais: as obrigações "religiosas" são as mais importantes porque se tratam do contato, da busca pela amizade com Aquele que é o fim último mesmo de todas as outras atividades. O resto é subordinado. Ademais, não faz bem um cumprimento de tudo pelo cumprimento de tudo, onde o homem não está presente em momento algum, onde ele sempre se agita pensando na próxima coisa que tem que fazer e nunca para para refletir acerca de sua vida. Uma vida que não é examinada não vale a pena ser vivida. Desse modo, entendendo que o tempo parece insuficiente, entendendo que parece que a vida se torna um atropelo, talvez seja caso de, além de organizar melhor o que eu tenho feito, excluir aquilo que não é necessário. Existe algo assim na minha rotina? Não é tudo necessário? O examinar a vida, o dizer pra si mesmo e para Deus o porque fazemos cada coisa, o viver uma vida orgânica, uma vida alegre, não uma vida atomizada composta por uma colcha de retalhos, é isso que devemos almejar, é isso que devemos buscar, é isso que é "natural". Como fazer isso? Meu Senhor, tudo o que farei agora é voltar meus olhos e meu coração a Vós, de modo que Vós, que Sois o Verbo Eterno, o Logos que tudo ordena, possa também ordenar minha vida. Quero ordenar minha vida conforme a Vossa ordem! Quero que tudo em minha vida seja para melhor servir a Vós! Ajuda-me, Senhor, a me manter na videira, dando fruto em Vós. Ajuda-me a aceitar com paciência Vossa poda e, sobretudo, ajuda-me a viver uma vida alegre, uma vida feliz, pois deveria ser feliz quem busca viver na sua amizade. Por que me entristeço com o bem? Porque sou tão acidioso? Tende misericórdia desse pobre homem, Senhor.

 Nossa Senhora de Fátima, que vieste ao mundo para pedir penitência e prever grandes desgraças nesse mundo descrente, rogai a Deus por nós, homens tão maus, co-responsáveis pela grande infidelidade, pela grande injustiça, pela grande maldade que há no mundo. Ajuda-me a ser bom, ó Santa Mãe. Trazei-me para mais perto de Deus. Ajuda-me a fazer "tudo quanto Ele vos disser". 

 Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo, e Nossa Senhora de Fátima: ora pro nóbis.



Jesus a Videira verdadeira e nós os seus ramos! – Promessas de Vitória
Videira

terça-feira, 12 de maio de 2020

Terça-Feira da Quinta Semana da Páscoa - 12/05

At 14,19-28, Sl 144, Jo 14,27-31a

Tanto a primeira leitura quanto o Evangelho dão testemunho da forma pela qual um fiel deve ver o mundo: não segundo a ótica das meras aparências ou do meramente humano, como a busca pela manutenção da vida física ou da busca pela paz "tolerante" com todos os homens, mas sim sob a ótica da Fé, a ótica do Evangelho, que mostra qual é o bem que devemos almejar. São Paulo é apedrejado. Isso, sob a ótica do mundo, faria qualquer um desistir, mas sob a luz da Fé, pela ação da Graça, São Paulo se levanta e volta a pregar na mesma cidade da qual ele fora expulso a pedradas! Ele gostava de sofrer? Ele não gostava de sofrer, obviamente, mas esse sofrimento pelo qual ele passava era a coroa, a medalha, o "diploma" que mostrava que ele estava amando a Deus e se entregando por causa Dele, para propagar a Sua Palavra, Jesus Cristo, para o bem dos homens, que sem Cristo estão como ovelhas sem pastor. No Evangelho, Cristo diz justamente isso: pra não nos agitarmos com essa miríade de transitoriedades que mexem com nosso coração. Não devemos temer o sofrimento, não devemos temer as incertezas do futuro: como diz Chesterton na sua Ballad of the White Horse, esse mundo é sempre incerto e surpreendente, o que é certo é a Vida Eterna nos céus, destinada àqueles que fizeram a Vontade de Deus em suas vidas. Não nos agitemos perante a efemeridade das coisas, nem nos prostremos perante o chefe do mundo, o Diabo. Vivamos de acordo com Cristo, tudo ordenando a Ele, de modo que nossa vida seja testemunho fiel de que Cristo vive, e que Ele venceu.

 Peço-Vos, Senhor, no dia de hoje, que eu tome mais uma vez consciência de minha missão, submetendo todas as minhas forças para a busca das virtudes e no trabalho duro, visando obter aquilo pelo qual procurarei cumprir minha missão nesse mundo. As pessoas hoje em dia não ouvem mais o Evangelho, o lei do efêmero, a lei do mundo, é tudo que elas tem, inclusive aqueles que vivem dentro da Igreja. Ajuda-me, Senhor, se for de Tua vontade, a ser instrumento pra mudar isso, ainda que localmente. Dê-me coragem e ajuda-me a Vos amar sem medo, sem respeito humano, amando o pecador odiando o pecado. Ajuda-me a cuidar de minha família, a ter paciência com minha filha, a elevar meu olhar para Vós a todo momento, a estudar física bem, a estudar filosofia bem, a rezar o terço com atenção, a falar de Deus sem constrangimento, mas como quem fala de um Amigo, pois Vós Sois amigo daqueles que Vos servem. Ajuda-me, Senhor, a ser digno de chamar-Vos amigo!

