At 15,1-6, Sl 121, Jo 15,1-8
Ora, já me sinto novamente entristecido e novamente o trabalho (de física) é um tremendo peso. A única coisa que adicionei na rotina é uma (tentativa) de missa diária na paróquia que está celebrando com a porta fechada, não trancada. É impressionante o fato de que isso, essa benção maravilhosa, essa graça espetacular que surge numa época onde ninguém pode assistir missa, seja uma pedra de tropeço pra mim! A três semanas atrás eu chorava porque não tinha missas, a um mês atrás eu meditava acerca do quanto eu dei pouco valor pras missas diárias aqui de São Carlos, e agora que eu posso finalmente assistir missa de novo, e mais, agora que eu posso finalmente assistir novamente missa praticamente todo dia, eu me pego relutando em acordar cedo, em estragar a rotina ou qualquer coisa do tipo. É uma rotinazinha versus o presenciar o Santo Sacrifício do Altar e receber o Sacratíssimo Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo! Que mesquinharia! Que tentação! O primeiro passo é perceber que, independentemente do que eu fizer, a missa é mais importante, a missa deveria ser o centro da minha vida, receber o Cristo deveria ser o centro gravitacional ao redor do qual orbitam todas as outras coisas. Esse é o primeiro pressuposto do qual eu devo partir: relembrando o Evangelho do dia, devemos permanecer unidos a videira, senão não produziremos fruto nenhum. Permanecemos unidos pela fé, o fruto é a caridade, caridade que parte do amor a Deus, que só pode se realizar se se anseia pela união com o Filho Eterno em todos os momentos da vida.
Tomando como base livros como a Vida Intelectual de Sertillanges, se recomenda que a missa diária seja sempre a atividade primeira (cronologicamente) do dia. Buscarei, com a graça de Deus, buscar que seja assim todos os dias. Continuemos analisando a rotina, o ritmo de vida a luz do Evangelho.
Na minha vida, existem cinco tipos de obrigações. As de higiene (em lato sensu), como comer, tomar banho, escovar os dentes e usar o banheiro ; as "sociais", como brincar e cuidar de minha filha, dar comida pra ela, me relacionar com minha esposa, etc ; as religiosas, como ir a missa de manhã, ler e meditar sobre a liturgia diária, rezar o terço, ler a sagrada escritura com minha esposa, etc ; as intelectuais, no caso, estudar latim, tomismo e coisas do tipo e, por fim, as laborais, que tem a ver com tudo que faço no doutorado e também coisas como lavar a louça. Duas coisas são factuais: as obrigações "religiosas" são as mais importantes porque se tratam do contato, da busca pela amizade com Aquele que é o fim último mesmo de todas as outras atividades. O resto é subordinado. Ademais, não faz bem um cumprimento de tudo pelo cumprimento de tudo, onde o homem não está presente em momento algum, onde ele sempre se agita pensando na próxima coisa que tem que fazer e nunca para para refletir acerca de sua vida. Uma vida que não é examinada não vale a pena ser vivida. Desse modo, entendendo que o tempo parece insuficiente, entendendo que parece que a vida se torna um atropelo, talvez seja caso de, além de organizar melhor o que eu tenho feito, excluir aquilo que não é necessário. Existe algo assim na minha rotina? Não é tudo necessário? O examinar a vida, o dizer pra si mesmo e para Deus o porque fazemos cada coisa, o viver uma vida orgânica, uma vida alegre, não uma vida atomizada composta por uma colcha de retalhos, é isso que devemos almejar, é isso que devemos buscar, é isso que é "natural". Como fazer isso? Meu Senhor, tudo o que farei agora é voltar meus olhos e meu coração a Vós, de modo que Vós, que Sois o Verbo Eterno, o Logos que tudo ordena, possa também ordenar minha vida. Quero ordenar minha vida conforme a Vossa ordem! Quero que tudo em minha vida seja para melhor servir a Vós! Ajuda-me, Senhor, a me manter na videira, dando fruto em Vós. Ajuda-me a aceitar com paciência Vossa poda e, sobretudo, ajuda-me a viver uma vida alegre, uma vida feliz, pois deveria ser feliz quem busca viver na sua amizade. Por que me entristeço com o bem? Porque sou tão acidioso? Tende misericórdia desse pobre homem, Senhor.
Nossa Senhora de Fátima, que vieste ao mundo para pedir penitência e prever grandes desgraças nesse mundo descrente, rogai a Deus por nós, homens tão maus, co-responsáveis pela grande infidelidade, pela grande injustiça, pela grande maldade que há no mundo. Ajuda-me a ser bom, ó Santa Mãe. Trazei-me para mais perto de Deus. Ajuda-me a fazer "tudo quanto Ele vos disser".
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo, e Nossa Senhora de Fátima: ora pro nóbis.
Videira
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