 Peço a Deus pela vida de todos os doentes, pelo fim da pandemia, e pela paróquia São Sebastião, em especial, no dia de hoje, pelo Padre Rocha.

 Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei dos Reis.

 On This Rock: The Stoning of Paul the Apostle
São Paulo sendo apedrejado

segunda-feira, 11 de maio de 2020

Segunda-Feira da 5a Semana da Páscoa - 11/05

At 14,5-18, Sl 113b, Jo 14,21-26

 Na primeira leitura, é narrado um curioso episódio da vida dos bispos da Igreja primitiva, no caso, São Paulo e São Barnabé. Após fugirem de uma cidade para não morrer nas mãos dos seus habitantes, eles foram para Licaônia e lá pregaram e fizeram milagres, fazendo andar um coxo de nascença. Os cidadãos daquela cidade, ao ver tal ato tão magnânimo, passaram a adorar Paulo e Barnabé como deuses, como se fossem Júpiter e Mercúrio. Queriam até oferecer touros em sacrifício em honra deles! Ora, isso não é um critério absoluto de quem é e quem não é verdadeiro serviçal de Deus, mas é sem dúvidas um critério de eliminação: há de se desconfiar sempre de quem permite que seu próprio nome seja glorificado, de quem se permite ser idolatrado. Nunca devemos idolatrar ser humano algum, apenas Deus é Deus, apenas Ele sabe tudo, apenas Ele é inerrante. Os homens são bons ou não na medida em que se conformam com esse padrão, mas eles nunca, em si mesmo, serão bons em absoluto, pois tudo que um homem faz de bom o faz por Graça. Desse modo, os discípulos de Cristo rechaçam aquela idolatria e colocam aqueles pobres homens na direção correta, da adoração do único Deus, do Deus que se fez carne, Cristo Jesus. Com certeza foi uma grande mudança de paradigma na vivência daquele povo pagão, que finalmente pode viver de modo ordenado com a realidade das coisas.

 Já no Evangelho, Cristo explica o porque Ele se revela (no sentido de "ilumina a mente") de uns, mas não de outros. Esses outros fugiriam Dele de qualquer maneira. Já observamos isso, e já observei isso até em mim mesmo: houve uma época onde eu negava qualquer mérito do catolicismo por petição de princípio. Isso foi herança de muita ideia errada que entrou no meu coração e fez morada. Pela misericórdia de Deus, que ouviu as orações de minha mãe, eu voltei pra Santa Igreja, mas quantos nos são aqueles que não tem uma boa senhorinha piedosa para rezar por eles? Aqueles que já vem, a princípio, de lares não-católicos, ao menos não tão católicos quanto o meu? Como fica a vida daqueles que se perdem e jamais viram o caminho de volta, nem antes de se perderem? Nesse sentido é importantíssimo que as famílias sejam católicas e que a cultura circundante seja católica. Precisamos, nós leigos, catolicizar nossa cultura, nosso meio, nosso mundo, para que as pessoas que se perdem possam saber o caminho de volta quando a Graça tocar nelas. Preciso, mais ainda, dada a minha paternidade, ensinar e dar exemplo a meus filhos (a minha filha Marie, no caso) para que ela saiba qual é o caminho. Que eu possa viver retamente esse caminho, buscando fazer tudo de acordo com a Sabedoria de Deus, e aprender tudo quanto for necessário para mostrar onde estão os buracos nesse caminho para aqueles pelos quais sou responsável, de modo que eu possa cumprir bem meu papel de marido e pai católico, que tudo coloca sob a autoridade do Pai que se revela no Filho e nos santifica pelo Espírito. Ajuda-me, Senhor. Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Paulo e Barnabé em Listra, na Licônia

domingo, 10 de maio de 2020

Quinto Domingo da Páscoa - 10/05

At 6,1-7, Sl 32, 1Pd 2,4-9, Jo 14,1-12 


 Nesse domingo faço a meditação a noite, como última coisa do dia, sendo que a palavra do dia é que deveria ser o meu principal alimento espiritual tendo em vista que não recebi a Sagrada Eucaristia hoje. Mais um dia na um tanto quanto deprimente espiral da auto-sabotagem. Sabemos que devemos amar Jesus, que devemos busca-Lo acima de tudo, que a nossa vida deve girar em torno dele, mas, assim que essa percepção se torna mais clara, parece que surge algo que em nós que diz: "viu, percebeste o caminho! Agora, vá viver!", e essa vida que eu "vou viver" é uma vida onde Cristo é novamente relegado ao segundo plano, a categoria do "se der tempo". É hora de novamente se voltar pra Deus e pedir perdão. Precisamos constantemente nos alimentar da Palavra de Deus, devemos constantemente nos alimentar de sua doutrina, seus ensinamentos, enfim, de toda a Verdade que ensina a Santa Igreja, coluna e sustentáculo da mesma. Acreditemos que Cristo em em primeiro, que Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida, para que possamos sair dessa espiral de "me arrependi - rezei - percebi a importância de colocar Deus no centro - achei que já estava bom e pequei de novo". Ajuda-me, Senhor, a repudir o pecado, a vigiar sempre, a sempre ser vigoroso na defesa de tudo aquilo que me leva pra longe de ti! 

 Na primeira leitura, é narrada a instituição do diaconato. Os bispos, pregadores da palavra, portadores do múnus de ensinar a todas as nações a Verdade, perceberam com clareza que a Igreja é um corpo e cada faz sua parte. Foi aí instituído o diaconado, para que estes, como "representantes" da Igreja, como membros vivos da mesma, pudessem fazer as obras de misericórdia corporais, em especial alimentar e cuidar das pobres viúvas. Deus sempre tem um missão pra nós, mas essa missão é a nossa, não dos outros. Devemos discernir o que nós poderemos fazer pra edificar o Reino de Deus. Mas que isso não se confunda com um certo "carreirismo", que julga que ser um profissional "humano" e bem sucedido é realizar a Vontade de Deus pra sua vida. Isso não é apostolado: apostolado é pregar o Cristo crucificado. Todos temos esse dever, e ser um "cristão anônimo" não basta para tal. É preciso que sejamos explicitamente católicos. Ajuda-nos, Senhor, a discernir essa nossa vocação! Eu acho que discerni o meu tipo de apostolado, quem sabe?

Na segunda leitura, São Pedro nos exorta a acolher a Palavra de Deus, a Revelação que veio com Cristo. Quem não a acolher, tropeçará nessa que é a "pedra que os pedreiros rejeitaram". Tropeçará porque, sem Cristo, estamos naufragados, já estamos condenados. Ele veio pra salvar. Quem se recusar a agarrar a boia, esse morrerá afogado. Que não nos recusemos a agarrar a boia! Misericórdia, Senhor, fortalecei nossa vontade!

 O Evangelho é um compilado do que foi lido na semana. Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por Ele. Quem o viu, viu o Pai. Está em Cristo, está na Revelação e se manifesta na Igreja a face do Deus que tudo criou e que tudo redimiu. É lá. É na fé que se encontra o sentido de tudo, o sentido de nossa vida, o norte de nossa existência, o fim para o qual tudo o que fazemos deve tender. Está lá. Precisamos saber mais que isso? Porque temos medo? Porque somos tão medrosos? Acaso ainda não temos fé? Porque somos tão instáveis? Porque buscamos a Deus menos que deveríamos? É na Igreja, em Cristo, que tudo se responde, que tudo é solucionado, que tudo ganha sentido, que a nossa vida ganha um norte. Ó, Deus, que a nossa vida seja um constante relembrar dessa realidade. Ajuda-nos a vigiar em Vós, para que não caiamos na tentação de Vos trocar por qualquer outra coisa, porque só Vós sois perene, o resto passa, o resto se corrompe. Ajuda-me a vigiar Senhor. Ajuda-me a ser santo. Ajuda-me a viver a minha vida em Cristo, fazendo sempre a Sua Vontade. Louvado seja o Vosso Santo Nome para todo o sempre.


 Peço, por fim, a intercessão da Santíssima Virgem, para que ela possa iluminar meus caminhos e também abençoar todas as mães. Em especial, peço que a Dani, minha esposa, possa encher-se de ânimo e caminhar com vigor na direção de Cristo, sem cessar, ainda que tropece, como todos nós tropeçamos.

 Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo. 


Christus Vincit, Christus Regnat, Christus Imperat | Arte de ...
Christus Vincit, Christus Regnat, Christus Imperat

sábado, 9 de maio de 2020

Sábado da Quarta Semana de Páscoa - 09/05

At 13,44-52, Sl 97 , Jo 14,7-14

 Vou começar a meditação de hoje não com a meditação na liturgia, mas com uma meditação acerca de minha situação concreta. Ontem a noite consegui assistir a Santa Missa e comungar, assim como hoje de manhã. Que graça maravilhosa! Entretanto, algo veio para me abalar. De novo volta esse assunto maldito: o coronavirus. Por um lado, sei de todo meu coração que o mais importante que temos em nossa vida é Jesus Cristo, é viver na amizade com Ele, é buscar estar na presença dEle fazendo Sua vontade. Por outro lado, será que não estou sendo irresponsável? Será que estou desdenhando da gravidade da doença? Eu deveria ser mais cuidadoso ao sair de casa? E sobre meus pais, meus sogros, etc? Devo esperar uma vacina pro COVID-19 pra que eles possam ver a neta deles, da qual eles sentem tanta falta? Acho que, por precaução, por prudência, essas visitas podem esperar um pouquinho mais, mas não a presença na Santa Missa. Agora, com a perspectiva do lockdown, pode ser que essa breve graça que nos foi concedida seja novamente impossibilitada. Os bispos continuam sem qualquer perspectiva de reabrir as igrejas, ainda que seja tomando as devidas precauções sanitárias. Vários e vários insultos aparecem, direcionados a aqueles que são a favor da volta da celebração públicas dos sacramentos. Na Polônia, onde as missas continuaram públicas, o povo já voltou até a jogar futebol! Aqui no Brasil, muitas pessoas, até bispos, surgem com termos heréticos aos moldes de "idolatria de hóstia", como se o Corpo de Cristo não o fosse sem a presença de uma "comunidade". Enfim, a situação toda escancara como somos mundanos, como colocamos a preservação da vida acima de tudo, como se os Sacramentos fossem apenas um adicional pra gente viver mais feliz, um luxo, um mimo de Deus, não um instrumento eficaz de santificação, de salvação, de fortalecimento da vontade contra o pecado, inclinando-a a Vontade de Deus, que tudo faz certo.

 Enfim, voltando ao Evangelho, Jesus diz que Ele revela Deus ao mundo. Nós não conhecemos Deus  pela razão, apenas descobrimos algumas coisas acerca Dele, que Ele É, que Ele é Todo-Poderoso, etc. Mas apenas em Cristo podemos de fato conhecer Deus profundamente. Cristo andou entre nós, viveu entre nós como uma pessoa, e se entrega por nós, a pessoa inteira, humana e Divina. Essa mesma pessoa se encontra na Eucaristia, que nós recebemos. Apalpamos Jesus, tocamos em Jesus, e Ele toca em nosso coração se nós nos abrirmos a graça Dele nesse momento. Ó Jesus! Mantei-nos de olhos fixos em Vós, de modo que o amor a Vós seja guia, seja seta para apontar a nós o caminho em cada momento de nossa vida. Perdoa nossas faltas, ajuda-nos a amar-Vos mais e ter também esperança em Vós. Ajuda-me a ser prudente e não me arriscar a toa, mas acima disso ajude-me a não temer a morte, pois vale mais uma vida curta vivida na Vossa amizade que uma vida longa e afastada de Vós! Ajuda-me, Senhor, a viver minha vida de tal modo que, no fim do dia, eu possa olhar para Vós e dizer: "eu errei em alguns momentos, mas busquei fazer a Tua vontade em cada instante do dia". Ajuda-me, Senhor, a ser humilde, a perceber que sem Vós eu não sou nada. Ajudai-me, enfim, a ver que Vós sois o mais importante, não a saúde, e mais especificamente, não a minha saúde. Peço que me livre da doença e da morte precoce, mas peço ainda mais encarecidamente que me livre, Senhor, do pecado mortal, da ofensa a Vós, da vida como Vosso inimigo, da Morte Eterna no Inferno com Satanás e seus anjos. 

 Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
 E que o Senhor abençoe o Pe. Jonas, o Pe. Aldo e todos os padres da paróquia São Sebastião!


 Simple ribbed vault, vaulted ceiling, Upper Room, Cenacle, Room ...
Cenáculo, onde ocorreu a última ceia e o diálogo do Evangelho de hoje

sexta-feira, 8 de maio de 2020

Sexta-Feira da Quarta Semana da Quaresma - 08/05


At 13,26-33, Sl 2 , Jo 14,1-6
 No Evangelho de hoje, Cristo diz que vai para a morte para "preparar-nos" uma morada. O céu estava fechado aos homens, inclusive aos justos, até que Cristo passasse pela morte de cruz. Morrendo, se sacrificando por nós, Cristo abriu as portas do céu. Mas o que é ser justo, sobretudo agora que Cristo veio e nos revelou tudo quanto era necessário para tal? Ser justo é seguir a Jesus Cristo, é crer que Ele é Deus encarnado, é crer que Ele morreu e ressuscitou, e sobretudo, é crer que Nele, totalmente homem e totalmente Deus, a humanidade e a Divindade se uniram, e, usando essa mesma humanidade, Cristo redimiu a humanidade toda, amando a Deus como homem do modo que Deus merecia ser amado pelos homens. Tomé pergunta qual é o caminho, e Cristo responde que Ele é o "Caminho, a Verdade e a Vida". Como nossa vida deveria, ou melhor, deve ser centrada em Jesus Cristo! Como deveríamos ansiar conhecer Sua face, como deveríamos perscrutar seus atos, seus sentimentos! Como deveríamos meditar em Sua Lei, como deveríamos meditar na Sagrada Escritura que, no seu conjunto, anuncia a revela a Cristo! Como deveríamos meditar na Tradição da Igreja, no Magistério e na beleza dos ritos! O Rito Tridentino, por exemplo, revela Jesus Cristo, assim como a fé da Igreja revela Jesus Cristo. A doutrina revela o Deus que a revelou por meio de Jesus Cristo. Ajudai-nos, Senhor, a meditar na Vossa Lei, a amar fazer a Vossa Vontade, a evitar o pecado a todo custo. Ajuda-me, Senhor, a ter coragem hoje de tentar entrar na paróquia São Sebastião para assistir a missa (apesar do aval do padre, ainda estou com medo de tomar pito). Ajuda-me a amar a Santa Missa, ajuda-me a amar a Doutrina Sagrada, ajuda-me a amar a Sagrada Escritura, ajuda-me a amar a Vós que se entregou por nós no Calvário e se entrega por Nós, repetindo o mesmo sacrifício, em cada Santa Missa. Ajuda-me, Senhor, a amar-Vos no Santíssimo Sacramento da Eucaristia. Ajuda-me, Senhor, a crescer na fé em Vós, a crescer no Caminho da salvação que sois Vós, a buscar, pela recepção dos Sacramentos, pela oração e por todos os outros amores citados, conhecer a Vossa Face. Pelo Espírito Santo, fazei morada eu meu coração, fazei-me agir como se fosse Outro Cristo, ajuda-me a agir não por mim mesmo, mas como "Cristo vivendo em mim". Louvado seja o Vosso Santo Nome para sempre. 


Calvary Hill - Where Jesus died for us all | Imagens religiosas ...
A imitação de Cristo, em Cristo, é o Caminho, a Verdade e a Vida

quinta-feira, 7 de maio de 2020

Quinta-Feira da Quarta Semana da Quaresma - 07/05


At 13,13-25, Sl 88, Jo 13,16-20

 Muitas vezes ouvimos a homilia do Pe. P. Ricardo, lemos os comentários da Bíblia de Navarra, fazemos de tudo, mas a mensagem da liturgia ainda parece uma bela abstração. Bela, porém abstração. Nesse caso, faço pra mim mesmo a pergunta: o que Cristo tem a dizer pra mim hoje? Isso é que se dá na liturgia diária. Cristo começa a o Evangelho de hoje dizendo que, assim como o Senhor, Ele, se entrega e se coloca a serviço, também nós devemos nos colocar na posição de servos. Será que estou fazendo isso aqui em casa? Será que o lar gira em torno de mim, de modo que tudo é feito de acordo com minha vontade arbitrária, ou será que estou tudo governando (pois eu sou o pai de família e tenho essa responsabilidade, after all) para fazer tudo tender ao bem comum, ou seja, a santificação de nossa família, a manutenção de nosso sustento material e a nossa abertura a necessidade dos outros? Esse é um ponto profundo de meditação. Ajuda-me, Senhor, a viver tal realidade de acordo com teu ensinamento, ajuda-me a colocar a mim e minha missão a serviço do bem, a Vosso serviço, servindo também aos homens no sentido de revelar-lhes o Cristo, Vós, Senhor. 


 Para tal, precisamos comungar, precisamos "comer o Pão da Vida". Estou criando coragem pra amanhã ir até a paróquia São Sebastião. O padre disse que a igreja está fechada, porém as portas não estão trancadas. Hoje, por um misto de receio e preguiça, não fui verificar se de fato é possível assistir lá as missas e receber o Corpo de Cristo. Que miséria! Amanhã irei, com a Graça de Deus. Jesus também diz que aquele que o trairá comeu do pão. Ele se referia a Judas, mas quantas vezes não traímos a Cristo! Ó Senhor, não quero nunca mais ofender-Vos. Ajuda-me a evitar o pecado com todas as minhas forças, pedindo sempre a Vossa Graça. Não seja eu mais um que come o pão e levanta contra Vós o calcanhar! Envia a mim Vosso Santo Espírito, de modo que eu possa Vos gerar em meu coração assim como a Santíssima Virgem o gerou em seu ventre. Gerando-Vos, estarei ouvindo Aquele que Vos enviou. Não deixe que eu me deixe enganar por um amor desordenado de mim mesmo, que eu não troque a primogenitura por um prato de lentilhas, ajuda-me a me manter fiel a Vós, sempre vigiando e orando para que eu não caia em tentação. 

 Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Paul Preaching in Synagogue | Bible artwork, Bible pictures ...
São Paulo pregando na sinagoga

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Quarta-Feira da Quarta Semana de Páscoa - 06/05


At 12,24-13,5a, Sl 66 , Jo 12,44-50

 No dia de hoje, o Evangelho trata da realidade de que Jesus vem como luz, que revela o Pai na sua intimidade para quem ouve suas palavras. Um trecho me chamou a atenção: ele diz que não vem para "julgar", senão que para "salvar". Como entender isso? A coisa é que, por natureza (decaída), já estamos todos destinados ao inferno. Se não ouvirmos a Deus por meio das palavras de Cristo, repetidas pela Igreja, não é que Jesus nos punirá por isso, é que continuaremos nos afogando. Cristo é o navio de resgate: se nos recusarmos a subir no navio para permanecer agarrados em uma tábua, em algum momento pereceremos. Desse modo, percebemos que, se vivermos sem Cristo, nossa vida é a vida de um náufrago sem esperança, e só sua palavra, que nos revela o Pai, é que nos conduz ao navio de resgate. 

 Ora, não se ouve e se bota em prática a palavra de Cristo apenas com os ouvidos. O que Cristo pede é exigente, não por que seja absurdo, mas por que é nossa natureza decaída "não faz o bem que quer e faz o mal que não quer". Precisamos rejeitar o pecado com todas as nossas forças (sempre, sempre, sempre!), preferindo sofrer a cometer um pecado venial, preferindo morrer a cometer um pecado mortal. Mais idealmente, deveríamos preferir a morte física que cometer qualquer tipo de pecado! Obviamente isso não é humanamente possível, mas Cristo vem em nosso auxílio e, fortalecendo nosso organismo espiritual recebido no Batismo, pouco a pouco percebemos e conseguimos viver de modo coerente com a percepção da gravidade do pecado, do quanto isso ofende a Deus e o quanto devemos ama-Lo, pois Ele nos amou por primeiro e de modo grandioso. 
 Mas como vem Cristo em nosso auxílio? Precisamos pedir. Precisamos nos colocar num estágio constante de vigilância, precisamos rezar, pedindo sempre para Cristo nos purificar e nos conduzir a Sua Vontade. Precisamos, sobretudo, receber com piedade os sacramentos, nos arrependendo verdadeiramente nas confissões, buscando um ato perfeito de contrição, assim como devemos buscar com grande frequência a Santa Eucaristia, alimento dos pobres e dos fracos, "panem nostrum quotidianum" que alimenta nossa alma de modo que possamos viver de modo mais condizente com o Pai, não com o mundo.

 Gostaria de agradecer a Deus pela oportunidade que Ele nos anda dando, por meio de causas segundas várias (Pe. Aldo, nosso amigo Osmar, pessoal dos Arautos do Evangelho, Paróquia Nsa. de Fátima & Padre Jonas, Paróquia S. Sebastião & Padre Alcides), a possibilidade de receber os sacramentos e assistir a Santa Missa. Que o Senhor os abençoe muito e conduza cada um a santidade, que é contemplar-Vos face a face. 

 Ajuda-me, Senhor, a permanecer fiel a Vós. Iluminai meus caminhos, afastai-me do pecado e tornai meu coração tão puro quanto branca é a neve. Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo.


 63 Best Light of the World images in 2020 | Light of the world ...
Cristo, Luz do mundo

terça-feira, 5 de maio de 2020

Terça-Feira da Quarta Semana da Páscoa - 05/05

At 11,19-26, Sl 86, Jo 10,22-30

 O Evangelho de hoje é um chamado ao pão-pão, queijo-queijo, ao bom senso, ao ceder as evidências, enfim, é um chamado a ver o que está diante de nossos olhos. Os judeus pedem que Cristo diga se Ele é o Messias, e Cristo diz que já fez uma quantidade mais do que suficiente de sinais, para que eles cressem, e eles não creram. Como diz Santo Tomás, se alguém não vê a luz porque fecha os olhos, não é a luz que tem defeito, é a escolha da pessoa que a impede de ver. Do mesmo modo, Cristo fez sinais maravilhosos entre os judeus (no próximo capítulo ele ressuscitará Lázaro e eles buscarão matar Jesus por isso!) e eles fecharam seus olhos e não quiseram crer, não quiseram crer naquele Messias tão diferente do rei guerreiro que eles esperavam que viria. Essa atitude de criança, esses olhos abertos para a realidade sem preconcepções, essa esperança de crer que ainda pareça bom demais pra ser verdade, essa é a disposição de espírito necessária para a conversão.

 Ora, quem ouve a Jesus é sua ovelha, é ovelha de seu rebanho, Dele que é o Bom Pastor que dá a vida pelas ovelhas. Ouvimos Jesus? Em cada momento, em cada ato de nossa vida, prestamos atenção no que Cristo tem a nos dizer? Buscamos fazer a vontade Dele, a vontade que é expressa por todo o ensinamento da Santa Igreja e que, pela graça, ilumina nossa inteligência convidando nossa vontade? Ou será que nossa sabedoria é sabedoria humana, ainda que seja mundanidades fantasiadas de cristianismo? Isso é algo que me deixa com reservas com relação a uma das faces da Opus Dei (e também do MUR): a coisa de "ser bem sucedido fazendo muito bem seu serviço, agindo de modo humano lá, porque é isso que Deus quer de você" é uma máquina de formar carreiristas orgulhosos que acham que estão cumprindo plenamente a vontade de Deus meramente subindo na vida. É ÓTIMO que existam católicos sérios em todos os cargos, mas isso, em si mesmo, não é "apostolado": só há apostolado se se prega o Cristo crucificado. Ser bonzinho e amigável com todos, mostrando a bondade que brota do coração de um católico, não é apostolado, é obrigação, é algo importante, mas que não basta. Desse modo, essa versão pessoal do "humanismo integral", de um "cristianismo implícito" é uma máquina de gerar pessoas que vivem a sua fé num foro meramente pessoal. Será que não deveríamos pregar mais a nossa fé? Será que não deveríamos sempre nos lembrar que só em Cristo há a salvação e que podemos conhecer a Cristo por meio da Santa Igreja? Desse modo, não deveríamos pregar isso aos quatro ventos, não só sendo "gente boa" mas também dizendo essa verdade abertamente? 

 Que sejamos ovelhas do Pai, que ninguém pode arrebatar. O Pai, que é uno com o Filho e com o Espírito Santo, Espirito esse que inspirou os apóstolos a converter milhares e milhares de judeus e também pagãos! Espírito que vivifica a Igreja e jamais deixou sem frutos a pregação clara do Cristo crucificado. Nem todos são "ovelhas do Pai", mas ninguém pregar a Verdade, como é que as ovelhas do Pai vão atender seu chamado? Como podem as ovelhas ir na direção de seu pastor se este pastor não as chama? Somos nós, os membros da Igreja, que temos esse papel, esse papel de pregar Cristo na Santa Igreja. Dê-nos coragem, Senhor! Tira de nós esse respeito humano, respeito humano que hoje virou método, sendo que na verdade é uma falha de caráter! Eu creio firmemente que só em Vós há salvação. Eu creio firmemente que é na Santa Igreja que podemos conhece-Lo. Ajuda-me a crer mais forte ainda, e viver essa fé do modo que Vós desejais. Louvado seja Vosso Santo Nome para sempre! 

Jesus Walks in the Portico of Solomon (Jesus se promene dans le ...
Jesus no pórtico de Salomão

segunda-feira, 4 de maio de 2020

Segunda-Feira da Quarta Semana de Páscoa - 04/05

At 11,1-18, Sl 41, Jo 10,11-18

 Salve Maria Santíssima!
 Hoje demos continuidade a leitura do Evangelho de São João: continua-se o tema do bom pastor. E, como leio esse Evangelho pra mim apenas, sem propósito de compartilhar isso com outros, farei um paralelo do que leio com minha biografia, com meus anseios atuais, com meus vícios e minhas más tendências que preciso vencer em vista de um cumprimento maior daquilo que me cabe. 
 Cristo diz que é o Bom Pastor, que dá a vida por suas ovelhas. Ele, de fato, deu a vida por nós, derramou Seu sangue preciosíssimo em benefício a quem era Vosso inimigo. Somos todos chamados a ser imitação desse Cristo, desse Cristo que é Bom Pastor, cada um em sua condição, cada um em sua "circunstância". O mau pastor foge quando vê o lobo chegar, de modo que as ovelhas se dispersam, sendo algumas comidas. Do mesmo modo, um pai de família, como eu sou, é como que o "pastor" da casa, o encarregado de guiar até Cristo minha família. Isso devo fazer sim, vivendo uma vida de oração e piedade, mas também vivendo cada parte de minha vida de modo virtuoso. Isso implica muitas coisas. Implica que eu deva tomar cuidado com que falo, não dando vazão aos palavrões que sempre emergem quando eu perco a paciência, coisa que eu também não deveria permitir que aconteça. Falta amor! Implica que eu não fuja jamais de minhas responsabilidades "trabalhísticas", pois uma condição de vida mais propícia a possibilidade de uma boa educação pros filhos depende, em última instância, na cooperação de minha parte com as oportunidades que o Senhor colocou diante de mim. Se eu não trabalho direito, jogo na lama minhas possibilidades de um emprego decente, jogo na lama a possibilidade de "escolher" onde trabalhar. Não que tudo dependa disso, mas se eu posso buscar algo melhor, porque me contentar, por indisciplina, com algo pior? Devo, acima de tudo, mostrar a minha família um reflexo do amor de Cristo, que dá a vida por suas ovelhas. Devo me entregar pela minha família, minhas "ovelhas". Isso implica trabalhar até ficar cansado, isso implica se contradizer, isso implica fazer penitência para disciplinar o corpo de modo que ele não seja desobediente a aquilo que a alma percebe como correto, isso implica rezar pela família, isso implicar até mesmo olhar nos olhos de minha esposa, de minha filhinha, e dar-lhes total atenção sempre que for necessário. E eu faço isso? Ou vivo como um garoto mimado que quer uma vida confortável? É hora de crescer, de amadurecer, de perceber a consequência de meus atos, de modo a tomar uma decisão permanente por Cristo de modo a me entregar livremente a Seus desígnios. Que, como Cristo, eu possa dar a minha vida "por mim mesmo", para que Dele eu possa receber a Vida Eterna. Ajuda-me, Senhor, a viver bem minha vocação, minha vocação de marido, de pai, de pesquisador, de (wannabe) intelectual. Infunde-me Vosso Espírito Santo, de modo que, como aqueles pagãos de Jope, eu possa fazer uma decisão permanente por Vós. Vós sois o Bom Pastor, que dá a vida por suas ovelhas, ajuda-me também, como Vós, a me entregar pelas "minhas ovelhas" de modo a leva-las até Vós! Ajuda-me a ser Vosso cooperador! Não deixeis que eu continue mergulhado desse acidioso estupor desanimado de quem se entristece com as obrigações que diante dele estão. Anima-me, Senhor! Pastoreia-me, para que eu também possa pastorear outros até Vós!

 Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

n/d
O Bom Pastor

domingo, 3 de maio de 2020

4° Domingo da Páscoa - 03/05


At 2,14a.36-41, Sl 22, 1Pd 2,20b-25, Jo 10,1-10

 Nesse domingo nós lemos o Evangelho do Bom Pastor. Quem entra para falar com as ovelhas e não passa pela porta é ladrão e assaltante. Esse é o primeiro ponto importante da leitura. Muitos aparecem prometendo soluções para as pessoas, dizendo que elas devem seguir por esse ou aquele caminho. São os falsos sábios, os ideólogos (de direita ou de esquerda, viu?), os mundanos, os adeptos das falsas religiões e filosofias, enfim, são todos aqueles que buscam, com suas palavras e atos, nortear a vida de outros sem passar pela porta. Cristo vem dizer que Ele é a porta. Quantos não são aqueles que buscam levar as pessoas a salvação sem Cristo? Temos os ideólogos marxistas, que imanentizam o escatológico e colocam como fim último do homem a instituição de um sistema econômico onde tudo é de todos e cada um, trabalhando de acordo com sua capacidade, recebe tudo que é necessário. E depois da formação desse suposto "paraíso" (que em absoluto parece mais um inferno)? As pessoas continuarão morrendo. Que sentido teria tudo isso, construir um suposto paraíso para perde-lo com a morte ? E aqueles que morreram para institui-lo mas não puderam viver nele? Poucos marxistas olharam pra essa questão, sendo um deles Ernst Bloch, e essa é uma questão fundamental! Por outro lado temos os liberais, que pregam uma suposta felicidade gozosa que se baseia no livre exercícios de nossas pulsões na direção do ter e do prazer. Por acaso o coração humano pode se satisfazer com isso? Por um acaso essa pessoa egoísta vai conseguir ser feliz sendo que o próprio modo de vida dela, totalmente individualista, se baseia na negação mesma do amor? E essa pessoa, tão apegada a todos os seus bens e prazeres, por acaso não morrerá também, perdendo tudo isso? Quem prega isso e busca arrebanhar outros pra sua causa é "ladrão e assassino", pois encaminha as pessoas a morte, a morte eterna. 


 O único que pode nos encaminhar a salvação eterna, dando pleno sentido a nossas vidas, é Jesus Cristo, o Bom Pastor que dá a vida por suas ovelhas. Ele morreu por nós e ressuscitou! Só Nele encontraremos "pastagens", só passando por Ele, que é a porta, rumaremos ao caminho correto. Como boas ovelhas, pastoradas por Cristo, devemos ser como as ovelhas do Evangelho, que não seguem os estranhos, pois não conhecem sua voz. Se alguém prega algo diferente, que contradiz o que ensina a Santa Igreja, "coluna e sustentáculo da verdade", esse alguém não deve ser por nós ouvido. Devemos seguir a Cristo fielmente, nos convertendo de nossos pecados (1a leitura) e unindo os nossos sofrimentos, especialmente aqueles que padecemos por termos professado e vivido a Fé, com os sofrimentos do Cristo na cruz (2a leitura), o Bom Pastor que dá a vida por suas ovelhas.

Ontem eu e minha esposa tivemos o privilégio de receber a Sagrada Eucaristia, depois de quase dois meses sem recebê-la. É indescritível a grandeza de comungar. É um privilégio tremendo mas é também algo extremamente necessário. A Eucaristia é o Pão de Cada Dia, que faz com que nos mantenhamos unidos a Cristo mais profundamente. A oração pessoal, a chamada "comunhão espiritual" é como mantemos vivo por alguns dias essa união. Se não somos santos, uma hora essa união se perde em nós, em virtude das vicissitudes de nossa vida que nos tiram de nosso centro. Por isso, a Eucaristia, o Corpo de Cristo, é também sinal de esperança, pois recebendo-a sabemos que teremos mais força para perseverar na vivência do Evangelho, dessa busca por ter os "mesmos sentimentos de Jesus Cristo" e amar como Ele amou. Mas não teríamos a recebido se não fosse a figura do Bom Pastor encarnada no Padre Aldo, vigário de Cristo, que levou até a Igreja fechada e escura de uma rua um tanto quanto macabra a Sagrada Comunhão para que pudéssemos recebe-la. Deus o abençoe, padre Aldo! E que essa pandemia passe logo, para que o acesso ao "pão quotidiano" se faça mais fácil para os fiéis, de modo que eles possam, alimentados por ela, que é o Corpo de Cristo, ser como as ovelhas, que só ouvem a voz do Bom Pastor, não dos falsos profetas e das vicissitudes da vida. 

 Que nessa semana eu possa rezar mais, que eu possa ser mais corajoso e ir até as missas onde sei que estão celebrando com portas fechadas, não trancadas, que eu possa viver ao longo de meus dias essa palavra que dá vida e que guia na direção correta. Que eu possa também ter mais fixo qual é meu objetivo, que eu possa ter alegria de viver, pois não vivo para o mundo, mas vivo buscando a Eternidade, na companhia de um Deus que me ama e que deu seu sangue por mim. Que eu possa retribuir esse chamado. Que eu possa ser uma ovelha exemplar desse rebanho que é a Igreja. Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.


  jesus bom pastor - Pesquisa Google | Jesus o bom pastor, Imagens ...
Jesus, o Bom Pastor

Batismo do Senhor - 09/01/2022

Is 42,1-4,6-7 Sl 28: " Que o Senhor abençoe, com a paz, o seu povo" At 10, 34-38 Lc 3, 15-16,21-22 Começamos com uma leitura do pr...